Wilson Barbosa Martins, ex-governador de Mato Grosso do Sul, sendo lembrado como um dos melhores administradores do Estado

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Wilson Barbosa Martins, ex-governador de MS

 

Além de governador, também foi deputado federal, senador e prefeito da capital de MS.

 

Wilson Barbosa Martins em reunião com o então presidente da República, José Sarney (Foto: Arquivo pessoal)

 

Ex-prefeito da Capital e congressista, Dr. Wilson acompanhou parte da trajetória de criação de Mato Grosso do Sul.

 

Wilson entre do ex-presidente da Assembleia, Jerson Domingos, e do ex-governador André Puccinelli (Foto: Arquivo)

 

Wilson Barbosa Martins (Fazenda São Pedro, região de Vacaria, Campo Grande, 21 de junho de 1917 – Campo Grande, de Mato Grosso do Sul, 13 de fevereiro de 2018), ex-governador de Mato Grosso do Sul.

Ex-prefeito de Campo Grande entre os anos de 1959 e 1963, deputado federal e senador por Mato Grosso do Sul, ele também foi governador por dois mandatos –1983 e 1986 e 1995 e 1998.

Ele trabalhou como secretário-geral da prefeitura de Campo Grande e, em 1945, fundou a UDN (União Democrática Nacional) em Mato Grosso. Nessa legenda, foi eleito suplente do senador João Vilas Boas (1891-1985) em 1954, mas não chegou a exercer o mandato, até que se elegeu prefeito de Campo Grande em 1958.

Em 1966, Wilson assumiu mandado de deputado federal, participando de importantes investigações como a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do ex-território do Acre, a CPI da Indústria da Borracha, a do Sistema Bancário e a sobre vendas a crédito. Isso até a ditadura militar, quando teve o mandato parlamentar cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos pelo Ato Institucional nº 5, em 1965.

Finalmente, em 1979, filiou-se ao PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), sendo eleito governador do recém-criado Mato Grosso do Sul três anos depois. Ainda em 1987, foi escolhido através do voto para ocupar a primeira vaga de senador do Estado, deixando Ramez Tebet em seu lugar no Governo.

Como parlamentar votou a favor do mandado de segurança coletivo, da proteção ao emprego contra a demissão sem justa causa, do turno ininterrupto de seis horas, do aviso prévio proporcional, da unicidade sindical, da soberania popular, do voto aos 16 anos, da nacionalização do subsolo, entre outros projetos importantes para o país.

Foi ele também o responsável por aprovar a abertura de processo de impeachment contra o então presidente Fernando Collor de Melo e, anos depois, em outubro de 1994 foi novamente eleito governador do Mato Grosso do Sul. Na época, assumiu um estado cheio de dívidas e com salários atrasados, tendo que renegociar os débitos para colocar o governo nos trilhos.

Considerado um gestor mais à ‘esquerda’, em antagonismo a seu principal adversário, Pedro Pedrossian, Wilson Barbosa foi responsável por privatizar a antiga Enersul (Empresa Energética do Estado do Mato Grosso do Sul), hoje Energisa, e garantiu a pavimentação de 2,5 mil quilômetros de rodovias, sendo lembrado como um dos melhores administradores do Estado.

 

Trajetória

 

Wilson Barbosa Martins nasceu no dia 21 de junho de 1917 na Fazenda São Pedro, região de Vacaria, que pertenceu a Campo Grande e que atualmente faz parte do município de Rio Brilhante. Formou-se em direito na Faculdade do Largo de São Francisco em São Paulo, aos 22 anos, em 1939. Na época, ele foi veterano de Ulisses Guimarães, que mais tarde foi companheiro na elaboração e promulgação da Constituinte de 1988, conhecida como Carta Cidadã.

 

Em 1943, ao se aliar aos opositores à ditadura de Getúlio Vargas, ele ajuda a fundar a UDN. Dr. Wilson se encantou com as ideias separatistas do sogro e a vivência no mundo jurídico levaram Wilson Barbosa Martins a entrar para a vida pública em 1946. Ele disputou o cargo de prefeito de Campo Grande pela primeira vez, quando perdeu para Ary Coelho de Oliveira (PTB), (1910-1952), que foi assassinado dois anos depois em Cuiabá, então capital do Mato Grosso uno.

No mesmo ano em que Vespasiano se elege ao Senado, o genro assume a Secretaria-Geral da Prefeitura de Campo Grande (MT) na gestão do prefeito Fernando Corrêa da Costa.

Em 1946 exerceu o cargo de secretário geral da Prefeitura de Campo Grande, na administração do prefeito Fernando Correia da Costa (1903-1987).

Ele retornou a Campo Grande em 1941 e começou a trabalhar como advogado. Em 1943 se casa com Nelly Martins, filha de um dos pioneiros do movimento de divisão do então Mato Grosso, Vespasiano Martins, que foi prefeito de Campo Grande por quatro mandatos, senador da República e governador revolucionário do Estado de Maracajú, uma antecipação do que viria a ser Mato Grosso do Sul, criado sem autorização da União durante a revolução constitucionalista de 1932.

Em 1958 foi eleito prefeito da capital, substituindo Marcílio de Oliveira Lima. Filiado ao partido da União Democrática Nacional (UDN), foi eleito deputado federal por Mato Grosso do Sul em 1963. Foi reeleito em 1966 e cassado pelo Ato institucional número cinco em 1969, tendo seus direitos políticos suspensos por dez anos.

Em 1958, Wilson Martins coloca seu nome à apreciação do eleitor pela segunda vez e é eleito prefeito de Campo Grande, onde permanece até 1962. A administração é marcada pela reforma administrativa, organização do cadastro imobiliário e da cobrança de tributos e na implantação da previdência social no município.

Ao encerrar o mandato, aos 45 anos, o jovem Martins viu sua gestão fazer da cidade um dos cinco municípios de maior progresso no Brasil, eleito por um concurso feito pelo Ibam (Instituto Brasileiro de Administração Municipal) e pela extinta revista O Cruzeiro.

Em 1979 foi eleito o primeiro presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), e neste mesmo ano recuperou seus direitos políticos e em 1982 retornou elegendo-se governador do estado, o primeiro eleito pelo voto direto a governar Mato Grosso do Sul. Antes de concluir seu mandato de governador, disputou uma cadeira no Senado e integrou a Comissão de Sistematização da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Carta Magna do país. Na eleição de outubro de 1994 foi novamente eleito governador, pelo PMDB.

Ao sair da Prefeitura é eleito deputado federal pelo Estado de Mato Grosso. A imprensa da época o elegeu como um dos dez melhores parlamentares da Câmara Federal por sua atuação nas comissões permanentes da Casa. Na Câmara dos Deputados, ele participou ativamente da crise causada pela renúncia do presidente Jânio Quadros. Em entrevista, Martins sempre considerou a renúncia de Quadros um “grave erro político”.

Em 1961, como integrante da ala reformista da UDN, conhecida como Bossa Nova, acompanhou o debate sobre as reformas propostas por João Goulart, o Jango.

Em 1966, então deputado federal, criou e presidiu o então MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Opositor da ditadura estabelecida no Brasil em 1964, é cassado do cargo em 1969 pelo AI-5 (Ato Institucional nº 5) e tem seus direitos políticos suspensos por 10 anos.

Novo tempo – Nos anos de chumbo, Wilson se afasta da vida pública e passa a se dedicar a advocacia. No mesmo ano em que tem de volta seus direitos políticos, é eleito o primeiro presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul).

Logo após a criação do Estado de Mato Grosso do Sul, pelo então presidente Ernesto Geisel, ele volta a presidir o partido que ajudou a fundar, o MDB, que depois passou a ser chamado de PMDB.

Em 1982, após o irmão, Plínio Barbosa Martins se recusar a ser candidato da oposição, apesar do favoritismo, Dr. Wilson disputa a eleição e se torna o primeiro governador eleito pelo voto direto na história de Mato Grosso do Sul. Ele derrotou José Elias Moreira, o candidato do Governo, e sucede, pela primeira vez, o engenheiro Pedro Pedrossian (1928-2017). Os dois se tornam inimigos históricos. Para o peemedebista, o desafeto gastava muito e deixava obras por fazer.

Ele governou o Estado de 1983 a 1986. Dr. Wilson fez uma gestão memorável que o projetou como favorito nas eleições seguintes. A administração pavimentou 2,5 mil quilômetros de rodovias, incluindo-se as rodovias federais BR-262 (entre Corumbá e Três Lagoas) e a BR-163 (entre Dourados e a divisa do Paraná).

Dr. Wilson teve bom trânsito com o então ministro da Fazenda, Delfim Neto, e viabilizou recursos para implementar uma política de valorização do funcionalismo público estadual.

Em 1986, ele renunciou para disputar uma vaga no Senado e deixou o Governo para Ramez Tebet (PMDB). Eleito senador para o período de 1987-1994, ele foi um dos integrantes da Constituinte de 1988. Um dos companheiros de Senado foi Mário Covas, que se elegeria governador de São Paulo.

Segundo mandato – Em 1994, ele disputa o Governo com Levi Dias e vence com 392,3 mil votos. No entanto, o segundo mandato de Martins é marcado por problemas. Ele herda, pela segunda vez, a administração de Pedro Pedrossian, que deixa várias obras inacabadas, como o Parque das Nações Indígenas, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o Parque do Produtor (que se transformou no Shopping Norte Sul na gestão de André Puccinelli) e a Estação Rodoviária de Campo Grande no Jardim Cabreúva (que não concluída até hoje).

Em entrevista, Wilson Martins admite que a segunda administração foi “um Governo marcado por crises”. Ele comandou a renegociação da dívida pública do Estado com o Governo federal, então comandado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um aliado. O acordo compromete, até hoje, 15% da receita corrente líquida com o pagamento da dívida. “As regras eram uniformes”, justificou-se o ex-governador.

Ele também comandou a venda da Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul) por R$ 700 milhões. O dinheiro foi usado para pagar salários dos funcionários e débitos do governo estadual. Ele transferiu o cargo para o candidato da oposição, Zeca do PT, e se despede da vida pública.

Academia – Em 2010, lança seu livro “Memória – Janela da História” e é eleito para ocupar a cadeira nº 38 da ASL (Academia Sul-Mato-Grossense de Letras), que antes era ocupado por sua falecida esposa, também escritora.

Em 2010 publicou o livro ‘Memória – Janela da História’, a obra além de narrar a sua trajetória pessoal, retrata episódios importantes da história de Campo Grande, de Mato Grosso do Sul e do Brasil. Wilson Barbosa Martins casou-se com Nelly Martins, com quem teve três filhos: Nelson, Thaís e Celina.

Wilson Barbosa Martins, de 100 anos, morreu em 13 de fevereiro de 2018, em sua casa, em Campo Grande.

Nos últimos anos ele vivia recluso, em casa, em razão da saúde debilitada. Em 2017, quando completou 100 anos, a Assembleia Legislativa do estado realizou uma sessão solene em comemoração a data, onde ele foi representado por familiares.

Na época da homenagem, o presidente da Assembleia, deputado Junior Mochi (PMDB), ressaltou a importância da trajetória dele para o estado. “Wilson nunca escolheu a sombra ou o sol nos caminhos. Trilhou sempre o caminho da democracia e da liberdade. Fortaleceu o sindicalismo, ainda que isso representasse fortalecer adversários. Superou divergências históricas para construir alianças, criando um ambiente de unidade que atraiu investimentos e lançou bases da diversificação da nossa economia. Por tudo isso e muito mais que reconhecemos como referência da nossa vida política”, agradeceu o parlamentar na época.

Presente a homenagem, a neta do ex-governador, Fabiana Martins Jallad, falou na época de sua admiração por ele. “A minha maior emoção é que ele hoje concretiza um sonho, que era chegar aos 100 anos de idade. Apesar de toda a fragilidade da saúde dele, ele está lúcido e entendendo tudo isso que está sendo celebrado. Este momento é uma emoção muito grande mesmo, não tem como não se emocionar. Nós aprendemos com ele que o que vale na vida é a humildade, são os amigos. A personalidade Wilson pra mim é longe do que eu tenho do ser humano Wilson, ele é um dos meus grandes amores”, contou emocionada.

(Fonte: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia – MATO GROSSO DO SUL / Por G1 MS – 13/02/2018)
(Fonte: https://www.campograndenews.com.br/politica – POLÍTICA / Por Humberto Marques – 13/02/2018)
(Fonte: http://www.msnoticias.com.br/editorias/politica- POLÍTICA – MATO GROSSO DO SUL / Por Topmidia News/Diana Christie e Liziane Berrocal – 13/02/2018)
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