Walter Lewy, pintor, gravador, ilustrador, paisagista, desenhista publicitário.

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WALTER LEWY: MESTRE DO SURREALISMO NO BRASIL

Considerado mestre do surrealismo no Brasil

Walter Lewy (Bad Oldesloe, Alemanha 1905 – São Paulo, São Paulo 1995), pintor, gravador, ilustrador, paisagista, desenhista publicitário.

A trajetória trilhada pelo artista alemão, de origem judaica, desde a sua chegada ao Brasil em 1938, fugindo da brutalidade nazista, até as últimas pinturas, feitas pouco antes de sua morte, em 1995, destacando sua vocação surrealista.

Inicialmente ligado ao movimento da Nova Objetividade, na Alemanha, Lewy afasta-se cada vez mais do caráter de denúncia desse movimento e passa, a partir de sua chegada ao País, a explorar um repertório de imagens de caráter onírico e simbólico que, segundo ele, lhe abriam um leque de inúmeras possibilidades.

Dentre os elementos mais recorrentes em sua produção estão as plantas suculentas, como cactos (já presentes no único desenho do período alemão presente na exposição), as pedras (que assumem diversas formas, de planetas a pequenas gemas preciosas), chaves e fechaduras (como símbolos do masculino e feminino), ou a figura sensual de uma mulher azul, representando sua esposa Dirce, que conhece por intermédio de Di Cavalcanti, de quem havia sido modelo.

Definindo o surrealismo como “a pintura do absurdo, do impossível, do paradoxo, do fantástico”, ele permanece ao mesmo tempo fiel a esse universo metafísico e conectado com os movimentos mais amplos da arte internacional, como é possível ver, por exemplo, nos trabalhos dos anos 1950 e 1960, nos quais mantém intenso diálogo com o abstracionismo e as formas geométricas e sinuosas da arquitetura modernista.

Lewy mantinha fortes vínculos com a classe artística brasileira: conviveu com figuras como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti (com quem vai à Bahia nos anos 1970 e lá absorve toda uma iconografia baseada nos símbolos do candomblé), Francisco Rebolo, Clóvis Graciano e Sergio Milliet, entre outros; esteve próximo do Grupo Santa Helena; e participou dos movimentos de fundação do Museu de Arte Moderna e da Bienal de São Paulo, onde expôs algumas vezes.

A ampla produção (foram repertoriados mais de cinco mil trabalhos), a presença em acervos importantes como os do MAC e MAM, as premiações e a ampla teia de relações pessoais não impediram que a obra de Lewy caísse no esquecimento por um longo período de tempo, provavelmente em decorrência da rejeição à pintura figurativa, de cunho surrealista, das últimas décadas.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer – NOTÍCIAS – CULTURA/ Por MARIA HIRSZMAN – Agência Estado – 17 de junho de 2013)

Polícia nazista – Lewy nasceu numa pequena cidade do norte da Alemanha em 1905, e desde os 18 anos trabalha com artes visuais. “Pintava por prazer; e trabalhava em publicidade para sobreviver.

A primeira fase de sua obra se enquadrava numa importante tendência alemã dos anos 20, a “Nova Objetividade” – uma espécie de reação ao individualismo exagerado do expressionismo e à disciplina cerebral do cubismo.
“Eram obras que acrescentavam uma certa magia à realidade. E, ao mesmo tempo, continham um elemento de crítica social.”

Em 1936, ele fugiu para o Brasil. “Amigos me avisaram que a polícia nazista já estivera duas vezes na casa de meus pais.” Na nova pátria, ficou uns três anos apenas cuidando de sobreviver, como free-lancer, depois empregado de uma agência de publicidade, e capista de livro. Quando voltou à pintura, foi para descobrir seu estilo definitivo. “Sempre gostei do fantástico”, esclarece ele. “Minha literatura preferida sempre esteve nesse gênero – Edgar Allan Poe, por exemplo.

Da mesma forma, Lewy admira os grandes mestres do passado cuja obra, de alguma forma, antecipou o surrealismo – Goya, Bosch, Breughel. E gosta dos contemporâneos com quem tem afinidades claras: Ernst, Magritte e Tanguy.
(Fonte: Veja, 12 de setembro de 1973 – Edição 262 – ARTE/ Por Olívio Tavares de Araújo – Pág; 152/153)

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