Walter Portella, ator e diretor de teatro, cuja trajetória atravessou momentos fundamentais para a história do teatro nacional

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Dramaturgo foi parceiro de trabalho de Antunes Filho no Centro de Pesquisa Teatral

Walter Portella e Alejandra Sampaio em cena de “Valéria e os pássaros” - (Foto: Johnatan Petrassi / Divulgação)

Walter Portella e Alejandra Sampaio em cena de “Valéria e os pássaros” – (Foto: Johnatan Petrassi / Divulgação)

Walter Portella (Passo Fundo no Rio Grande do Sul, 1936 – São Paulo em 25 de setembro de 2015), ator e diretor de teatro, cuja trajetória atravessou momentos fundamentais para a história do teatro nacional, principalmente nos anos 1970 e 1980, quando trabalhou ao lado de Antunes Filho.

Parceiro de trabalho de Antunes Filho no Centro de Pesquisa Teatral (CPT) durante 20 anos, Portella participou das montagens de “Macunaíma” (1978), adaptação do romance de Mario de Andrade, e “Nelson Rodrigues – Eterno Retorno”, com adaptações de obras do dramaturgo e escritor.

Antunes Filho e Zé do Caixão

Durante duas décadas foi o braço direito de Antunes Filho no CPT (Centro de Pesquisa Teatral), no Sesc Consolação. Ele participou da histórica montagem de Antunes Filho para Macunaíma, em 1978.

Logo que chegou em São Paulo, vindo de Passo Fundo no Rio Grande do Sul, conseguiu emprego com José Mojica Marins, o Zé do Caixão, com o qual escreveu roteiros e ainda fez ponta nos filmes de terror do cineasta.

Na década de 1970, atuou em filmes como Fruto Proibido e Caçada Sangrenta.

Recentemente,ele esteve ligado à Velha Companhia, de Kiko Marques, Alejandra Sampaio e Virgínia Buckowski. Com o grupo fez como ator “Cais ou da Indiferença das Embarcações” (2013) e, no primeiro semestre, “Valéria e os Pássaros”. Em razão de problemas de saúde foi obrigado a deixar a montagem.

Walter Portella em uma de suas últimas peças, Cais ou da Indiferença das Embarcações, com a Velha Companhia – (Foto: Lenise Pinheiro)

Walter Portella em uma de suas últimas peças, Cais ou da Indiferença das Embarcações, com a Velha Companhia – (Foto: Lenise Pinheiro)

Portella também trabalhou na montagem de O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, dirigida por Marco Antonio Braz, em 2002.

Os atores Walter Portella e Rose de Oliveira em cena da peça 'O Beijo no Asfalto', dirigida por Marco Antonio Braz, em 2002. (Foto: Lenise Pinheiro/Folhapress)

Os atores Walter Portella e Rose de Oliveira em cena da peça ‘O Beijo no Asfalto’, dirigida por Marco Antonio Braz, em 2002. (Foto: Lenise Pinheiro/Folhapress)

Em entrevista em 2014 ao jornal Folha da Região, quando participava do Festara (Festival de Teatro de Araçatuba), ele declarou: “Não vale a pena ser ator se não for artista. Ser artista é vibrar, é ter sensibilidade para entender a vida. Somente ser ator é muito pouco”.

Realmente, Portella foi mais que um ator. Foi um grande artista.

Walter Portella morreu em São Paulo em 25 de setembro de 2015, aos 79 anos. Ele sofria de polineuropatia, doença degenerativa com sintomas semelhantes ao Mal de Parkinson. Nos últimos tempos, morava no Palacete dos Artistas, no centro de São Paulo. O corpo foi velado no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, região central da cidade.

Para a atriz Rachel Ripani, que começou a carreira ao lado de Portella, ele “sempre foi um dos meus nortes, com seu profissionalismo sério, seu talento, sua ética sem desvios”.

— Ele era um dos artistas mais dedicados com quem a gente trabalhou. Culto, humilde, um mestre. E tinha uma força de vontade invejável, mesmo derrubado ele chegava no teatro três horas antes de todo mundo — disse Virgínia, atriz e produtora da Velha Companhia.

— O Portella mexe com o meu imaginário. Eu o vi com o Antunes Filho em “Macunaíma”, quando ainda não pensava em fazer teatro. Trabalhamos juntos depois em “O Beijo no asfalto” e “Bonitinha, mas ordinária”. E para mim foi um deslumbre. “Cais” eu escrevi para ele, que faz o papel do barco. E agora esse barco, que nunca afundou, se foi — disse Kiko Marques, dramaturgo e diretor da Velha Companhia.

(Fonte: http://www.miguelarcanjoprado.com/2015/09/25 – TEATRO/ Por MIGUEL ARCANJO PRADO – 25/09/2015)

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – N° 18.245 – TRIBUTO – 26 de setembro de 2015 – Pág: 35)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/teatro -17604516 – CULTURA – TEATRO E DANÇA – POR O GLOBO – 25/09/2015)

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