O primeiro país do mundo a ter maioria feminina no Parlamento

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Islândia é o primeiro país do mundo a ter maioria feminina no Parlamento

Islândia elege a primeira legislatura de maioria feminina da Europa

 

O bloco do primeiro-ministro Katrin Jakobsdottir, que reúne três partidos de esquerda e direita, aumentou sua representação em dois para 37 parlamentares

 

 

A primeira-ministra islandesa, Katrin Jakobsdottir, em uma seção eleitoral de Reikiavik, no sábado, 25 de setembro de 2021. (Crédito: Halldor KOLBEINS AFP)

 

Islândia elege Parlamento formado por maioria de mulheres e confirma vanguarda na Europa

A Islândia elegeu a primeira legislatura de maioria feminina da Europa em uma votação em que a coalizão governista de centro aumentou sua maioria após conduzir o país em meio à pandemia.

 

Cerca de 33 dos 63 assentos, ou 52%, no parlamento da Islândia, o Althingi, foram ganhos por mulheres na votação de 25 de setembro de 2021.

 

Islândia se tornou o primeiro país da Europa a eleger uma maioria de mulheres para o Parlamento. Segundo os resultados oficiais divulgados em 26 de setembro, das 63 cadeiras do Althingi, nome da assembleia nacional em islandês, 33 serão ocupadas por mulheres, o que representa 52,3% do plenário. A Suécia, que liderava este ranking, tem 47% de deputadas, segundo o Banco Mundial.

O bloco do primeiro-ministro Katrin Jakobsdottir, que reúne três partidos de esquerda e direita, aumentou sua representação em dois para 37 parlamentares, de acordo com a emissora pública RUV.

 

As projeções não permitem chegar a uma conclusão de que a coalizão de Jakobsdottir terá de aceitar os apelos da esquerda por maiores gastos com saúde e as preocupações com as mudanças climáticas na nação insular do Atlântico Norte.

 

Em vez disso, o grupo ganhou um novo endosso dos eleitores depois de fazer com que a economia dependente do turismo da Islândia passasse por uma retração induzida pela pandemia.

 

Nenhum país do continente europeu tinha ultrapassado até hoje a marca simbólica de 50% de parlamentares do sexo feminino. Embora vários partidos reservem uma proporção mínima de mulheres entre seus candidatos, nenhuma lei impõe uma cota de mulheres para as eleições legislativas na Islândia.

O país nórdico de 370 mil habitantes mostra mais uma vez segue forte na vanguarda do feminismo e lidera o ranking do Fórum Econômico Mundial sobre igualdade de gênero há 12 anos consecutivos.
Nas ruas da capital Reykjavik, a alegria por mais esta conquista era intensa na manhã de domingo.
Revés para primeira-ministra no poderPor trás desse feito histórico, as eleições legislativas realizadas no sábado (25) representaram paradoxalmente um revés para a primeira-ministra Katrin Jakobsdottir, cujo partido ecologista de esquerda perdeu três cadeiras no Parlamento e obteve 12,6% dos votos, ficando atrás de seus dois atuais aliados de direita.
A sigla que apontou maior crescimento na votação foi o Partido do Progresso (centro-direita), que conquistou 13 mandatos, cinco a mais que nas últimas eleições de 2017, com 17,3% dos votos. Seu líder, Sigurdur Ingi Johannsson, já almeja se tornar o chefe de governo. Mas o partido conservador do ex-primeiro-ministro Bjarni Benediktsson continuou sendo o principal da Islândia, com 24,4% dos votos. A sigla manteve suas 16 vagas, contrariamente à queda que previam as pesquisas.
Com um total de 37 deputados no Parlamento, os três partidos aliados consolidam a maioria na Casa, mas a direita encontra-se numa posição de força, com a opção de encontrar outro terceiro parceiro ideologicamente mais próximo, como por exemplo os partidos de centro Reforma (cinco cadeiras) ou o Centro (três deputados) ou ainda o Partido do Povo (seis cadeiras).

Suporte mais forte

 

Os partidos no governo sinalizaram que a configuração atual deve continuar, mesmo quando eles pararam de assumir compromissos claros em seus primeiros comentários pós-eleitorais.

 

“Todos nós dissemos antes das eleições que se o governo mantivesse a maioria, seria normal haver negociações”, disse Jakobsdottir no domingo em transmissão da RUV. “Nada mudou lá.”

 

O ministro das Finanças e ex-primeiro-ministro Bjarni Benediktsson, que lidera o conservador Partido da Independência, disse que não buscará o cargo de primeiro-ministro, mesmo que seu partido mantenha a maior presença no parlamento.

A chamada “terra de fogo e gelo”, que forneceu muitos dos cenários deslumbrantes para “Game of Thrones”, tem procurado diversificar sua economia para evitar a repetição dos ciclos recentes de expansão e contração.

 

Motor de crescimento

 

No país, o turismo disparou na última década para se tornar o motor de crescimento da Islândia depois que a crise financeira global de 2008 desencadeou um colapso do setor bancário no país. Mas os turistas foram mantidos fora da Islândia por vários meses devido à pandemia de coronavírus.

 

A Islândia é o único país nórdico que não voltou aos níveis de atividade anteriores à crise, depois que sua economia despencou 6,6% em 2020. A economia de US$ 23 bilhões deve crescer 4% este ano, de acordo com o banco central.

Como na vizinha Noruega, que também realizou eleições neste mês, as preocupações com o aquecimento global surgiram como um tema de campanha, mas da mesma forma não conseguiram fazer uma diferença significativa no resultado.

 

O Partido Pirata anti-establishment, que busca a neutralidade de carbono para a Islândia até 2035, cinco anos antes do previsto, provavelmente verá um declínio em seu poder – assim como os social-democratas.

 

Enquanto o Movimento Esquerda Verde de Jakobsdottir perdeu três assentos no parlamento e o partido de Benediktsson manteve o número de seus parlamentares, o terceiro parceiro da coalizão – o Partido Progressista agrário – foi o vencedor claro.

 

Direita cresce e pode forçar nova coalizão

As negociações para a formação de uma coalizão são tradicionalmente longas na Islândia. A boa notícia proveniente das urnas é que o país se afasta de um cenário de bloqueio político. Nunca, desde a falência dos bancos islandeses durante a crise financeira de 2008 e a grave crise que se seguiu, um governo islandês em fim de mandato conseguiu manter a maioria no Parlamento. É preciso retornar a 2003 para encontrar um precedente.

As discussões entre os três líderes partidários e a questão do futuro ocupante de Stjornarradid, a modesta casa branca que sedia os chefes de governo islandeses, necessariamente surgirá, de acordo com analistas.

“Dado o declínio que estamos vendo, os verdes podem ter que reavaliar sua posição no governo”, diz Eva Önnudóttir, professora de ciência política da Universidade da Islândia.

Desde 2017, a primeira-ministra Katrin Jakobsdottir tornou os impostos mais progressivos, investiu na habitação social e aumentou a licença parental. Sua gestão da epidemia de Covid-19 foi elogiada, com apenas 33 mortes no país. Mas para salvar a surpreendente coalizão de esquerda e direita, ela teve de desistir de alguns projetos, como a promessa de criar um parque nacional no centro do país.

O atual governo marcou o retorno da estabilidade política na Islândia. Esta é apenas a segunda vez, desde a crise financeira de 2008 que arruinou bancos e muitos islandeses, que uma equipe conclui seu mandato. Entre 2007 e 2017, a Islândia teve cinco eleições.

“Temos uma política de manter a estabilidade econômica e continuar as melhorias sem extremos e turbulências”, disse o presidente do Partido Progressista e ex-premier Sigurdur Ingi Johannsson. “Sinto que essas opiniões venceram nestas eleições e são parte da grande vitória do meu partido.”

(Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/09/26 – MUNDO / NOTÍCIA / Por RFI – 26/09/2021)

(Fonte: https://www.bloomberglinea.com.br/2021/09/26 – INTERNACIONAL / Por Ragnhildur Sigurdardottir e Ott Ummelas – 26 de Setembro, 2021)

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