Michel Butor, o artista da contínua renovação, ícone do ‘Nouveau Roman’

0
Powered by Rock Convert

Michel Butor, ícone do ‘Nouveau Roman’

O romancista francês Michel Butor, importante figura do movimento literário 'Nouveau Roman' - (Foto: AFP PHOTO)

O romancista francês Michel Butor, importante figura do movimento literário ‘Nouveau Roman’ – (Foto: AFP PHOTO)

Ele foi ícone do movimento renovador da literatura na França nos anos 1950.

Obra experimental tinha romances, ensaios e poesias fora dos padrões.

O escritor francês Michel Butor, em foto feita em março de 2011 em Paris (Foto: Bertrand Langlois/UPI/AFP/Arquivo)

 

Michel Butor (Mons-en-Barœul, 14 de setembro de 1926 – Contamine-sur-Arve, 24 de agosto de 2016), escritor francês, o artista da contínua renovação, foi um dos criadores do movimento “Nouveau Roman” ao lado de Alain Robbe-Grillet (1922-2008) e Claude Simon (1913-2005).

Butor, prêmio Renaudot 1957 por “La Modificación”, autor de vários livros em diversos gêneros, explodiu as estruturas narrativas com “La Modificación”. Seus romances, ensaios e poesias escapavam aos padrões.

Nascido em 14 de setembro de 1926 em Mons-en-Baroeul, filho de um inspetor ferroviário, Michel Butor, formado em filosofia e doutor em letras, fez carreira como escritor e professor.

Em 1929, junto com seus pais e seis irmãos, mudou-se para Paris. Depois de estudar filosofia, tendo como mestres Jean Wahl e Gaston Bachelard, tornou-se poeta e foi correr o mundo para ensinar francês e literatura: Egito, Manchester, Grécia e Genebra, onde tornou-se amigo do “gênio” Starobinski.

Ele, que se considerava um “monumento marginal”, escritor prolixo que os especialistas colocam ao lado de Robbe-Grillet e Claude Simon –, era filósofo, poeta, figura de proa do “Nouveau Roman”, autor de livros/objetos de arte, álbuns para crianças, professor, musicólogo, crítico de arte e literatura, fotógrafo, grande viajante e, segundo ele mesmo, “célebre desconhecido” que sempre procurou a contínua renovação.

É difícil classificar um criador “niagaresco”, como o definia André Clavel, uma força da natureza que usava todos os gêneros e linguagens, sem economizar a imaginação. 

Pela editora Gallimard, em 1962, publicou o “livro total”, obra feita de colagens, marcada pela “loucura tipográfica”. Tratava-se de uma “sinfonia espacial descontínua” (como dizia-se na época), homenagem a Calder. No mesmo ano, melômano que era (basta ver seus estudos sobre Bach, Mussorgsky e Stravinsky, e o seu “Diálogo” com 33 variações de Beethoven sobre uma valsa de Diabelli), Butor escreveu o libreto de uma ópera de Henri Pousseur.

A partir de 1970, além de ensinar e continuar a desenvolver a sua imensa obra de crítica e literatura, iniciou colaborações com os artistas Alechinsky, Jiri Kolar, e em seguida Miquel Barceló, o que fez nascer inúmeros livros/objetos de artistas.

Mas Michel Butor foi um solitário. Nos anos 1990 escreveu três volumes, mil páginas, um dos estudos mais pertinentes jamais consagrados a Balzac. Paralelamente à série ” Le Génie du Lieu” (ensaios de historia, arte e literatura de todos os lugares que visitou), dava continuidade à poesia que desenvolveu em mais de 2 mil páginas. “Agito as minhas palavras nos meus parágrafos como um pincel em um pote de pintura”, dizia ele.

Butor faz pensar em Victor Hugo, tão abundante e plena de energia é a sua produção. Tão vasta que ele mesmo tinha dificuldade em arrumá-la em seu escritório/ateliê. Nos poemas há receitas de cozinha, desenhos de aviões e aeroportos, retratos de passantes, notas de viagens a terras distantes, onde cruzamos com bichos estranhos, leões-marinhos, fantasmas mexicanos, arquipélagos de sonho e nuvens. Ele dá voz a Melville, William Blake e Ésquilo. Mistura música e poesia e – num trabalho memorável de colaboração – ilustra com palavras as composições de Marc Copland.

Na abertura da exposição que lhe consagrou na Biblioteca Nacional da França (BNF) em 2006, Butor declarou que “escrever é derrubar barreiras”.

Em 2013, ele recebeu o grande prêmio de literatura da Academia francesa.

Michel Butor teve como trabalho derradeiro uma obra publicada em abril de 2016 dedicada a Victor Hugo na coleção “Os autores da minha vida”.

Michel Butor morreu em 24 de agosto de 2016, aos 89 anos, no hospital de Contamine-sur-Arve, em Haute Savoie.

(Foto: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/08 – POP & ARTE – NOTICIA – Da France Presse – 25/08/2016)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/blogs – CULTURA – ARTE/ Por Sheila Leirner – 24 Agosto 2016)

Powered by Rock Convert
Share.