Arthur Ochs Sulzberger, ex-publisher, diretor e chefe-executivo do jornal New York Times

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Arthur Ochs Sulzberger comandou a New York Times Co. por 34 anos e revolucionou o jornalismo nos EUA

Arthur Ochs Sulzberger em 1992, ano em que cedeu o cargo de editor para seu filho, Arthur Ochs Sulzberger Jr. O retrato ao fundo é de seu avô, Adolph S. Ochs, que comprou o The New York Times em 1896. (Crédito: Burk Uzzle para o New York Times)

 

 

Arthur Ochs Sulzberger (5 de fevereiro de 1926 – Southampton, 29 de setembro de 2012), ex-publisher do jornal “New York Times”.

O empresário que esteve à frente do New York Times por 34 anos, foi presidente e diretor executivo da New York Times Co., holding do jornal, de 1963 a 1997, quando abriu mão do comando para seu filho, Arthur Ochs Sulzberger Junior.

Sulzberger assumiu o cargo de publisher em 1963, quando o jornal enfrentava uma grave crise financeira. A empresa havia sido comprada pelo avô dele, Adolph S. Ochs (1858-1935), em 1896 e, desde então, era gerida pela família. Sua carreira como publisher e, mais tarde, como diretor e chefe-executivo da The New York Times Company, durou 34 anos.

Durante o tempo em que comandou o jornal, o New York Times passou por um período de expansão e de enormes mudanças na forma de informar os leitores. Quando Sulzberger tomou posse, o Times lutava com enormes dificuldades – a crise da economia nova-iorquina afetou todos os jornais da cidade.

A reação de Sulzberger foi investir em melhorias e expandir o jornal, em vez de cortar os custos a um ponto em que a qualidade jornalística seria afetada. Em meados da década de 70, o Times passou de suas duas seções tradicionais para quatro e, nos últimos anos de sua gestão, chegou a ter seis cadernos na maioria dos dias.

Ele entregou o cargo de publisher ao filho em 1992 e o de diretor em 1997.

Um dos episódios marcantes da trajetória de Sulzberger à frente do “NYT” foi o da publicação, em 1971, uma série de reportagens sobre papéis secretos do governo a respeito da condução da Guerra do Vietnã (1955-75).

Sua decisão mais importante à frente do jornal foi tomada em 1971. Sulzberger insistiu que os Documentos do Pentágono, a história secreta da Guerra do Vietnã, deveriam ser publicados. A decisão levou a uma sentença da Suprema Corte que marcou época: os jornais tinham o direito de publicar documentos secretos, livres da “proibição prévia” do governo.

O caso, que ficou conhecido como “Pentagon Papers”, revelou um padrão de mentiras dos presidentes John Kennedy (1961-63), Lyndon Johnson (1963-69) e outros que secretamente escalaram o conflito enquanto, publicamente, garantiam que os EUA não queriam uma guerra mais ampla.

Na ocasião da publicação, o governo de Richard Nixon (1969-74) chegou a exigir a interrupção das reportagens, sob o argumento de que elas ameaçavam a segurança nacional. O jornal rejeitou o pedido, sob a justificativa da Primeira Emenda da Constituição americana, aquela que garante a liberdade de expressão.

Em decisão inédita no país, um juiz federal de Manhattan concedeu ao governo uma liminar que proibia o jornal de publicar textos sobre os papéis vazados. Ao lado do “Washington Post”, que também já cobria o escândalo, o “NYT” recorreu à Suprema Corte e ganhou a causa.

Para diversificar as fontes de renda, Sulzberger estimulou a compra de revistas, estações de TV, de rádio e abriu a venda de ações do Times ao público. Quando ele assumiu o cargo, em 1963, a receita do jornal era de US$ 101 milhões.

Quando deixou a presidência, a holding faturava US$ 2,6 bilhões e controlava o Boston Globe, 21 jornais regionais, oito estações de TV, nove revistas, duas estações de rádio em Nova York e uma agência de notícias.

Das mudanças promovidas por Sulzberger tem destaque a compra bilionária de um novo parque gráfico, o que viabilizou a criação de uma edição nacional e de edições especiais regionais, além do uso diário de fotografias e de infográficos coloridos.

Telefonemas.

No período em que esteve à frente do New York Times, Sulzberger tornou-se uma pessoa tão influente que passou a administrar pressões vindas de todos os lados, principalmente da Casa Branca.

Em 1963, o então presidente John F. Kennedy fez de tudo para que o jornal trocasse seu correspondente no Vietnã do Sul. No entanto, por decisão de Sulzberger, o jornalista David Halberstam, que vinha desagradando a Casa Branca com suas reportagens sobre a guerra, permaneceu no cargo.

Em 1967, já durante a presidência de Lyndon Johnson, o então secretário de Estado dos EUA, Dean Rusk, telefonou para Sulzberger para demonstrar a “preocupação” da Casa Branca com o trabalho que o repórter Harrison Salisbury (1908-1993) vinha realizando em Hanói.

Durante o governo de Ronald Reagan, ele foi convidado para comer no Salão Oval. Após a refeição, ele telefonou para a mãe, contando que tinha almoçado com o presidente, o vice-presidente e o secretário de Estado. “Ela me respondeu: ‘Que bom, querido, mas o que eles queriam?'”, lembrou Sulzberger, às gargalhadas. “Eu nunca soube direito o que os políticos queriam.”

INDÚSTRIA

Quando deixou a diretoria do jornal, em 1997, afirma, “ele continuava convencido de que os jornais -ao menos os bons jornais- tinham um futuro brilhante”.

Durante as três décadas em que esteve no comando, o New York Times ganhou 31 prêmios Pulitzer.

“Eu acho que o papel e a tinta vieram para ficar, no caso do tipo de jornais que imprimimos”, ele disse, em uma entrevista concedida já durante a aposentadoria. “Não há falta de notícia no mundo. Se você quer notícia, você pode ir ao ciberespaço e tirar do meio deste monte de lixo. Mas eu não acho que a maioria das pessoas seja competente para se tornar editor, ou tenha tempo ou interesse para isso.”

Sobre o jornal que ajudou a construir, ele o definia de maneira simples e direta.

“Você não compra notícias quando compra o “New York Times”, você compra posicionamento”, disse.

O executivo Arthur Ochs Sulzberger morreu dia 29 de setembro de 2012, aos 86 anos, em sua casa, em Southampton, Nova York.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado- MERCADO / DE SÃO PAULO – 29 de setembro de 2012)

(Fonte: http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral – INTERNACIONAL / Por O Estado de S.Paulo – MEMÓRIA – 30 Setembro 2012)

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