Octavio Gouvêa de Bulhões, ex-ministro da Fazenda do governo Castello Branco

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Bulhões: pioneirismo

Octavio Gouvêa de Bulhões (Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1906 – Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1990), ex-ministro da Fazenda do governo Castello Branco, introdutor da correção monetária no Brasil e executor de um programa de estabilização econômica bem-sucedido no país ao lado do ministro do Planejamento à época, Roberto Campos. Em 1964, fez a inflação despencar de 88% ao ano para 33% ao ano, três anos depois. Para conseguir isso, Bulhões adotou a correção monetária, que permitiu a criação de um mercado de títulos públicos, com os quais o governo conseguiu financiar a sua dívida sem precisar emitir moeda.

Além disso, realizou uma reforma fiscal, que aumentou a arrecadação, e introduziu o reajuste de salários com base em índices que projetassem expectativas menores de inflação. Com esses métodos, Bulhões se tornou o precursor dos planos de estabilização, como os que foram aplicados nos governos de Sarney e Collor.

Apoiou o Plano Cruzado, que desindexou a economia por ele indexada, mas alertou seus formuladores sobre a necessidade de controlar o déficit público para a estratégia ter êxito. Nisso, foi profético: vislumbrou o fracasso do plano de Funaro.

Ainda como ministro de Castello Branco, foi o principal arquiteto da reforma bancária que criou o Banco Central, em 1964, a partir da qual o Brasil passou a ter um sistema bancário ágil e moderno, com empréstimos de longo prazo que possibilitaram a aceleração do desenvolvimento industrial do país. Roberto Campos o considerava “o mais inovador de nossos conservadores e o menos imprudente de nossos inovadores”. Ao deixar o governo, Bulhões se dedicou à vida acadêmica e ao Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, cuja presidência exerceu até morrer.

Era, na verdade, bacharel em Direito, especializado em Economia nos Estados Unidos, numa época em que não existiam faculdades de Economia no país. Bulhões morreu dia 13 de outubro de 1990, aos 84 anos, de insuficiência respiratória, enquanto dormia em sua casa, no Rio de Janeiro.

 

 

(Fonte: Veja, 24 de outubro de 1990 – ANO 23 – Nº 42 – Edição 1153 – DATAS – Pág; 86)

 

 

 

 

 

 

 

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