Willy Brandt, ex-primeiro-ministro alemão e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1971

0
Powered by Rock Convert

No dia 28 de setembro de 1969, Willy Brandt é eleito o primeiro chanceler federal social-democrata da Alemanha do pós guerra.

Willy Brandt em 1987

Willy Brandt em 1987 (Foto: Divulgação)

Willy Brandt (Lübeck, 18 de dezembro de 1913 – Unkel, 8 de outubro de 1992), ex-primeiro-ministro alemão e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1971 por sua Ostpolitik, a détente com a Europa Oriental, então comunista. Um dos gigantes da História moderna europeia, Brandt deu impulso decisivo à reabilitação internacional da Alemanha depois dos horrores do nazismo e da II Guerra.

Primeiro chanceler federal social-democrata pós-guerra, Willy Brandt, laureado com o prêmio Nobel da Paz de 1971, destacou-se pela aproximação com o Leste Europeu durante a Guerra Fria.

Herbert Ernst Karl Frahm nasceu a 18 de dezembro de 1913 em Lübeck, no norte da Alemanha. Com 18 anos, filiou-se ao Partido Socialista Trabalhista (SAP). Após a ascensão dos nazistas ao poder, em 1933, emigrou para a Noruega e, por razões de segurança, adotou o codinome Willy Brandt, que assumiu oficialmente em 1949.

Quando obteve a cidadania norueguesa, no ano de 1940, a invasão da Noruega pelas tropas alemãs o obrigou a fugir para a Suécia. Depois do final da Segunda Guerra Mundial, retornou à Alemanha para escrever reportagens sobre os julgamentos de Nurembergue. A partir de 1947, trabalhou como adido de imprensa na representação da Noruega em Berlim.

Após receber de volta a cidadania alemã, em 1948, retomou a carreira política no Partido Social Democrata (SPD), cuja vice-presidência assumiu na cidade de Berlim Ocidental. Entre 1949 e 1957, Willy Brandt esteve no Bundestag, o Parlamento alemão. Ainda em 1957, assumiu a prefeitura de Berlim, cargo que ocupou até 1966. Entre 1964 e 1987, foi presidente do SPD e, depois, presidente de honra do partido.

Confrontado com o ultimato soviético a Berlim Ocidental em 1958 e a construção do Muro, em 1961, Brandt começou a projetar-se no cenário político internacional.

Em 1966 foi ministro das Relações Exteriores no governo de coligação com os democrata-cristãos, chefiado por Kurt Georg Kiesinger (1966-1969). A meta de Brandt foi melhorar as relações com os vizinhos do Leste Europeu, isolados atrás da Cortina de Ferro.

Aproximação com o Leste

Em 1969 foi eleito chanceler federal, tornando-se o quarto chefe de governo da Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial. Com o apoio de seu ministro do Exterior, Walter Scheel, prosseguiu a “política da mudança através da aproximação”. Ao ficar de joelhos no Gueto de Varsóvia, em 1970, e fazer uma visita a Israel em 1973, comoveu o mundo.

Nos meses de março e maio de 1970, participou de dois encontros interalemães, que serviram de base para a normalização das relações entre a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA).

Em agosto e em dezembro do mesmo ano, seguiram as assinaturas dos tratados de Moscou e de Varsóvia, precursores dos acordos entre as quatro potências, em 1971; do acordo-base de relacionamento entre os dois Estados alemães (1972); e do acordo teuto-checo, de 1973. Esta política conciliadora lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz em 1971.

Em 1974, Willy Brandt renunciou ao cargo em consequência de um caso de espionagem. Mas continuou ativo na política internacional: entre 1979 e 1983, foi membro do Parlamento Europeu; de 1976 a 1992, presidente da Internacional Socialista e, entre 1977 e 1989, da Comissão Norte-Sul.

Nascido como Herbert Karl Frahm, filho de mãe solteira, em 1913, refugiou-se na Noruega (onde cunhou o pseudônimo de Willy Brandt) em 1933, quando Hitler tomou o poder, só retornando em 1945. Líder do Partido Social-Democrata, foi escolhido primeiro-ministro em 1969. Renunciou em 1974, depois que seu secretário foi desmascarado como espião alemão-oriental. Casou três vezes, a última com Brigitte Seebacher, 33 anos mais jovem.

Brandt morreu no dia 8 de outubro, 1992, aos 78 anos, de câncer, em sua casa em Unkel, ao sul de Bonn na Alemanha.

(Fonte: Veja, 14 de outubro de 1992 – ANO 25 – Nº 42 – Edição 1257 – Datas – Pág; 92)

(Fonte: http://www.dw.com/pt-br – Deutsche Welle – NOTÍCIAS – CALENDÁRIO HISTÓRICO – 8 de outubro de 1992)

(Fonte: http://noticias.terra.com.br – 1992: Morre o ex-chanceler alemão Willy Brandt – NOTÍCIAS – 8 OUT 2015)

Deutsche Welle

 

 

 

 

 

 

Willy Brandt, ex-primeiro-ministro alemão. Ganhador do Prêmio Nobel da Paz por conduzir a política de aproximação com o então bloco comunista.

(Fonte: Veja, 16 de setembro de 1992 -– Edição 1252 -– Datas –- Pág; 93)

 

 

 

 

Caso de espionagem derruba chanceler

O chanceler alemão Willy Brandt renunciou à função em decorrência do episódio de espionagem no qual estava envolvido um de seus assessores. Gunther Guillaume foi descoberto agindo no núcleo do governo.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – N° 17.740 – HÁ 40 EM ZH – 7 de maio de 1974 2014 – Pág: 44)

 

 

 

 

 

 

 

1970: Brandt de joelhos em Varsóvia

Em 7 de dezembro de 1970, o chanceler federal alemão, Willy Brandt, cai de joelhos diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia. Um gesto que ajudaria a normalizar as relações entre Alemanha Ocidental e Polônia.

Ao se ajoelhar diante do Memorial aos Heróis do Gueto de Varsóvia, em 7 de dezembro de 1970, o então chanceler federal alemão, Willy Brandt (1913-1992), protagonizou um gesto que entraria para a história como um símbolo da busca alemã pela reconciliação no pós-Guerra.

“Sempre me perguntaram o que eu queria com esse gesto, se ele havia sido planejado. Não, ele não foi”, escreveu Brandt anos mais tarde em suas memórias.

Os nazistas haviam encurralado meio milhão de judeus no Gueto de Varsóvia. Até que em abril de 1943 aconteceu o levante, reprimido violentamente pelas tropas de Hitler. Poucos sobreviventes restaram para contar a história.

O cair de joelhos do chefe de governo Willy Brandt (o primeiro chanceler social-democrata do pós-Guerra) e o silêncio que se seguiu – interrompido apenas pela chuva de flashs fotográficos – repercutiram no mundo como um símbolo de arrependimento, pedido de perdão e tentativa de reconciliação da Alemanha.

Dentro do país, entretanto, Brandt foi até xingado. Grande parte da população considerou a atitude exagerada. Os conservadores chegaram a xingá-lo de traidor e entreguista, de estar entrando no jogo dos soviéticos, que pretendiam açambarcar também o lado ocidental da Alemanha. Brandt, por seu lado, justificou que seu gesto foi completamente espontâneo, levado pela consternação de não poder expressar em palavras o que sentia no momento.

Para muitos, a derrocada da Cortina de Ferro começou com o sindicato Solidariedade na Polônia e a queda do Muro de Berlim, em 1989. O primeiro embaixador polonês na Alemanha reunificada, Janusz Reiter, por seu lado, considera que a partir de 1989 começou uma nova era política, semeada em 1970 com a reconciliação teuto-polonesa.

Acordo de normalização de relações

Vinte e cinco anos depois do final da 2ª Guerra, a viagem de Brandt à Polônia de regime comunista foi um tema extremamente controvertido na Alemanha. O objetivo era a assinatura do tratado de normalização das relações entre os dois países, que seria seguido de um acordo no mesmo sentido entre a Alemanha e a União Soviética.

Um dos aspectos importantes do Acordo de Varsóvia consistia no reconhecimento pelo governo de Bonn da fronteira ao longo da linha formada pelos rios Oder e Neisse. Um duro golpe para milhões de alemães desterrados que moravam ali antes da guerra.

A coragem e espontaneidade de Willy Brandt naquele 7 de dezembro de 1970 foram apenas um dos motivos que lhe valeram o Prêmio Nobel da Paz do ano seguinte. Um caso de espionagem em seu gabinete causou sua renúncia, em 1974. Na opinião de John Dew, autor de um projeto da peça A Queda de Joelhos em Varsóvia, Brandt tornou-se figura-guia na história do pós-guerra, por ter expressado o desespero, a tristeza e a sensação de impotência das pessoas naquela época. Brandt teve visão e esta visão ajudou a superar a Guerra Fria”, conclui Dew.

(Fonte: http://noticias.terra.com.br – 1970: Brandt de joelhos em Varsóvia – NOTÍCIAS – 7 DEZ 2015)

Deutsche Welle

 

 

 

1973: Willy Brandt em Israel

No dia 7 de junho de 1973, o então chanceler federal alemão Willy Brandt chegou a Israel para sua primeira visita oficial ao país.

Estadista aproveitou para pescar no Mar da Galileia

Estadista aproveitou para pescar no Mar da Galileia

 

“Todos aqui hão de me entender, se eu disser que as relações teuto-israelenses têm um caráter especial e que esta característica não mudará nunca. Para nós, não poderá haver neutralidade de coração e de consciência”. Foi o que declarou o ex-chanceler federal alemão Willy Brandt diante do Parlamento Europeu em novembro de 1973. Com esse discurso, ele rejeitou todas as tentativas de caracterizar as relações entre as Alemanha e Israel como “normais e rotineiras”.

 

O atual Estado de Israel foi criado oficialmente a 14 de maio de 1948, três anos após a derrota do nazismo. Ele tem sua origem no sionismo – movimento surgido na Europa, no século 19, que pregou a criação de um país onde os judeus pudessem viver livres de perseguições. É também o representante legal das vítimas do Holocausto. Na sua fundação, ninguém podia imaginar que um dia Israel pudesse manter relações diplomáticas com a Alemanha, que exterminou seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial.

Reparação de danos

Quatro anos mais tarde (em 1952), porém, o então chanceler federal alemão Konrad Adenauer e o fundador de Israel, David Ben Gurion, já assinaram um acordo, importante no caminho da aproximação entre os dois países. Tratou-se do acordo de reparação dos danos causados aos judeus. Embora evitassem visitas oficiais, os dois estadistas mantinham estreitas relações pessoais e tiveram um primeiro encontro histórico a 14 de março de 1960, no Hotel Waldorf Astoria, em Nova York. Somente após sua renúncia em 1963, Adenauer visitou Israel. Em “caráter particular”, Ben Gurion participou do enterro do ex-chanceler alemão, em 1967.

Golda Meir (Foto: Divulgação)

Golda Meir (Foto: Divulgação)

 

As relações diplomáticas somente foram reatadas em 1965, no governo de Ludwig Erhard (1963-1967). Diante da reação crítica do mundo árabe, inicialmente ainda foram evitadas visitas mútuas dos chefes de Estado. Finalmente, a 7 de junho de 1973, o líder social-democrata Willy Brandt, acompanhado pelo escritor Günther Grass, realizou sua primeira viagem oficial a Israel, então governado por Golda Meir (1998-1978). Brandt foi recebido com todas as honras e sua agenda não divergiu da de outros chefes que visitassem oficialmente Israel.

Um dos principais assuntos das conversações de Brandt foi a crise e ameaça de guerra na região. “O conflito no Oriente Médio talvez nos toque mais do que outros. É um apelo à nossa séria responsabilidade”, disse. Para ele, o fato de um governo alemão se interessar especialmente pela paz na região era uma obviedade. Brandt, porém, teve o cuidado de não tomar partido, ressaltando que a Alemanha não tinha qualquer legitimação para atuar como intermediadora no conflito. “Somos a favor de uma solução pacífica, negociada e aceita pelas partes diretamente envolvidas”, disse.

Golda Meir não pôde retribuir visita

A visita de Willy Brandt contribuiu decisivamente para a melhoria das relações entre a Alemanha e Israel, mas não para a pacificação do Oriente Médio. Poucos meses depois, em outubro de 1973, eclodiu a Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Num ataque de surpresa, o Egito e a Síria avançaram no Sinai e em Golã, de onde só foram expulsos depois de muito esforço por Israel. Em consequência da guerra, a primeira-ministra Golda Meir foi obrigada a renunciar, em 1974, sem ter podido retribuir a visita de Brandt, o que seria feito por seu sucessor, Yitzhak Rabin, em 1975.

A viagem de Rabin à Alemanha foi o passo seguinte rumo à normalização das relações entre a Alemanha e Israel. Mesmo assim, até hoje não se pode falar de uma “normalização definitiva”, como já ressaltou Brandt em 1973: “As relações teuto-israelenses – e isso eu quero sublinhar – precisam ser vistas diante do sombrio pano de fundo do regime de terror nazista. E é exatamente nisso que pensamos quando dizemos que as nossas relações normais têm um caráter especial”, concluiu Brandt.

(Fonte: http://www.dw.com/pt – Deutsche Welle – NOTÍCIAS – CALENDÁRIO HISTÓRICO/ Por Peter Philipp – 7 de junho)

1971: Willy Brandt ganhava o Nobel da Paz

Em 20 de outubro de 1971, o Comitê do Nobel anunciou a escolha do então chanceler federal alemão, Willy Brandt, para o Nobel da Paz, pela sua política de reconciliação com o Leste Europeu.Em seu livro de memórias Erinnerungen, Willy Brandt dedicou pouco espaço ao recebimento da importante premiação. Apenas um parágrafo trata da homenagem prestada na Universidade de Oslo: “Em dezembro de 1971, recebi em Oslo o Prêmio Nobel da Paz – um reconhecimento que me sensibilizou”.

Organizar a paz na Europa e manter a paz mundial foram os grandes objetivos da política externa do governo social-liberal de Brandt. Ao receber o prêmio em 10 de dezembro daquele ano, o líder social-democrata ressaltou mais uma vez os fundamentos de seu trabalho: “Distensão, cooperação entre os povos, redução de tropas e controle de armamentos, parceria com os até agora desfavorecidos, proteção conjunta contra o perigo comum da derrocada – isso tem de ser possível, nisto temos de trabalhar”.

Fazia parte das convicções de Brandt que, para poder mudar a realidade, era preciso partir dos fatos postos. Não reconhecer que após a Segunda Guerra surgiram duas Alemanhas só seria permissível àqueles não atingidos pela divisão. Por isso, já em sua declaração de governo, o chanceler federal ressaltara: “É preciso impedir que a nação alemã continue vivendo separada. Ou seja, temos de tentar uma convivência de vizinhos para chegarmos a uma convivência entre alemães. E isto não apenas em nome do interesse da Alemanha, mas da paz na Europa e da relação Leste-Oeste”.

A nova política de Brandt para o Leste era de pequenos passos e visava à conquista gradual da confiança dos países do Leste Europeu, para enfim dissolver o engessamento das relações entre as Alemanhas Ocidental e Oriental.

Se os dois Estados alemães quisessem o reconhecimento incontestável das fronteiras na Europa, o assunto não poderia ser resolvido sem o envolvimento da União Soviética, devido a seus direitos resultantes do Acordo de Potsdam. Por essa razão, o governo soviético foi o primeiro interlocutor de Brandt.

Renúncia à violência

A 12 de agosto de 1970, finalmente se concluiu um tratado. Em dezembro de 1970, ou seja, quase um ano antes de sua escolha para o Prêmio Nobel da Paz, Bonn e Varsóvia igualmente acertavam um tratado. Ambos os documentos tornaram-se núcleo do acordo de renúncia à violência. Passos decisivos para um tratado interalemão foram também as visitas em 1970 do chanceler Willy Brandt à Alemanha Oriental e a do primeiro-ministro desta, Willi Stoph, à Ocidental.

O primeiro encontro ocorreu em 19 de março de 1970, em Erfurt, onde o líder social-democrata foi recebido entusiasticamente pela população. Dois meses depois, uma delegação alemã-oriental iria a Kassel. A troca de visitas não trouxe resultados concretos, mas demonstrou que os dois Estados alemães estavam dispostos a se comunicar diretamente.

Discurso em Oslo

“Se no balanço de minha atuação constar que eu ajudei a abrir caminho para um novo senso de realidade na Alemanha, então eu terei cumprido uma das esperanças de minha vida”, discursou o chanceler federal em Oslo.

A oposição conservadora da Alemanha via pouco senso de realidade na política do governo. Para ela, o chanceler federal praticava uma “política de panos quentes”, menosprezando o caráter ditatorial do outro Estado alemão.

A premiação com o Nobel da Paz deixava claro, portanto, que no exterior era muito maior o reconhecimento da iniciativa de Brandt pela admissão da realidade de dois Estados alemães e o consequente esforço de convivência pacífica entre ambos.

(Fonte: https://noticias.terra.com.br – NOTÍCIAS – 20 de outubro de 2016)

Deutsche Welle

Powered by Rock Convert
Share.