Michael “Mike” Gold, escritor e jornalista norte-americano

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Editor de diversos veículos de esquerda, tornaria-se um dos grandes nomes da crítica literária marxista do século XX

O célebre escritor Michael Gold

 

Michael “Mike” Gold (12 de abril de 1894 – 14 de maio de 1967), célebre escritor e jornalista norte-americano

Nascido Itzhak Isaac Granich em 12 de abril de 1893, era filho de judeus imigrantes e vivia no Lower East Side de Nova York. Seu irmão, Manny, era membro dos Trabalhadores Industriais do Mundo e, desse modo, Michael interessou-se desde cedo pela temática do socialismo. Cursou Jornalismo na Universidade de Nova York e passou o ano de 1914 como estudante especial na Universidade de Harvard.

Gold se vincularia mais tarde a um grupo de jornalistas que viviam em Greenwich Village. O círculo incluia Max Eastman, John Reed, Floyd Dell, Robert Minor, Art Young, Arturo Giovanetti e Boardman Robinson. Passou também a colaborar regularmente com jornais socialistas como o The Masses e o New York Call.

Em 1915, criariam o Grupo Teatral de Provincetown. Um galpão no final do molhe dos pescadores acabou sendo transformado em teatro. Mais tarde, outros escritores como Eugene O’Neill e Edna Millay uniriam-se ao grupo. A primeira peça de Gold, com apenas um ato, foi encenada em 1916.

Como a maioria de seu colegas, Gold acreditava que a Primeira Guerra Mundial havia sido causada pelo sistema de competição imperialista e que os EUA deveriam permanecer neutros. Essa postura se refletia nos artigos e charges publicados em seus jornais, que atacavam o comportamento de ambos os lados do conflito na Europa.

Após Washington ter declarado guerra às Potências Centrais em 1917, The Masses recebeu pressão do governo para mudar sua linha editorial. Ao recusar-se a agir desta forma, o jornal perdeu todos os seus privilégios de distribuição.

Em julho de 1917, as autoridades afirmaram que cartoons de  Art Young, Boardman Robinson e Henry Glintenkamp, bem como artigos de Max Eastman e Floyd Dell, violavam a Lei de Espionagem, legislação que considerava crime a publicação de material que minasse o esforço de guerra.

No tribunal, Dell argumentou que “há algumas leis que os indivíduos sentem que não podem obedecê-las e estão dispostos a sofrer qualquer punição, até mesmo a morte, antes de reconhecer que elas tenham alguma autoridade sobre eles”. A ação legal que se seguiu obrigou The Masses a encerrar a publicação.

Em 1918, Max Eastman aliou-se com sua irmã, Crystal Eastman, e a Young e Dell para fundar outra publicação – The Liberator. Outros célebres escritores e artistas, além de Gold, envolveram-se na revista. Entre eles, Claude McKay, Roger Baldwin, Louis Fraina, Norman Thomas, Bertrand Russell, Dorothy Day, Stuart Davis, Lydia Gibson, Maurice Becker, Helen Keller, Cornelia Barns, Louis Untermeyer, Hugo Gellert, K. R. Chamberlain e William Gropper.

Dois anos depois, Gold foi indicado para o cargo de editor da revista. Em 1922, o Partido Comunista dos EUA assumiu o controle da publicação e, em 1924, foi renomeada como The Workers’ Monthly. Muitos dos colaboradores das publicações originais se opuseram à medida e criaram sua própria revista – a New Masses. Gold seria novamente indicado seu editor.

Ele se associou a John dos Passos, John Lawson, Francis Faragoh e Emjo Basshe para fundar seu próprio teatro, o 52nd Street Thatre, que seria dirigido por Otto Hermann Kahn. Em 14 de março de 1927, o Time Magazine escreveu que “no 52nd Street Theatre eles se propõem a experimentar formas dramáticas radicais, que levantam suspeitas entre os patrocinadores quanto à sua viabilidade comercial”.

O período de maior influência de Gold sobre a literatura vai da fundação do New Masses até meados da década de 1930, quando foi identificado como o grande defensor da literatura de defesa do proletariado. Em 1930, publicou seu primeiro romance, o rapidamente consagrado Judeus Sem Dinheiro. O crítico Dan Georgakas chegou a escrever que, “além dos consideráveis méritos intrínsecos da obra, sua publicação coincide com o aprofundamento da depressão que fez do romance sobre a pobreza um livro ao alcance das grandes massas”. Alguns o festejaram como o Maxim Gorky norte-americano. Gold, contudo, jamais se completou como um promissor escritor de ficção. Na verdade, seu primeiro romance foi também o último.

Como editor do New Masses, permitiu que a revista se tornasse uma poderosa defensora da União Soviética. Escritores como Eastman e Dell, que não eram membros do Partido Comunista, deixaram de colaborar. Gold produziu uma revista visualmente excitante ao empregar artistas como William Gropper, Art Young, Hugo Gellert e Reginald Marsh. Em 1935, a tiragem alcançava a marca dos 35 mil.

O New Masses apoiou algumas das mais importantes organizações literárias dos EUA, como os Clubes John Reed, no início da década de 1930, e o primeiro Congresso de Escritores e Artistas, em 1935. Isso provocou algumas das mais controversas discussões literárias sobre literatura proletária e crítica marxista ao mesmo tempo em que gerou o melhor da literatura de esquerda dos anos 1930. Nesse sentido, há destaque para a reportagem de Meridel Le Suer, John L. Spivak, Josephine Herbst e Agnes Smedley.

Com a eclosão da Guerra Civil Espanhola, o New Masses passou a apoiar fortemente a Frente Popular Republicana, concentrando-se sobre a crescente ameaça nazifascista que assolava a Europa. Pretendia, assim, alcançar a unidade no campo da esquerda, agregando liberais e outros setores desvinculados do comunismo.

Em 1933, Gold tornou-se colunista do Daily Worker, o jornal do Partido Comunista. Ocuparia esse posto até o fim da vida. Seguiu a linha partidária, chegando a atacar antigos companheiros como Eastman, um seguidor de Leon Trotsky. Outros que sofreram com as críticas de Gold foram  Ernest Hemingway, Archibald MacLeish, Waldo Frank, Albert Maltz, Sherwood Anderson, Robinson Jeffers e Granville Hicks.

Michael Gold continuou a defender a política externa da União Soviética, inclusive a incursão do Exército Vermelho para pôr fim ao Levante Húngaro, em 1956. Essas posições permaneceriam até sua morte.

Michael Gold morre em 14 de maio de 1967, em Terra Linda, no estado norte-americano da Califórnia.

(Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias – Hoje na História – POLÍTICA E ECONOMIA/ Por Max Altman | São Paulo – 14/05/2012)

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