Osvaldo Peralva, jornalista, escritor e ex-dirigente comunista. Militante e membro da cúpula do PCB.

0
Powered by Rock Convert

Osvaldo Peralva (Saúde, 1918 – Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1992), jornalista, escritor, ex-dirigente comunista, e repórter internacional brasileiro que esteve na União Soviética no final dos anos 1950. 

Até os 44 anos, Peralva foi militante e membro da cúpula do PCB, com o qual rompeu na década de 50, quando os crimes de Stálin foram denunciados no congresso secreto do PC soviético.

Precursor das críticas ao totalitarismo comunista feitas por ex-militantes, traçou em O Retrato uma radiografia do obscurantismo e das bobagens do socialismo real, a partir de seu exílio em Moscou. Trabalhou nos jornais Última Hora, Correio da Manhã e Folha de S. Paulo, do qual foi correspondente em Tóquio e Praga.

'O Retrato', de Osvaldo Peralva (Foto: www.livrariascuritiba.com.br/Divulgação)

‘O Retrato’, de Osvaldo Peralva (Foto: www.livrariascuritiba.com.br/Divulgação)

Como tantos intelectuais de sua geração, o baiano Peralva acreditou que o comunismo era o caminho para um novo e brilhante mundo – e que a União Soviética era a realização dessa utopia. Formado em Direito, mas jornalista de profissão, Peralva começou a militar no Partido Comunista aos 24  anos, em 1942, quando o Brasil vivia sob a ditadura do Estado Novo.

Galgou postos de relevo no Partidão, até ser chamado a Moscou para um congresso do Kominform, organização que orientava os partidos comunistas de todo o mundo. Mas então vieram as revelações de Nikita Kruschev sobre os crimes de Stalin, em 1956 – e Peralva começou a ver a natureza totalitária do comunismo.

Falava russo fluentemente, acreditava no bolchevismo. Mas retornou decepcionado com os horrores da ditadura stalinista e publicou seu livro-denúncia O Retrato (1962), onde narra em pormenores os horrores dos porões da KGB, e as consequências trágicas das ideias de Lênin e seus sucessores. Esse jornalista descreveu em minúcias cada mentira, cada fracasso do regime soviético. E pagou por isso.

O Retrato, publicado no início dos anos 60 – e republicado em 2015 com pequenas revisões feitas por Peralva pouco antes de morrer -, é um poderoso testemunho da desilusão do autor. O memorialista é especialmente cáustico com figurões do comunismo brasileiro, como Luís Carlos Prestes (acusado de “subserviência política e intelectual ante os soviéticos”) e João Amazonas (que “nunca teve a veleidade de pôr a cabeça para pensar”).

Em 1968 foi preso, após o AI-5.

Foi preso pela ditadura militar logo após o AI-5, ficando em cela na companhia de Gerardo Melo Mourão, Zuenir Ventura, Ziraldo e Hélio Pellegrino.

Foi diretor do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, nos anos 1960. Desencantou-se com João Goulart, em 1964. Como muitos de seus colegas. Sua corajosa e antecipada crítica jamais foi perdoada ou esquecida pela maior parte da intelectualidade brasileira.

Foi execrado pela maioria da esquerda brasileira. Muitos ex-companheiros o acusaram de agente da CIA. Sua atitude corajosa quase destruiu sua vida.

Peralva morreu no dia 18 de outubro de 1992, aos 76 anos, de câncer, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 28 de outubro de 1992 -– ANO 25 – Nº 44 – Edição 1259 -– Datas -– Pág; 103)

(Fonte: Veja, 27 de maio de 2015 -– ANO 48 – Nº 21 – Edição 2427 -– LIVROS -– Pág: 97)

(Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br – ISSN 1519-7670 – Ano 19 – nº884 – MEMÓRIA > OSVALDO PERALVA – O jornalista que o Brasil esqueceu / Por Sergio da Motta e Albuquerque em na edição 597 – 06/07/2010)

Powered by Rock Convert
Share.