Foi um dos primeiros brasileiros a buscar aulas nos EUA

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Waldir Boccardo, foi um dos primeiros brasileiros a buscar aulas nos EUA

O ala-pivô Waldir Boccardo que brilhou no Flamengo, chegou à seleção brasileira, conquistou o título do Mundial do Chile-59 e estampou o bronze na Olimpíada de Roma-60. E, mais importante, a semente do treinador que, décadas mais tarde, daria uma contribuição fundamental ao basquete no país.

Técnico nas horas vagas já na adolescência, Boccardo foi dos primeiros brasileiros a buscar aulas nos EUA, a meca do esporte.

Os times brasileiros entraram os anos 70 com uma rotina rudimentar de treinos. Exercícios calistênicos da concepção militar de preparação física (polichinelo, canguru, abdominal, flexão etc) conviviam com arremessos e rachões com a bola, “para aquecer”.

Boccardo foi um dos primeiros a oferecer uma opção a essa linha empírica. Fascinado pela literatura norte-americana sobre estrutura e dinâmica de jogo, importou um circuito de treinamento mais sofisticado, com “drills” que simulavam situações reais das partidas, e proclamou um aforismo que causou furor: “quem age leva vantagem sobre quem reage”.

Orientou as equipes a atacar na defesa, a contestar a bola, a provocar o erro adversário.

HISTÓRIA DE VIDA

O pai ficou tuberculoso, a família se mudou para uma estância climática em São José dos Campos, os três irmãos no banco de trás de um Ford velho.

Era a época de guerra, 1942, 1943. Racionava-se tudo, inclusive comida. O doente ganhava uma sopa aqui, outra acolá. O resto da família comia banana.

A casa não tinha mesa, não tinha cadeira, não tinha nada. Serviam de móvel as caixas de madeira que carregavam as frutas.

Os retirantes paulistas nunca tinham ouvido falar em basquete na pequena São Manuel. Mas, na cidade nova, ele era o esporte mais popular. Não havia atalho mais apropriado para um garoto que desejasse se “encaixar”.

Waldir percebeu e começou a não desperdiçar os recreios. Desafiava todos do colégio. Perdia até dos piores de 21 a 0 no “um contra um”. Ainda assim, entregava-se.

Pedalava de manhã para o clube, onde batia bola até as 11h30. Corria para casa, almoçava e seguia para a escola. Antes de anoitecer, já estava na quadra. Intervalo só para uma banana rápida.

Alberto Marson, bronze nos Jogos de Londres-48, estava em São José, atraído por um emprego no Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Para completar o orçamento, ensinava educação física.

Não demorou, tropeçou no jovem e se encantou com tamanha obstinação. O aluno, por sua vez, que sonhava com uma faixa de campeão, uma loira e um Fusca, vibrou com a consideração do “cosmopolita” craque olímpico.

Da parceria saiu o ala-pivô Waldir Boccardo.

Entre os que se impressionaram com a novidade “científica”, estava Emmanuel Bonfim. Um intuitivo por natureza, o armador engatinhava na carreira de técnico.

Embora siga sua vocação “visual”, Bonfim revela que sugou teorias e métodos de Boccardo. 

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2505200425 – FOLHA DE S.PAULO – ESPORTES – BASQUETE – Banana ouro – MELCHIADES FILHO/ EDITOR DE ESPORTE – 25 de maio de 2004)

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