Johann Moritz Rugendas, pintor alemão, integrante da célebre expedição Langsdorff ao Brasil

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O PINTOR DAS AMÉRICAS

Johann Moritz Rugendas

Moritz Rugendas (Foto: Wikipedia/ Reprodução)

 

Johann Moritz Rugendas (Augsburgo, 29 de março de 1802 – Weilheim an der Teck, 29 de maio de 1858), pintor alemão que viajou pelo Brasil entre 1822 e 1825, integrante da célebre expedição Langsdorff (1774-1852) ao Brasil.

Rugendas deixou importante obras, entre aquarelas, desenhos e litogravuras, a mais notável Floresta Brasileira, a única pintura sobre tela de que se tem notícia de autoria do alemão.

 

O pintor das Américas

As obras de Rugendas sobre o Brasil são célebres. É hora de conhecer as pinturas que ele fez no México

 

O Vale do México, Visto de N. Sra. dos Remédios: todas as facetas da paisagem (Fotos divulgação)

 

Para quem se interessa pelo Brasil do século XIX, a obra do artista alemão Johann Moritz Rugendas é uma fonte maravilhosa de imagens. Feita essa afirmação, substitua, agora, o país por México. Ou Chile. Ou Argentina. Ou Peru. Em todos os casos, ela permanecerá verdadeira.

Arquétipo do “artista-viajante” – um personagem que floresceu na Europa de dois séculos atrás –, Rugendas passou dezoito anos na América Latina. Percorreu-a de alto a baixo e registrou tudo o que viu em desenhos e pinturas. Ainda em vida, foi chamado de “pintor das Américas” pelo naturalista Alexander von Humboldt, seu mentor e amigo. Continua a merecer esse título. A porção da obra de Rugendas dedicada ao Brasil é bem difundida aqui.

Aparece em inúmeros livros de história, inclusive os didáticos. Já os trabalhos que ele realizou em outras paragens raramente são vistos. Daí o valor da mostra Rugendas no México, que foi inaugurada pelo Memorial da América Latina, em São Paulo, no dia 12 de setembro de 2002, com 150 pinturas a óleo do acervo do Instituto Ibero-Americano de Berlim.

A viagem pelo México, entre 1831 e 1834, foi a segunda no périplo americano de Rugendas. Ela teve importância crucial em sua trajetória: foi no México que ele começou a trabalhar com a pintura a óleo. Em sua aventura anterior, realizada no Brasil no início da década de 1820, o artista, bastante jovem e ligado à expedição científica do barão de Langsdorff, fizera tão-somente desenhos e aquarelas.

A mudança de um meio de expressão a outro deveu-se a um interlúdio de seis anos na Europa, durante o qual Rugendas absorveu ideias sobre ciência e arte, e amadureceu sua concepção das tarefas de um artista-viajante.

 

Retrato de uma Índia Inclinada para Trás: registro de figuras típicas (Fotos divulgação)

 

A influência mais importante foi a de Humboldt, para quem a natureza deveria ser pensada sempre como totalidade – um entrelaçamento de topografia, flora, fauna e vida humana. O melhor observador, dizia Humboldt, era aquele que “abraçava a natureza com um só olhar”. As pinturas de Rugendas no México são a perfeita tradução desse ideário.

“Seus quadros de paisagem parecem uma vista casual, mas representam um resumo do que é possível encontrar numa determinada região”, diz o estudioso chileno Pablo Diener, autor do mais completo catálogo da obra de Rugendas. Dito de outra maneira: depois de capturar um panorama ao ar livre, o pintor o retomava no estúdio, acrescentando-lhe espécimes de vegetação e personagens típicos do lugar. O quadro pronto representava a região em todas as suas facetas.

 

Do ponto de vista técnico, Rugendas chegou à conclusão, antes de partir para o México, de que estudar pintura a óleo seria indispensável para capturar a luz e a cor dos cenários que visitaria. Ele travou contato com as obras de alguns dos artistas mais comentados de seu tempo. Conheceu, por exemplo, as telas do inglês William Turner, um precursor do impressionismo, que causou escândalo em 1828 ao expor, como prontas, pinturas que pelas regras clássicas seriam apenas estudos.

Turner, contudo, não foi uma influência decisiva. “Rugendas não era um vanguardista. Manteve-se fiel às convenções”, diz Pablo Diener. Mais importante foi o aprendizado da técnica do esboço a óleo, que o francês Jean-Baptiste Corot celebrizara por aquela época. Foi o que possibilitou a Rugendas captar os vivazes instantâneos da paisagem que ele depois aprimorava no ateliê.

 

Pouco depois de chegar ao México, Rugendas enviou uma longa carta à sua irmã. “Você sabe que eu não gostava de pintar”, escreveu ele. “Mas, através do exercício que tenho feito, a pintura se está tornando mais agradável e inclusive há coisas que não me saem nada mal.” Durante sua viagem, Rugendas produziu cerca de 500 desenhos e mais de 300 óleos. As paisagens e a natureza têm lugar de honra nesse acervo.

Ele fez também muitas cenas de costumes, registrando festejos, cerimônias e atividades cotidianas da população. Não procurou, contudo, fazer um inventário sistemático de etnias, vestimentas e construções. Só mais tarde, na América do Sul, daria maior atenção à arquitetura e cuidaria de criar tipologias dos habitantes de diferentes regiões. Não importa. As pinturas mexicanas de Rugendas são belas – e reveladoras como documento histórico. De fato, “não lhe saíram nada mal”.

 

Vista de Orizaba e Zongolica: preciosos documentos históricos (Fotos divulgação)

 

Festa Diante da Igreja de Santa Cruz: precioso documento histórico (Fotos divulgação)

 

(Fonte: Veja, 14 de abril de 1999 – ANO 32 – N° 15 – Edição 1593 – Arte/ Por Marcelo Camacho – Pág: 134/135)

(Fonte: Veja, 4 de setembro de 2002 – ANO 35 – Nº 35 – Edição 1767 – Arte/ Por Carlos Graieb – Pág: 110/111)

(Fonte: http://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post – Arte/ por Ancelmo Gois – 

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