O Brasil no Conselho de Segurança

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O Brasil no Conselho de Segurança

Da guerra à integração

Altos e baixos da diplomacia em quase dois séculos de história

7 de setembro de 1822

Dom Pedro I proclama a independência do Brasil e paga 2 milhões de libras a Portugal

DOM PEDRO I (1798 – 1834) | (Foto: Nações do mundo/Divulgação)

DOM PEDRO I (1798 – 1834) | (Foto: Nações do mundo/Divulgação)

 

Depois da independência, dom Pedro I tinha uma linha: obter o reconhecimento do novo império diante da Europa. A intenção era até correta, mas o método foi um desastre: a diplomacia imperial saiu leiloando a independência nas cortes europeias, iniciando a dívida externa para pagar pelo reconhecimento. No século XIX, uma das principais questões diplomáticas brasileiras foi um longo conflito com a Inglaterra. Interessado em controlar o tráfego comercial do Atlântico, o império britânico quase pôs a pique a Marinha brasileira, que promovia o tráfico negreiro.

4 de setembro de 1850

Depois de três décadas de conflito com a Inglaterra, o Brasil decreta o fim do tráfico de escravos

13 de dezembro de 1864

Começa a Guerra do Paraguai, que acabará seis anos depois, com 250 000 mortes e o Paraguai destroçado

17 de novembro de 1903

O Barão de Rio Branco assina com a Bolívia o tratado de anexação do Acre

Ninguém marcou tanto a diplomacia do país como José Maria da Silva Paranhos, o barão de Rio Branco, que no início da República ficou dez anos no cargo atravessando quatro governos. Seu busto, sua imagem, suas memórias e medalhas estão todos no Itamaraty, onde recebe uma deferência só comparável à que o Exército devota a Caxias. No gabinete de Lampreia está a mesa em que o barão assinou com a Bolívia a anexação do Acre, em 1903.

Rio Branco tinha uma política externa. Em sua concepção, “Terra é poder” – e o fundamental, para o país, era demarcar fronteiras. Na ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas entendia que a chave do interesse nacional estava na industrialização e, mesmo emparedado pelo jogo pesado das potências da época, conseguiu pôr em prática uma política externa que mudou o país, ora privilegiando os Estados Unidos, ora acenando em direção a Berlim. Assim, fez o governo americano desembolsar o dinheiro para a construção da siderúrgica de Volta Redonda, alavanca da industrialização.

 

José da Silva Paranhos Júnior ficou conhecido como o Barão do Rio Branco, foi um dos maiores diplomatas da história brasileira

José da Silva Paranhos Júnior ficou conhecido como o Barão do Rio Branco, foi um dos maiores diplomatas da história brasileira (Foto: Reprodução)

 

26 de outubro de 1917

O Brasil declara guerra à Alemanha e torna-se o único país sul-americano a participar da I Guerra Mundial

 

10 de junho de 1926

Depois de tentar uma cadeira permanente no Conselho da Liga das Nações, o Brasil sai derrotado e abandona a entidade

Conselho da Liga das Nações (Foto: DefesaNet/Divulgação)

Conselho da Liga das Nações (Foto: DefesaNet/Divulgação)

 

A diplomacia brasileira protagonizou um desastre inesquecível, quando alimentava ambição na década de 20. Disposição do governo em exibir certa capacidade militar – um dos requisitos para entrar no conselho. Depois da I Guerra Mundial, o presidente Artur Bernardes (1875-1955) colocou na cabeça que queria colocar o país na condição de membro permanente do Conselho da Liga das Nações, a ONU da época. Armou uma quizumba internacional, defendeu a candidatura brasileira com argumentos delirantes e chegou a vetar o ingresso da Alemanha na entidade. Acabou sem a cadeira e, desmoralizado, abandonou a entidade três meses depois.

 

Artur Bernardes (Foto: Reprodução/Domínio Publico)

Artur Bernardes (Foto: Reprodução/Domínio Publico)

 

2 de julho de 1944

A Força Expedicionária Brasileira embarca para a Europa para participar da II Guerra Mundial

20 de outubro de 1947

O Brasil rompe relações com a URSS

13 de março de 1961

John Kennedy lança a Aliança para o Progresso

John Kennedy (Foto: Jornal Açores 9)

John Kennedy (Foto: Jornal Açores 9)

31 de janeiro de 1962

Cuba é expulsa da OEA. O Brasil se abstêm.

Maio-Agosto de 1965

Castello Branco envia tropas para apoiar o golpe militar na República Dominicana

Castello Branco (Foto: Reprodução)

Castello Branco (Foto: Reprodução)

 

15 de agosto de 1974

No governo de Ernesto Geisel, o Brasil reconhece a China popular

O governo que foi capaz de definir uma política externa de modo claro, e empenhar-se por ela, foi o de Ernesto Geisel. O Brasil tinha um projeto de desenvolvimento e a política externa foi colocada a seu serviço. Convencidos de que o país pouco tinha a ganhar mantendo-se sob uma forte influência dos Estados Unidos, Geisel e seu chanceler, Azeredo da Silveira (1917-1990), com a ajuda do embaixador Ítalo Zappa (1926-1997) definiram a “política universalista”, por meio da qual o Brasil se abria para o mundo e desconsiderava fronteiras da Guerra Fria.

O Brasil tornou-se o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, reconheceu a China Popular quase três décadas depois da revolução de 1949 – foi um dos últimos da América Latina a fazer isso -, assinou o acordo nuclear com a Alemanha, que chegou a ser o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil. Geisel também visitou o Japão, inaugurando uma fase de laços comerciais mais amplos que, nos quinze anos seguintes, renderiam ao país vendas de 10 bilhões de dólares.

 

Ernesto Geisel

Ernesto Geisel

 

27 de junho de 1975

Alemanha e Brasil assinam o acordo nuclear

10 de novembro de 1975

O Brasil é o primeiro país a reconhecer a independência de Angola

14 de junho de 1986

O Brasil reata relações com Cuba

26 de setembro de 1994

O chanceler Celso Amorim informa que o Brasil é candidato a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU

Celso Amorim (Foto: Portal Fórum/Reprodução)

Celso Amorim (Foto: Portal Fórum/Reprodução)

 

1° de janeiro de 1995

Começa o Mercosul, que reúne o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai

Primeiro ex-chanceler na História a assumir a Presidência da República, Fernando Henrique faz boa figura entre os líderes mundiais, onde o Palácio do Planalto mostrou que o eleitorado aplaude as viagens presidenciais.

(Fonte: Veja, 13 de março de 1996 – ANO 29 – Nº 11 – Edição 1435 – GOVERNO/ Por André Petry – Pág: 36/39)

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