Zezé Gonzaga, cantora da era do rádio, foi a voz mais tocada na Rádio Nacional

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Zezé Gonzaga, cantora da era do rádio

Intérprete era admirada por Villa-Lobos e Radamés Gnattali; para Guinga, era “um gênio”

 

ZEZÉ GONZAGA – (Foto: YouTube)

 

Zezé Gonzaga (Manhuaçu, 3 de setembro de 1926 – Rio de Janeiro, 24 de julho de 2008), cantora admirada por Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Radamés Gnattali (1906-1988).

 

A cantora Zezé começou a carreira como caloura do programa de Ary Barroso e logo se tornou uma das mais famosas intérpretes da chamada Era de Ouro do rádio brasileiro.

 

Nascida Maria José Gonzaga, na cidade mineira de Manhuaçu (a 290 km de Belo Horizonte, na Zona da Mata de Minas Gerais), ela morava no Rio desde a juventude – na cidade, consagrou-se e foi uma das mais requisitadas estrelas da fase áurea da Rádio Nacional.

 

Zezé Gonzaga começou a cantar aos 13 anos no interior de Minas, onde nasceu. Após se mudar para o Rio, na década de 40, virou caloura do programa de Ary Barroso e foi a voz mais tocada na antiga Rádio Nacional.

 

Fez parte do As Moreninhas do Ritmo, com Bidu Reis e Odaléia Sodré. Em sua carreira solo, marcou época como intérprete de Canção de Dalila e Óculos Escuros.

 

 

Zezé Gonzaga, cantora da era do rádio. Intérprete era admirada por Villa-Lobos e Radamés Gnattali – Projeto Pixinguinha 1979 (Foto: Funarte)

 

No início de 2008, por iniciativa do amigo, produtor, letrista e poeta Herminio Bello de Carvalho, foi lançado seu último disco, batizado “Entre Cordas”.

À Folha, por telefone, enquanto se dirigia ao velório realizado na Câmara de Vereadores do Rio, cidade em que Zezé se radicara a partir de 1945, Herminio, 73, lembrou que, para lançar o disco pela gravadora Biscoito Fino, teve que recorrer a seu acervo de gravações raras, pois ela já não manifestava muito interesse em ir para o estúdio.

Mesmo assim, por insistência do amigo, Zezé gravou duas canções e duas vinhetas para o trabalho. As demais faixas trazem interpretações em programas de TV que Herminio comandou entre 1983 e 2002. No repertório, dois temas de Villa-Lobos e “Amargura” (Radamés Gnattali/Alberto Ribeiro).

“Seu último disco é uma ode ao canto brasileiro. Era uma mulher fantástica, a grande mestra do canto brasileiro”, afirmou ele.

Amigo de décadas e grande admirador, o compositor e produtor Hermínio Bello de Carvalho esteve ao lado de Zezé até o fim. Foi Hermínio quem produziu ”Sou Apenas uma Senhora que Ainda Canta”, o primeiro disco solo e o penúltimo da carreira de 65 anos. O CD saiu em 2006, quando Zezé já estava com 76 anos.

Também foi ele o responsável pelo projeto de ”Entre Cordas”, o último trabalho de Zezé, lançado em fevereiro deste ano (são duas faixas gravadas para o CD e outras onze resgatadas de gravações antigas por Hermínio, em que ela é acompanhada por músicos como Baden Powell e Raphael Rabello).

Gravações perdidas
Para Herminio, material inédito de Zezé Gonzaga só existe no acervo da extinta TV Educativa (hoje da rede TV Brasil). Ele conta que fracassou na tentativa de obter a liberação das imagens e áudios de programas gravados com a cantora nas décadas de 70, 80 e 90.

“A TVE a devolveu ao anonimato. Eu não consegui os programas que fiz com ela. Dariam para fazer um belíssimo disco”, lamentou.

Autor (com o letrista Paulo César Pinheiro) de “Senhorinha”, canção de abertura de “Entre Cordas”, o compositor e cantor Guinga, 58, comoveu-se quando informado pela Folha da morte da amiga.

Entre soluços, Guinga disse considerá-la “um gênio, uma maravilha”.

“Eu conhecia Zezé havia muito tempo. Participei com ela das filmagens de “Brasileirinho” [documentário do finlandês Mika Kaurismäki sobre músicos e música brasileira lançado no ano passado nos cinemas do país], com “Senhorinha'”, contou ele.

A saúde de Zezé Gonzaga vinha piorando desde 2003, quando, em um teatro no Rio, caiu de uma escadaria. Na queda, feriu a boca gravemente e sofreu afundamento do osso esterno, na caixa torácica, o que, dizia, passou a atrapalhar sua respiração, especialmente ao cantar.

Perfeccionista, resolveu evitar gravações e shows, pois alegava dificuldades no canto.

Amigo de Zezé, o jornalista, escritor e letrista Sérgio Cabral, 71, definiu-a como “uma cantora encantadora”.

“Zezé era realmente uma grande cantora. Muito digna, muito cuidadosa nas músicas. Tinha um repertório maravilhoso.

Ela falava muito bem da época do rádio, das amigas cantoras. Era uma boa colega, uma pessoa de fácil convivência. A preferida de Radamés Gnattali”, disse Cabral.

Zezé Gonzaga morreu em no Rio de Janeiro, aos 81 anos, no Hospital Adventista Silvestre (zona sul). A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. A cantora completaria 82 anos no dia 3 de setembro.

Sem família -sua filha de criação morreu em 1999-, Zezé morava sozinha em um apartamento nas proximidades da praça da Bandeira (zona norte do Rio).

Foi hospitalizada dois dias antes de morrer, com um quadro grave de desnutrição, de acordo com amigos.

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – N° 19.148 – 24 de julho de 2018 – ALMANAQUE GAÚCHO – Hoje na História: 24 de julho / Por Ricardo Chaves – Pág: 40)

(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral – GERAL/ Por ROBERTA PENNAFORT, Agencia Estado – 24 Julho 2008)

(Fonte: http://musica.terra.com.br/noticias – DIVERSÃO – MÚSICA – 24 de julho de 2008)

(Fonte:  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – ILUSTRADA/ Por SERGIO TORRES DA SUCURSAL DO RIO – FOLHA DE S.PAULO – 25 de julho de 2008)

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