A primeira indiana a protagonizar uma animação da Disney

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Conheça Mira, a primeira indiana a protagonizar uma animação da Disney

 

Detetive Real

“Mira, a Detetive do Reino” – (© Disney/Divulgação)

 

 

“Mira, a Detetive do Reino” estreou em 20 de julho no canal Disney Junior. Trata-se da primeira animação do estúdio com uma protagonista sul-asiática como protagonista. Mira vive na fictícia Jalpur, inspirada na Índia, e é nomeada pela rainha para o cargo de Detetive Real – por conta de sua ousadia, criatividade e, acima de tudo, observação.

 

Com foco no público infantil de dois a sete anos, a série segue os passos de Mira com um eclético grupo de amigos e colaboradores, que inclui o príncipe Neel, sua criativa prima Priya e os engraçados ​​Mikku e Chikku. Em episódios de duas histórias de 11 minutos, o grupo sempre embarca em aventuras divertidas e soluciona mistérios que promovem o pensamento crítico e o raciocínio dedutivo para jovens telespectadores. O curioso mesmo é poder explorar a rica cultura e os costumes inspirados no sul da Ásia, com cores, músicas e danças típicas.

 

Uma importante colaboradora de “Mira, a Detetive do Reino” é a jornalista e especialista em comunicação e marketing, Shagorika Ghosh Perkins, que já tinha trabalhado com a Disney em outros projetos, como “Os Heróis de Sanjay”. Casada com um americano e mãe de uma filha de oito anos, Shagokira conversou com CLAUDIA via zoom de seu apartamento no Texas sobre o processo criativo e a importância da diversidade nas séries para o público infantil.

 

Como surgiu o projeto e como começou sua participação na série?

 

Eu creio que o projeto mesmo tenha começado há uns oito anos dentro da Disney, com os roteiristas, e eu entrei pouco mais de três anos atrás. Então as decisões principais, inclusive de ter a protagonista indiana já tinham sido tomadas. Por isso, quando entrei, já era para lidar com outras questões. Desde que cheguei vi o quanto a equipe já estava apaixonada por Mira e as outras personagens e foi como uma família para mim.

 

Sua parte foi de acrescentar adequação e fazer com que a linguagem fosse respeitosa culturalmente e clara para estrangeiros. Como é realizar essa atividade?

 

Eles tinham tanto material, tinham feito tanta pesquisa e acumulado tanta informação que eu fiquei feliz em ajudar a filtrar parte disso tudo.

 

E como foi para você ver uma protagonista Indiana pela primeira vez em uma série da Disney? 

Fiquei encantada, não apenas pela personagem, mas porque toda a série representa e reflete a cultura sul-asiática. Em dias como os de hoje, quando interagimos e nos aproximamos de pessoas de todas as partes do mundo, é maravilhoso ter essa possibilidade de abrir a cabeça das pessoas, porque nós podemos até nos conhecer, mas ao descobrir as raízes das outras pessoas podemos nos conectar mais profundamente com elas.  E ter um programa onde podemos falar com as crianças em uma fase em que são muito mais receptivas, é importante. O que aprendemos quando novos fica com a gente para o resto da vida. Uma série como “Mira” pode ajudar as crianças a abraçarem outros costumes.

 

Você tem uma filha de oito anos, público-alvo de Mira. Como foi trabalhar com uma fonte dentro de casa?

Até então muita da representação da minha cultura era em filmes de Bollywood e nada de conteúdo infantil. Algo como “Mira” não existia quando eu era criança. No meu tempo eu assistia “Tom e Jerry”, de outro estúdio [da Warner](risos).  Então, ter uma filha de oito anos possibilitou observá-la, conversar com ela, ver o que ela gostava, o que aprendia e o que apreciava e usar esse conhecimento na série.

 

Como especificamente?

No roteiro, nos diálogos, eu conseguia identificar se estava simples o suficiente e estava dito de uma forma que a criança rapidamente entenderia. Eu observei minha filha aprendendo novas palavras, assistindo a outros shows e aprendi a identificar essa possibilidade.

 

E como foi na quarentena?

Estamos há mais de 12 semanas estudando de casa e ela me viu recebendo as cópias finais da série antes da estreia. Me emocionava quando ela me abraçava e dizia “quero ser a Mira quando crescer”. Saber que ela pode se ver em um desenho me enche de felicidade.

Como simplificar a rica cultura indiana e evitar estereótipos?

Foi uma preocupação de toda equipe desde o início, incluindo o sotaque. Em um país que se têm 27 idiomas oficiais e mais de 100 dialetos não podemos dizer que há “um” sotaque indiano. Seria impossível e fugimos disso. O elenco é sul asiático, mas fala normalmente sem forçar uma pronúncia.

E as cores tiveram papel essencial na trama, não?

Sim, porque é assim na cultura indiana. Desde a realeza que usa vermelho e dourado (cores menos disponíveis para a pessoa comum) ou azul e rosa. O azul da cidade e nas roupas das pessoas é inspirado em uma área no noroeste da Índia, onde é desértica e o azul lembra a água, acalma as pessoas. Rosa, que é um misto de branco e vermelho, é uma cor de recepção, para refletir o pensamento de “bem-vindo”.  As cores vibrantes são para trazer calor e vida, por isso não se vê tantas pessoas usando cores “frias”. A essência da Índia está representada nas cores.

E a segunda temporada já está confirmada?

Sim! É bom, porque muitas pessoas me perguntaram isso no Facebook e já foi confirmada a segunda temporada. Há tantas histórias para contar, tanta diversidade e tanta representatividade da Índia para revelar que até com sete temporadas não esgotaríamos o material (risos). Eu realmente espero que no Brasil gostem tanto de Mira como eu gostei.

 

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/viagem/noticias – ESTILO DE VIDA / VIAGEM / NOTÍCIAS / Por Ana Claudia Paixão – 20/07/2020)

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