João Conrado do Amaral Gurgel (1926-2009), engenheiro e empresário. Gênio sonhador.

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João Conrado do Amaral Gurgel (1926-2009), engenheiro e empresário. Gênio sonhador. Nasceu no dia 26 de março. Ousou ao produzir o primeiro carro 100% brasileiro. A palavra gênio é utilizada com freqüência para definir Gurgel. Um profissional que era capaz de enxergar além de muitas coisas. TANTO QUE TAMBÉM ganhou o apelido de sonhador, apesar de ter criado uma empresa que produziu mais de 40 mil automóveis em 25 anos de existência. Ficou conhecido como o Henry Ford brasileiro.
Na crise do petróleo dos anos 70, montou um protótipo elétrico. Em 1981, partiu para a produção desse modelo, que reunia dois motores, um a gasolina e outro movido a bateria. Exatamente como é feito nos EUA e no Japão atualmente.
Ele se antecipou à indústria também ao criar em 1988 o BR-800, carro popular com motor pequeno voltado para economia de combustível. Sempre pleiteou impostos baixos para carros com motorização abaixo de 1.000 cm³. Sua proposta foi aceita e carros 1.0 tomaram conta do país. Foi vítima da própria iniciativa, pois isso contribuiu para que ele tivesse dificuldades na venda dos modelos mais baratos, colaborando com a falência de sua fábrica.
Também foi polêmico. Não tinha medo de falar o que pensava e em vários momentos criticou radicalmente o Programa do Álcool. Acreditava que o combustível de origem vegetal era inviável e prejudicial ao país. Nesse caso, suas idéias estavam erradas.
Gurgel era perfeccionista. Cuidava dos produtos como se fossem seus próprios filhos, e inspecionava cada detalhe de sua construção. Fazia questão de ser sempre o último a falar. Apesar desse estilo, soube lidar bem com a imprensa, sempre aberto a diálogos e críticas, o que lhe rendeu boa imagem pública.
O gosto por automóveis o levou a cursar engenharia na Universidade de São Paulo. Formado, trabalhou um tempo numa empresa de manutenção de locomotivas. Depois foi para os Estados Unidos e estagiou na GM. Voltou para a GM brasileira e logo montou a Moplast, oficina especializada em fibra de vidro. Começou a produzir peças automotivas. Daí até criar um carro fou um salto rápido.
Em 1969 fundou a Gurgel Veículos. Em 1994 fechou as portas. É difícil entender as razões. Resumindo, quando a empresa, que sempre usara recursos próprios e nunca acumulara dívidas, precisou de apoio financeiro, não conseguiu. Alguns acordos com o governo não foram cumpridos. Ao fechar as portas, Gurgel precisou vender propriedades da família para sanar dívidas.
Alguns anos depois começou a apresentar sinais da doença que o matou. Muitos acreditam que a grande decepção que enfrentou ao ver tudo o que construiu desabar pode ter acelerado o problema.
Gurgel foi o brasileiro que chegou mais longe na indústria automobilística. Inovou e criou a própria marca, mas faliu.
Morreu no dia 30 de janeiro no hospital São Luiz, em São Paulo. Ele tinha 82 anos e sofria de Mal de Alzheimer.

(Fonte: Auto Esporte – Março 2009 – Nº 526 – Editora Abril – Obituário – IGNIÇÃO/Por Fabrício Migues – Pág; 30)

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