Qasem Soleimani, general iraniano, era um dos homens mais poderosos do Irã, muito próximo do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei

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Qasem Soleimani, general iraniano, ganhou poder nos últimos 40 anos

 

 

 

Qasem Soleimani (Qanat-e Malek, Kerman, Irã, 11 de março de 1957 – Bagdá, Iraque, 3 de janeiro de 2020), general iraniano, era um dos homens mais poderosos do Irã, jovem revolucionário a estrategista e operador do poderio iraniano no Oriente Médio.

 

Soleimani, liderou as operações militares iranianas no Oriente Médio como comandante da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã. O major-general Qasem Soleimani era visto como a segunda pessoa mais poderosa do Irã, depois do aiatolá Khamenei.

 

O major-general liderava desde 1998 a Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, e era apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país.

Ele ganhou os holofotes nos últimos anos após uma vida inteira nas sombras, dirigindo operações secretas para alcançar fama e popularidade no Irã, se tornando objeto de documentários, reportagens e até músicas pop.

Soleimani era visto como o mentor dos planos mais ambiciosos do Irã no Oriente Médio, e como o verdadeiro ministro das Relações Exteriores do país em questões de guerra e paz.

Desde 1998, Soleimani liderava a Força Quds — unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã, que administra operações clandestinas no exterior.

A influência da Força Quds pode ser observada nos conflitos na Síria, onde aconselhou as forças leais ao presidente Bashar al-Assad e armou milhares de milicianos xiitas muçulmanos lutando ao lado deles, e no Iraque, onde apoiou um grupo xiita paramilitar que ajudou a combater o Estado Islâmico.

Esses conflitos transformaram o outrora recluso general Soleimani em uma espécie de celebridade no Irã.

 

 

Ele é considerado como principal arquiteto da guerra do presidente Bashar al-Assad na Síria, do conflito em curso no Iraque, da luta contra o Estado Islâmico e de muitas outras batalhas.

 

 

 

Do passado pobre ao alto comando

 

 

Acredita-se que Soleimani venha de uma família pobre e tenha recebido muito pouca educação formal.

 

 

Ele fez seu nome durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), subindo rapidamente na hierarquia da Guarda Revolucionária do Irã, até assumir um posto de comando. E, segundo consta, se tornou próximo do líder Supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

 

 

Após se tornar chefe da Força Quds em 1998, Soleimani tentou ampliar a influência do Irã no Oriente Médio, realizando operações clandestinas, fornecendo armas para aliados e desenvolvendo redes de milícias leais ao Irã.

 

 

Ao longo de sua carreira, acredita-se que tenha ajudado grupos xiitas muçulmanos e curdos no Iraque a lutar contra o ex-ditador Saddam Hussein, assim como outros grupos da região — incluindo o Hezbollah, no Líbano, e a organização islâmica Hamas, nos territórios palestinos.

 

 

Depois que os EUA invadiram o Iraque em 2003, ele começou a orientar grupos militantes a realizar ataques contra tropas e bases americanas, provocando centenas de mortes.

 

 

Também teria sido Soleimani que encontrou uma estratégia para o presidente sírio, Bashar al-Assad, reagir à revolta armada que se instalou contra ele em 2011.

 

 

O apoio do Irã, juntamente com o reforço aéreo russo, ajudou a virar o jogo contra as forças rebeldes e a favor do governo sírio, permitindo a retomada das principais cidades e províncias.

 

 

 

Influência no combate ao Estado Islâmico no Iraque

 

 

A influência de Soleimani também foi fundamental na batalha contra o Estado Islâmico no Iraque.

 

 

O Irã ajudou a armar e treinar uma força paramilitar chamada Forças de Mobilização Popular, que contribuiu para derrotar o Estado Islâmico, mas que muitos iraquianos consideram uma forma de “colonização” iraniana.

 

Mas o alcance de Soleimani ia além do Oriente Médio.

 

 

Em 2011, a Força Quds foi acusada de estar envolvida em um plano para assassinar o embaixador saudita nos EUA, bombardeando um restaurante em Washington. E há dois anos, um tribunal na Alemanha condenou um agente da Força Quds por espionar o ex-chefe de um grupo alemão-israelense e pessoas próximas a ele.

 

 

Em abril de 2019, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, declarou a Guarda Revolucionária do Irã e a Força Quds como organizações terroristas estrangeiras.

 

Fama e popularidade no Irã

Soleimani era muito próximo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e sobreviveu a diversas tentativas de assassinato nas últimas décadas.

Sob liderança de Soleimani, o Irã reforçou o apoio ao Hezbollah, no Líbano, e outros grupos militantes pró-iranianos.

 

O general expandiu a presença militar do seu país na Síria onde organizou a ofensiva do governo de Bashar al-Assad contra grupos rebeldes durante a guerra civil que assola o país. Ele também armou milhares de milicianos xiitas muçulmanos que lutavam ao lado das tropas aliadas de Assad.

No Iraque, ele apoiou um grupo xiita paramilitar que ajudou a combater o Estado Islâmico.

 

Carismático e muitas vezes evasivo, o comandante de cabelos grisalhos era reverenciado por alguns, odiado por outros, além de motivo de mitos e memes nas redes sociais.

Soleimani, ganhou os holofotes nos últimos anos após uma vida inteira nas sombras, dirigindo operações secretas para alcançar fama e popularidade no Irã. Recentemente, ele foi retratado em reportagens, em documentários e até citado em músicas pop.
O general era visto como o mentor dos planos mais ambiciosos do Irã no Oriente Médio, e como o verdadeiro ministro das Relações Exteriores do país em questões de guerra e paz.
O general Qassem Soleimani, de 62 anos, foi morto em um ataque aéreo americano em Bagdá em 2 de janeiro de 2020.

Ele foi morto quando sua comitiva deixava o aeroporto de Bagdá, junto a integrantes de uma milícia iraquiana aliada do Irã, em um bombardeio ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

 

O ataque aconteceu poucos dias após manifestantes invadirem a embaixada dos EUA em Bagdá, entrando em confronto com as forças americanas no local. E, de acordo com o Pentágono, Soleimani teria aprovado os ataques à embaixada.

 

Os manifestantes protestavam contra o bombardeio, no domingo (29/12/2019), a bases do grupo Kataeb Hezbollah no Iraque e na Síria, em que pelo menos 25 pessoas morreram.

 

Os EUA afirmaram, por sua vez, que a ofensiva de domingo (12/01/2020) fora uma resposta a um ataque de míssil contra uma base militar no Iraque que matou um civil americano dia 27 de dezembro.

 

O fato é que o assassinato do general representa uma escalada drástica nas tensões entre Washington e Teerã.

 

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, já afirmou que “uma vingança severa aguarda os criminosos” por trás do ataque. Ele também anunciou três dias de luto nacional.

 

 

Além Soleimani, o ataque com drone matou:

  • Abu Mahdi al-Muhandis, chefe de milícias do Iraque que eram apoiadas pelo Irã, as Forças Populares de Mobilização
  • Mohammed Ridha Jabri, porta-voz das Forças Populares de Mobilização

A comitiva havia chegado no aeroporto de Bagdá em um voo vindo da Síria.

O presidente Trump, que estava na Flórida no momento do ataque desta sexta-feira, publicou a imagem da bandeira americana no Twitter logo após que o bombardeio foi noticiado.

 

Um comunicado divulgado pelo Pentágono afirma que o general Soleimani “estava desenvolvendo ativamente planos para atacar diplomatas e militares americanos no Iraque e em toda a região”.

 

“Este ataque teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos”, acrescentou a nota.

 

Neste contexto, a morte de Soleimani representa um momento decisivo no que já é uma grave crise entre o Irã e os EUA e seus aliados.

 

“É esperada uma escalada (da tensão) e a retaliação parece certa, colocando uma região já volátil em uma rota ainda mais perigosa”, avalia Doucet.

 

 

Soleimani operava com milícias espalhadas no Oriente Médio

 

Do Iraque ao Líbano, general iraniano morto pelos EUA criou uma rede de milícias para defender os interesses de Teerã

 

 

O governo dos Estados Unidos justificou o ataque que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani como meio de evitar um conflito maior com o Irã. Independentemente do mérito dessa explicação, o Irã de fato exerce influência sobre milícias e grupos formais espalhados pelo Oriente Médio  e norte da África e há suspeita de manter células em outras regiões, como a tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina.

 

Do Líbano ao Iraque, os grupos paramilitares xiitas combatem os Estados Unidos e seus aliados, como Israel, ao mesmo tempo em que atuam em operações antiterroristas contra grupos sunitas, como o autointitulado Estado Islâmico e Al Qaeda.

 

 

A façanha de alinhar os grupos xiitas com objetivos diferentes veio do próprio Soleimani. Os Estados Unidos já o acusou de querer exportar a ideologia da Revolução Islâmica em 1979 a outros países, e o general estaria fazendo justamente isso, valendo-se dessas milícias.

 

 

No Iraque, o principal grupo apoiado pelo Irã é o Forças de Mobilização Popular, uma organização guarda-chuva que abrange diversas milícias, como Asaib Ahl Haq, Kataib Hezbollah, Harakat Hezbollah al-Nujaba e a Organização Badr.

 

Jamal Jaafar Ibrahimi, fundador do Kataib Hezbollah mais conhecido como Abu Mahdi al-Muhandis, morreu no ataque de drone em Badgá que eliminou Soleimani. Ambos estavam no mesmo veículo bombardeado.

 

 

Soleimani desempenhou um papel-chave na guerra civil da Síria, na qual atuou para manter o regime do presidente Bashar Assad, e na luta contra o Estado Islâmico no Iraque.

 

 

No Líbano, o Hezbollah é o maior aliado de Teerã e jurou vingar e seguir os passos do general iraniano assassinado. O grupo foi criado com a ajuda da Guarda Revolucionária iraniana, em 1982. Nos anos recentes, sua atuação ultrapassou as fronteiras do país e alcançou, entre outros, o Iraque e a Síria.

 

 

Estabelecido com a meta de combater as forças israelenses que haviam invadido seu país, o Hezbollah continuou sendo um inimigo jurado de Israel, que o vê como a maior ameaça junto às suas fronteiras. Recentemente, o Hezbollah realizou um ataque contra o país judaico que alimentou temores de um novo conflito entre as partes.

 

 

Já no Iêmen, o grupo rebelde houthi se alinha ao Irã por conta de outro inimigo em comum: a sunita Arábia Saudita. A guerra devasta o país há cinco anos e aparenta não ter fim. A tragédia humanitária do conflito é vista como uma das maiores do mundo.

 

 

Um recente ataque contra as refinarias da estatal de petróleo saudita foi apontado como de autoria do Irã, apesar de Teerã negar responsabilidade e de os rebeldes houthis terem assumido a autoria.

 

 

Grupos palestinos

 

 

Apesar do grupo Hamas ser de maioria sunita, o que o colocaria como adversário de Teerã, a aliança somente é possível por terem em Israel o seu inimigo em comum. Por meio de Soleimani, o grupo palestino que comanda a Faixa de Gaza tem uma divisão armada poderosa graças ao amparo financeiro e militar da República Islâmica. Estima-se que o grupo possua cerca de 30.000 combatentes e um arsenal com milhares de foguetes.

 

 

Já o grupo Jihad Islâmica é visto como uma organização mais comprometida com a pauta oficial do Irã do que o Hamas, apesar dos poucos combatentes e armas. Recentemente, Israel matou o comandante do grupo em um ataque à Gaza. A ação foi retaliada com foguetes, mas sem nenhuma morte israelense.

 

 

 

 

Como foi o ataque

 

O general Soleimani e integrantes das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã, estavam deixando o aeroporto de Bagdá em dois carros quando foram atingidos por um ataque de drone dos EUA perto de uma área de cargas, segundo relatos da imprensa americana.

Vários mísseis teriam atingido o comboio, e acredita-se que pelo menos cinco pessoas tenham morrido no ataque.

 

A Guarda Revolucionária do Irã informou que o líder das Forças de Mobilização Popular do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis, está entre os mortos.

 

O Pentágono justificou, em comunicado, o ataque:

 

“Sob a ordem do presidente, os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger os americanos no exterior, matando Qasem Soleimani”, diz trecho da nota.

 

“Os Estados Unidos vão continuar a tomar todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses onde quer que estejam ao redor do mundo”.

Reação do Irã

 

 

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, classificou o ataque como “ato de terrorismo internacional”, tuitando que os EUA “são responsáveis ​​por todas as consequências de seu aventureirismo desonesto”.

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Mohsen Rezaei, ex-comandante da Guarda Revolucionária, afirmou que o Irã vai se “vingar vigorosamente dos EUA”.

 

Um porta-voz do governo iraniano anunciou que o principal órgão de segurança do país se reuniria em poucas horas para discutir o “ato criminoso do ataque”.

 

“O Irã e as outras nações livres da região vão se vingar desse crime horrível cometido pela América criminosa”, disse o presidente do Irã, Hasan Rouhani, em comunicado.

 

A morte de Soleimani “redobrou a determinação da nação do Irã e de outros países livres de resistir ao bullying americano”, acrescentou.

 

 

Reação internacional

 

 

O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, condenou o “assassinato” do general Soleimani como uma “escalada perigosa” das tensões regionais, enquanto a Rússia o considerou um “passo imprudente” dos EUA.

 

O grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano, pediu vingança, por sua vez, à morte do general. E o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, interrompeu uma viagem à Grécia após a notícia do bombardeio.

 

A hashtag #WWIII, que faz referência a uma eventual Terceira Guerra Mundial, apareceu entre as mais citadas no Twitter em todo o mundo após o ataque.

 

Já em Washington, altos membros do Partido Republicano, do presidente Trump, receberam bem a notícia. O parlamentar Kevin McCarthy disse, por exemplo, que o ataque foi uma “demonstração de determinação e força”.

 

 

Mas os democratas foram críticos ao bombardeio. A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, afirmou que a medida arriscou “uma escalada perigosa” da tensão e sugeriu que o Congresso deveria ter sido consultado.

Aumento da tensão Irã x EUA

Sua morte tem um grande impacto em um momento de escalada de tensão entre os EUA e o Irã, que se reflete especialmente no Iraque. Os principais líderes iranianos, entre eles o aiatolá Ali Khamenei, falaram em vingança após a morte do general.

Desde o fim de outubro de 2019, militares e diplomatas americanos foram alvo de ataques, e na semana passada um funcionário dos EUA morreu em um bombardeio com foguetes.

A crise subiu de patamar na terça (31), quando milicianos iraquianos invadiram a embaixada americana em Bagdá. Trump acusou o Irã de estar por trás da ação e prometeu retaliação. De acordo com o Pentágono, Soleimani teria aprovado os ataques à embaixada.

A invasão da embaixada foi uma resposta a um ataque americano na fronteira com a Síria que matou 25 combatentes das Forças de Mobilização Popular do Iraque no domingo (29).

Manifestação popular

Na sexta (3), manifestantes foram às ruas de Teerã para protestar contra o ataque que matou o general Qassem Soleimani.

Qasem Soleimani

Na sexta (3/1/20), manifestantes foram às ruas de Teerã para protestar contra o ataque que matou o general Qassem Soleimani — (Foto: Vahid Salemi/AP)

Análise

O comentarista Guga Chacra, da GloboNews, diz que as consequências serão gravíssimas no Oriente Médio.

O professor de Relações Internacionais Tanguy Baghdadi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o ataque é “catastrófico” e prevê uma forte reação do Irã.

“Para a estabilidade regional a gente não poderia imaginar um cenário mais tenso. O Iraque é um país muito fundamental. Não é por acaso que a gente teve guerra na década de 90. Sempre foi um espaço de disputa entre o Irã e, nas últimas décadas, os EUA”, diz o especialista.

Em abril de 2019, os Estados Unidos designaram a Guarda Revolucionária do Irã como uma organização terrorista. Foi a primeira vez que Washington rotulou formalmente uma unidade militar de outro país como terrorista.

A Guarda Revolucionária Iraniana é uma organização criada após a Revolução Islâmica de 1979. Na ocasião, o governo do país passou a ser supervisionado pelo clero. É uma espécie de exército paralelo que responde somente ao aiatolá Ali Khamenei, que ocupa o posto há 30 anos.

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/01/02 – MUNDO / NOTÍCIA / Por G1 – 02/01/2020)

(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional- INTERNACIONAL / BRASIL – 3 janeiro 2020)

(Fonte: https://veja.abril.com.br/mundo – MUNDO / (Com Reuters) – Por Da Redação – 3 jan 2020)

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