Robert Frank, considerado um dos fotógrafos documentais mais influentes de todos os tempos, ícone da fotografia documental e autor do livro fotográfico ‘The Americans’

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Robert Frank escancarou o lado trágico do sonho americano

 

Foi um dos fotógrafos mais influentes do século 20

 

 

O fotógrafo Robert Frank, considerado um dos mais influentes do século XX. (Foto: Taylor Hill/Getty Images)

 

 

Nascido na Suíça, se mudou para os EUA, onde desenvolveu ‘The Americans’, sua mais famosa série

 

Fotógrafo foi responsável por ‘The Americans’, que será sempre lembrada como uma obra-prima

 

 

Fotógrafo Robert Frank, ícone da fotografia documental e autor do livro fotográfico ‘The Americans’. (Foto: DIREITOS RESERVADOS)

 

 

Ícone da fotografia documental e autor do livro fotográfico ‘The Americans’

 

Fotógrafo, peregrino e forasteiro, autor de ‘The Americans’, retrato dos Estados Unidos dos anos cinquenta

 

 

 

Robert Frank (Zurique, Suíça, 9 de novembro de 1924 – Inverness, Nova Escócia, 9 de setembro de 2019), considerado um dos fotógrafos documentais mais influentes de todos os tempos.

 

 

O fotógrafo foi um dos mais influentes do século XX, é uma das grandes referências da fotografia documental e autor do livro “The Americans (Os Americanos)” (1958). O trabalho The Americans, um conjunto de imagens em preto e branco de suas viagens pelos Estados Unidos onde desenvolveu seu mais famoso trabalho nos anos cinquenta, é sua obra mais importante.

 

 

 

Funeral em St.Helena, na Carolina do Sul, em 1955, de ‘The Americans’. (Foto: ROBERT FRANK)

 

 

Frank nasceu em novembro de 1924, na Suíça, chegou à Big Apple aos 23 anos, e começou a estudar fotografia em 1941. Em 1947, viajou para os Estados Unidos, onde foi contratado para fazer fotografias para a revista Harper’s Bazaar. Entre 1950 e 1955, trabalhou para diversas revistas de moda. Entre 1955 e 1956 viajou pelos Estados Unidos fazendo fotos que resultaram em seu famoso livro, que influenciou gerações de fotógrafos.

Tinha 31 anos quando, incentivado por Walker Evans e com uma bolsa de estudos Guggenheim, se pôs a percorrer os Estados Unidos em um Ford Coupe. Nove meses, 10.000 milhas, 30 Estados, 767 carretéis e 27.000 imagens dariam forma a The Americans. “Depois de ver essas fotos, você acaba não sabendo se uma jukebox é mais triste que um caixão”, escreveu Jack Kerouac na versão norte-americana do livro. Frank dissecou o país com o olhar impoluto de um estrangeiro. Uma visão profunda e poética que revelou o que estava escondido atrás do sonho americano: a alienação, a injustiça, as diferenças sociais e raciais, a solidão e a tristeza. E fez isso usando uma linguagem nunca antes vista. Marcou um antes e um depois na fotografia.

“Aquela viagem me fez gostar da América”, diria o fotógrafo que em 1963 obteve a nacionalidade norte-americana. No entanto, essa reação não se fez esperar. Não só foi acusado de ser antiamericano, como também de antifotógrafo. Aquela maneira tão pessoal de olhar, metafórica e ao mesmo tempo real, desafiava a visão simplista e transparente que a fotografia documental do momento defendia. O uso de desfocagens, de sobre e subexposição, de filmes com granulação, de cópias contrastadas e de cortes radicais, se opunham aos padrões de qualidade técnica e estética e davam à sua fotografia aquele toque cru, ambíguo e chocante, que o autor estava buscando. Queria capturar de imediato o espectador, mas também deixá-lo com tantas perguntas quanto respostas.

A América era a terra prometida para esse jovem judeu que deixou para trás o conforto de uma família abastada que abrigava uma pequena coleção de arte do século XIX. A Suíça se tornara pequena e chata para ele quando dava os primeiros passos na fotografia como aprendiz do fotógrafo Hermann Segesser. Trabalharia como fotógrafo comercial e produziria seu primeiro livro, 40 Fotos, que lhe serviu como apresentação ao prestigiado diretor de arte Alexey Brodovich quando, em 1947, chegou a Nova York. Brodovich o contrataria como fotógrafo assistente da Harper’s Bazaar. Lá, conheceu Louis Faurer, com quem dividiu quarto escuro, negando as imposições comerciais impostas a eles nas revistas para as quais colaboravam, incluindo a Life. Viajou pela Bolívia e Peru. No início dos anos cinquenta, percorreria a Europa, passaria quatro meses em Valência instalado na Malvarrosa, treinando aquele “olho frio” que definiria The Americans. Sua arte não admitiria concessões.

“Por que você anda com essa gente, Robert?”, perguntava Walker Adams quando convidava o fotógrafo para seu apartamento no Upper East Side, “eles realmente não têm classe”. Referia-se aos poetas beats Kerouac, Gingsberg e Corso, com quem passou a se relacionar em meados dos anos cinquenta. Instalado na Tenth Street com sua mulher, Mary, e seus dois filhos, compartilharia experiências e preocupações artísticas com aquele amálgama de artistas iconoclastas (entre os quais também estavam os expressionistas abstratos) que frequentavam o bairro em busca de novas formas de expressão.

The Americans foi publicado em 1958 na França. Levaria quase uma década para se tornar um dos livros fundamentais de fotografia da segunda metade do século XX. No início dos anos sessenta, quando seu nome começava a ser ouvido, Frank já se dedicava totalmente ao cinema. Seu primeiro filme, Pull My Daisy, dirigido com o pintor Alfred Leslie, tinha roteiro narrado e escrito por Kerouac. Sua obra underground, que abarca mais de 30 títulos, desafiaria todos os cânones cinematográficos, mas desta vez não encontrou o reconhecimento desejado. Entre seus colaboradores mais destacados estão Sam Shepard como roteirista, e William Borroughs, Allen Gingsberg e Joe Strummer como atores. Sua obra mais célebre, e curiosamente menos vista, viria com os Rolling Stones em 1972, Cocksukers Blues. Convidado pelo grupo em uma de suas turnês, a banda foi filmada em situações tão explícitas que ninguém gostaria de mostrar. Os Stones limitariam sua exibição.

 

Desde a década de 1970, Frank se dividia entre Nova Scotia e Nova York e seguia fotografando.

 

 

Visitantes observam a mostra do livro “The Americans”, em Nova York, em dezembro de 2015. — (Foto: Bryan Thomas / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP)

 

 

Ícone da fotografia do século XX, o americano de origem suíça Robert Frank, surpreendeu com seu livro fotográfico “The Americans” (1958), que teve profunda influência nas gerações seguintes.

 

 

Transformado em um clássico, verdadeiro manifesto contra os valores tradicionais, é o trabalho de um homem afiado que questionou e redefiniu os limites da imagem ao longo de sua carreira.

 

 

Rejeitado pelas editoras americanas, foi lançado primeiro na França, em 1958, pela editora Robert Delpire. Reúne 83 fotografias de mais de 28.000 (700 filmes) tiradas pelo autor durante uma longa viagem por 48 estados americanos.

 

 

O livro está alinhado com a Geração Beat, movimento literário e artístico, onde o instinto prevalece sobre os fundamentos das técnicas de fotojornalismo. As fotos são como se fossem tiradas, e não mais emolduradas.

 

 

“Tentei esquecer as fotos fáceis para tentar trazer algo do interior”, explicou o autor, que prestigiava o senso de imediatismo e a ênfase no ponto de vista do fotógrafo.

 

 

A obra foi lançada nos Estados Unidos em 1959, com prefácio do escritor Jack Kerouac, autor do famoso romance “On the road”. É bem recebido: deprimente e subversivo, revela o lado sombrio do “sonho americano” – pobreza, segregação, desigualdades e solidão.

 

 

Como Kerouac e outros escritores da Geração Beat, Robert Frank havia embarcado em uma aventura, para o Oeste, ao longo da famosa Rota 66, com sua Leica pendurada no ombro. Entre abril de 1955 e junho de 1956, fotografou socialites de Nova York, lanchonetes, estradas, negros nos campos, drive-ins e assim por diante. Assim surgiu a reportagem subjetiva.

“Frank estava produzindo um sentimento por imagens”, disse Walker Evans, outro grande da fotografia, conhecido por seu trabalho sobre a Grande Depressão (por volta dos anos 1930) e que iria influenciar bastante Frank.

 

 

 

Medo de se repetir

 

 

 

Nascido em uma família de industriais judeus alemães, Robert Frank se apaixonou pela fotografia desde muito jovem, trabalhando em laboratórios em Zurique e na Basileia a partir de 1940.

 

 

Em 1947, partiu para os Estados Unidos, onde passou a trabalhar como fotógrafo de moda e repórter em revistas como Fortune, Life ou Harper’s Bazaar. Rapidamente, dá-se conta de que esse mundo badalado e de riqueza não é para ele.

 

 

Então viaja, primeiro pela América Latina, depois pela Europa, principalmente França, Paris, que ele adora. Em 1953, retorna para Nova York. Recusando pedidos de revistas, obtém uma bolsa da Fundação Guggenheim, que lhe deu a liberdade de fazer seu trabalho como quisesse. Assim começa a aventura dos “Americanos”.

 

 

Em 1961, ele apresenta sua primeira grande exposição em Chicago, seguida por muitas outras.

 

 

Apesar de tudo, decide abandonar a fotografia pelo cinema: com o sucesso, diz ele, tem medo de “se repetir”.

 

 

Seu primeiro filme, “Pull My Daisy”, foi lançado em 1959, com Delphine Seyrig. Marcará, entre outros, o diretor John Cassavetes.

 

 

A década de 1970 foi de dificuldades: separado de sua esposa, com quem teve dois filhos, mudou-se com sua segunda mulher para um canto remoto da Nova Escócia, no Canadá. Sua filha morre em 1974 em um acidente de avião na Guatemala, enquanto seu filho mergulha em uma doença mental (ele se suicidou no início dos anos 1990).

 

 

Isso não o impede de desenvolver experimentações formais em torno da imagem. Dirigirá 20 filmes ao todo (incluindo curtas-metragens, ou clipes), inspirados em arte, rock, escrita, filhos e viagens, como “This Song for Jack” (1983), “Candy Mountain” (1987), ou “Paper Route” (2002).

 

 

Retorna mais ou menos à fotografia por meio da edição de instantâneos, trabalhando em negativos, ou polaroids.

 

 

“Destruo o que é descritivo nas fotos para mostrar como quero”, resumiu.

 

 

 

 

 

 

 

 

Fugindo da fama a que The Americans o alçou, no início dos anos 70 Frank se estabeleceu em uma remota vila da Nova Escócia, Canadá, com June Leaf, sua segunda mulher. Em 1971, retomaria a fotografia com uma série autobiográfica, The Lines of My Hand. Começou a experimentar Polaroids e incorporou colagem e texto em seus trabalhos. A morte de seus dois filhos: Andrea em um acidente de avião e Pabl, em um hospital psiquiátrico, deu à sua obra um tom mais angustiante e pessoal, que explorava a perda, a memória, a mudança e a continuidade. “Meu trabalho parou de lidar com aquilo que eu via para lidar com o que eu sentia”, diria o autor.

Assim, sua vida ultrapassou os limites das convenções, como o eterno forasteiro que transita pelos caminhos solitários da arte. O coração como uma bússola; a câmera como uma bengala. “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”, costumava dizer Frank, citando Saint-Exupéry.

 

 

Em 2014, o crítico Sean O’Hagan, escreveu ao The Guardian que “’The Americans’ mudou a natureza da fotografia, o que ela poderia dizer e como ela poderia dizer. Talvez ele permaneça como o mais influente livro de fotografia do século 20.”

Em 2017, o Instituto Moreira Salles recebeu a mostra “Os americanos” do artista no Brasil, com 83 fotografias da obra de Frank.

 

Robert Frank faleceu em 9 de setembro de 2019, aos 94 anos, em Inverness, uma pequena região na província canadense da Nova Escócia.

(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/09 – ILUSTRADA / Por Daigo Oliva / SÃO PAULO – 10.set.2019)

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2019/09/10- POP & ARTE / NOTÍCIA / Por G1 – 10/09/2019)

(Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/10/cultura – BRASIL / CULTURA / Por GLORIA CRESPO MACLENNAN Madri – 10 SET 2019)

(Fonte: https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida – ESTILO DE VIDA / Por AFP – 10 set 2019)

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