Luiz Paulo Conde, ex-prefeito do Rio de Janeiro

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Luiz Paulo Conde (Rio de Janeiro, 6 de agosto de 1934 – Botafogo, Rio de Janeiro, 21 de julho de 2015), ex-prefeito do Rio de Janeiro, urbanista cujo trabalho pela cidade está eternizando no Favela-Bairro — marco da política de urbanização em comunidades —, Rio Cidade e pela conclusão da Linha amarela.

Luiz Paulo Conde, então prefeito do Rio, na Lagoa Rodrigo de Freitas - Foto: O Globo / Gustavo Stephan (22/12/2000)

Luiz Paulo Conde, então prefeito do Rio, na Lagoa Rodrigo de Freitas – Foto: O Globo / Gustavo Stephan (22/12/2000)

Arquiteto, Conde foi prefeito do Rio de Janeiro, pelo PFL de 1997 a 2000. Em 1999, rompeu com Cesar Maia após este perder a eleição ao governo do estado para Anthony Garotinho. Entre as suas principais realizações estão projetos iniciados na primeira gestão de Maia, quando Conde ainda era do PFL, como o Favela-Bairro e o Rio Cidade, ambos projetos de urbanização.

Com uma carreira consolidada e premiada na Arquitetura, Luiz Paulo Conde entrou tarde na política. Aos 60 anos, assumiu a Secretaria municipal de Urbanismo no primeiro governo de Cesar Maia (1993-1997) e recebeu a missão de comandar o projeto do Rio Cidade, que consistiu em diversas intervenções urbanas nas vias mais importantes dos principais bairros cariocas. Foi uma espécie de super secretário, encarregado de comandar todas as obras da cidade.

 

Por causa da ruas esburacadas, desapropriações e transtornos no trânsito, ouviu muitas críticas. Para ele, as reclamações tinham como pano de fundo o pensamento de quem “se habituou a viver numa situação de falta de civilidade e cultura”. Como urbanista, defendia que as obras estruturais mudariam a cara da cidade no futuro. “O Rio Cidade forma, com a Linha Amarela e a conclusão da ligação Lagoa-Barra, um conjunto de medidas reestruturadoras”.

Ex-simpatizante do PCB, Conde filiou-se ao PFL para suceder Cesar Maia. Mesmo sendo considerado um azarão, foi eleito prefeito no segundo turno derrotando Sergio Cabral Filho, então candidato pelo PSDB.

 

Entre 1997 e 2001, concluiu o Rio Cidade, a Linha Amarela e também o Favela-Bairro, projeto que virou uma de suas maiores marcas. Quando prefeito, Conde já sonhava em promover a reconciliação da cidade com a orla do Centro do Rio, e acabou sendo responsável pela primeira grande remodelação da Praça XV, área que hoje passa por um processo de revitalização. Na época, convidou arquitetos espanhóis para fazer o projeto do mergulhão.

 

Conde com sua mulher, Eliza Rizzo, quando ainda era candidato à prefeitura do Rio pelo PFL, em 1996 (Foto: Frederico Rozario (18/08/1996 ) / Agência O Globo)

Conde com sua mulher, Eliza Rizzo, quando ainda era candidato à prefeitura do Rio pelo PFL, em 1996 (Foto: Frederico Rozario (18/08/1996 ) / Agência O Globo)

 

Em 1995, o então secretário municipal de Urbanismo foi o primeiro brasileiro a figurar na coleção SomoSur, produzida pela Universidade de Los Andes, na Colômbia, com o objetivo de divulgar na América Latina e na Europa as obras de profissionais latino-americanos de destaque. A edição trazia alguns dos projetos mais famosos do arquiteto, entre eles o do campus da Uerj, no bairro do Maracanã, e o complexo do Alfabarra, na Barra. Quando perguntado sobre o projeto que ele mais amava, Conde respondia: “ As obras que você não criou serão sempre as melhores”.

 

O arquiteto também foi presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1974, reeleito dois anos depois, e diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (1990-1992).

 

Uma das maiores polêmicas de sua carreira política aconteceu em 1996. Amante de ópera, Luiz Paulo Conde resolveu dar uma “passadinha” no Circo Voador, na Lapa, para comemorar a vitória nas eleições e confraternizar com correligionários. Acabou sendo expulso sob fortes vaias e insultos durante uma apresentação da banda punk Ratos de Porão. Três dias após a confusão, o então prefeito Cesar Maia cassou o alvará de funcionamento do Circo Voador.

 

Em 1999, ele já dava sinais de rompimento com o mentor. Na luta por uma vaga de candidato à reeleição, o Conde declarou ter tirado “o Governo de Cesar da mediocridade”. Na disputa, Cesar Maia retrucou e disse: “Conde é coadjuvante”

 

Como no primeiro governo de Cesar Maia ainda não havia a possibilidade de reeleição, Conde foi escolhido pelo próprio Cesar como seu sucessor, sendo apontado por ele como o idealizador dos grandes projetos de seu governo. No entanto, Conde afastou-se de Cesar, seu mentor politico, que saiu do PFL e foi para o PTB.

 

Em 2000, Conde se lançou candidato e liderou a disputa contra Cesar Maia durante todo o processo eleitoral. No segundo turno, a briga ficou acirrada e depois de soltar algumas declarações como a que “mentia menos que Cesar Maia” e que “o Metrô da Pavuna foi um erro”, perdeu as eleições. Cesar Maia foi eleito prefeito com 51% do votos, derrotando Conde que teve 49%.

 

César Maia e Luiz Paulo Conde inauguram o Túnel da Covanca em 1996 - (Foto: Marco Antonio Cavalcanti / Agência O Globo)

César Maia e Luiz Paulo Conde inauguram o Túnel da Covanca em 1996 – (Foto: Marco Antonio Cavalcanti / Agência O Globo)

 

Depois da derrota e o rompimento com seu mentor, Conde aderiu ao grupo político de Anthony Garotinho filiando-se ao PSB e elegeu-se vice-governador na chapa encabeçada por Rosinha Matheus nas eleições de 2002. No ano seguinte, acompanhou a decisão de Garotinho de trocar o PSB pelo PMDB, partido pelo qual se candidatou mais uma vez a prefeito, mas foi novamente derrotado, terminando em terceiro lugar, atrás de César Maia e Marcelo Crivella. No governo estadual, conseguiu levar adiante alguns projetos que já tinha iniciado no município. O projeto do plano inclinado do Morro Dona Marta foi começado por Conde. Em 2008, o então governador Sérgio Cabral concluiu as obras.

Conde era um admirador da música clássica, o que parece ter herdado da mãe, a cantora lírica e musicista Amália Lorenzo Fernandez. Quarto filho de Jose Ramon Conde Rivas , empresário e industrial espanhol, Conde estudou nos Colégios Lafayette e Mello e Souza. Graduou-se em 1959, pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e trabalhou no desenvolvimento do projeto do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM).

Em 1997, quando assumiu a prefeitura do Rio, o arquiteto Luiz Paulo Conde não escondia um sonho que dividia com muitos cariocas: ver a cidade sediar os Jogos Olímpicos de 2004. Na época, o Rio de Janeiro não foi escolhido nem entre as finalistas para disputar o direito de receber as Olimpíadas, mas, dizem os amigos, Conde acreditou até o último minuto que a beleza natural e as recentes transformações urbanísticas da cidade maravilhosa poderiam virar o jogo. E ajudou a lançar entre os moradores e apaixonados pela cidade um clima de otimismo que serviu de base para a recandidatura vitorioso.

Luiz Paulo Conde morreu em 21 de julho de 2015, aos 80 anos.

Luiz Paulo Conde estava internado há um ano no Hospital Samaritano, em Botafogo, para tratamento de um câncer na próstata. Há sete anos, o ex-prefeito lutava contra a doença. Ele era casado com Rizza Conde, que conheceu durante o curso de Arquitetura, e deixa três filhos e dez netos. O prefeito Eduardo Paes decretou luto oficial de três dias na cidade pela morte do ex-prefeito.

(Fonte:  http://oglobo.globo.com/rio -16865050#ixzz3gXt2KRdm – RIO DE JANEIRO/ POR O GLOBO – 21/07/2015)

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