Jacques Gelman, foi um produtor de cinema e colecionador de arte mexicana

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Jacques Gelman conversando com Cantinflas e Edward G Robinson

Jacques Gelman conversando com Cantinflas e Edward G Robinson

Jacques Gelman (San Petersburgo, Imperio Russo, 30 de outubro de 1909 – Cuernavaca, México, 3 de dezembro de 1986), foi um produtor de cinema e colecionador de arte mexicana

Um ano antes do início da II Guerra Mundial, Jacques Gelman, judeu de origem russa que morava em Paris, decidiu imigrar para a Cidade do México.

Meses depois, tirou a sorte grande ao conhecer, num circo, o comediante Cantinflas (1911-1993). Tornou-se seu empresário e sócio, acumulou fortuna e dedicou-se a colecionar pinturas, principalmente de artistas do país que adotara.

Ao morrer, tinha quase uma centena de obras assinadas pelos mais destacados artistas mexicanos contemporâneos, como Diego Rivera, David Siqueiros e José Clemente Orozco.

A mulher de Gelman morreu em maio de 1998 e, como o casal não tinha filhos, doou a coleção para um amigo, com a condição de que ela fosse permanentemente exposta pelo mundo.

A Coleção Guelman, representada por 77 telas de 27 pintores, foi exposta no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, onde permaneceu em cartaz até 19 de setembro de 1999.

Sua principal fonte de inspiração é a revolução mexicana de 1910, capitaneada pelos camponeses sem-terra, descendentes dos astecas e maias, contra os latifundiários, herdeiros dos colonizadores espanhóis.

Muitos dos quadros retratam a miséria do povo, o avanço dos rebeldes e cenas de conteúdo social. Justamente por seu engajamento político, a pintura mexicana da primeira metade do século parece um pouco datada, da mesma forma que os retirantes de Portinari na brasileira.

Embora a temática se tenha desgastado com o tempo, permanecem o vigor das pinceladas de Rivera, José Clemente Orozco e David Siqueiros e o expressionismo radical com que criavam suas imagens.

São quadros inquietantes, como Girassóis, de Rivera, que mostra duas crianças com rostos patéticos brincando com bonecas quebradas.

Os mexicanos também procuravam resgatar em seus quadros a cultura do país pré-colonização espanhola.

A exposição inclui auto-retratos de Frida Kahlo, mulher de Rivera, que viveu entre a tragédia e a aventura. Teve uma perna atrofiada pela poliomielite aos 6 anos e, aos 18, um acidente de ônibus deixou-lhe várias sequelas.

Casou-se com Rivera, mas teve vários amantes, entre eles o revolucionário russo Leon Trotsky. Frida também gostava de receber mulheres em sua cama. Vestia-se com trajes exóticos, usava drogas, bebia e dava festas agitadíssimas.

São apenas uma curiosidade, em meio a obras que efetivamente fazem parte da história da pintura.

Jacques Gelman faleceu no México, em 3 de dezembro de 1986.

(Fonte: Veja, 18 de agosto de 1999 – ANO 32 – Nº 33 – Edição 1611 – ARTE/Por Roberta Paixão – Pág: 153)

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