Vera Chytilová, cineasta tcheca, que fez parte da nouvelle vague do cinema tchecoslovaco dos anos 60

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Vera Chytilová, conceituada cineasta feminista tcheca, com o status de “primeira-dama do cinema tcheco”, diretora de “As Pequenas Margaridas”

 

 

Vera Chytilová em foto de 2 de fevereiro de 2009 (Foto: AP/CTK, Rene Volfik)

Vera Chytilová em foto de 2 de fevereiro de 2009 (Foto: AP/CTK, Rene Volfik)

 

Cineasta foi nome fundamental da “nova onda” do cinema checo nos anos 1960

Em seus filmes, cineasta satirizou sociedade e relações humanas.

 

 

A cineasta Vera Chytilová, pioneira do cinema checo e uma das ostracizadas pelo regime soviético logo após a Primavera de Praga (1968), tendo ficado restringida, como todo o movimento artístico Checoslovaco, de exercer a sua atividade até 1975. (Foto: DIREITOS RESERVADOS / Divulgação)

 

 

Vera Chytilová (Ostrava, 2 de fevereiro de 1929 – Praga, 12 de março de 2014), cineasta tcheca, que fez parte da “nouvelle vague” do cinema tchecoslovaco dos anos 60 e chamada de “a primeira-dama do cinema tcheco”.

A cineasta, pioneira do cinema checo e uma das ostracizadas pelo regime soviético logo após a primavera de Praga (1968), tendo ficado restringida, como todo o movimento artístico Checoslovaco, de exercer a sua atividade até 1975.

A diretora checa Vera Chytilova, nome fundamental da nova onda do cinema checo nos anos 1960, alcançou o sucesso de crítica com “As Pequenas Margaridas”, de 1966. Como os filmes de outros novos diretores checos da época, o longa representou uma fuga radical em relação ao realismo socialista, tendo como protagonistas duas adolescentes que decidem ser mimadas e se divertir.

O filme foi imediatamente banido, mas ganhou o Gran Prix do Festival de Cinema de Bergamo, na Itália, em 1967.

Chytilova estudou Filosofia e Arquitetura e trabalhou como modelo antes de se formar na Academia de Artes Performáticas de Praga, em 1962.

A diretora de cinema tcheca Vera Chytilova, representante da nova onda cinematográfica tchecoslovaca dos anos 60 do século 20, estudou filosofia e arquitetura, antes de cursar estudos na escola de Cinema (Famu) de Praga, onde teve como mentor Otakar Vávra (1911-2011), onde foi da turma de célebres cineastas como Milos Forman (1932-2018) e Jiri Menzl.

O seu projeto final de curso revela logo uma marca feminista na sua obra: Strop (Ceiling), baseado nas suas próprias experiências, mistura cinema verité e formalismo para contar a história de uma modelo que encontra a exploração e o materialismo no mundo vazio da moda. Inicialmente banido pela crítica do papel das mulheres na sociedade Checa, o filme viria a ganhar um prêmio no Festival de Cinema de Oberhausen.

A sua primeira longa-metragem foi completada em 1963, O Necem Jinem, mas foi com Daisies – Jovens e Atrevidas (1966) que viria a ganhar maior destaque, embora a crítica se dividisse entre as acusações de mixórdia cinematográfica e os elogios de intransigente e radical. Estes últimos valores vieram a destacar os aspetos surreais da Nova Vaga Checa, ganhando Chytilová uma reputação de pioneira ao lado de Milos Forman e Jiri Menzel, mas nunca fazendo a transição para o ocidente, como estes e outros [Jan Nemic (1936-2016) e Ivan Passer, por exemplo] conseguiram.

Curiosamente, perguntaram-lhe anos mais tarde se não se arrependia de ter recusado convites nos anos 60 para mudar-se para o ocidente. Ela responde que não, mas brincou com a situação pegando numa notícia de um cineasta francês que queria fazer um remake de um filme seu da era comunista: «Bem, os americanos fazem remakes dos filmes franceses, e os franceses remakes dos checos. Lentamente, lentamente, acabo por chegar aos EUA».

Jovens e Atrevidas teve reconhecimento internacional [curiosamente foi exibido na última edição do Lisbon & Estoril Film Festival], mas até 1967 foi proibido no seu país, particularmente por uma cena onde comida [o fruto do trabalho dos agricultores]é destruída.

 

Jovens e Atrevidas (Foto: DIREITOS RESERVADOS / Divulgação)

 

Rebeldes e satíricas, os filmes de Chytilova mostram sem concessões o estado da sociedade e das relações humanas.

Chytilova nasceu em 2 de fevereiro de 1929 em Ostrava (noroeste) e deu seus primeiros passos no cinema em 1951.

Após se formar na Academia Superior de Cinema de Praga em 1962, Chytilova dirigiu “As Margaridas” (1966), “O Jogo da Maçã” (1976), “História pré-fabricada” (1979) e “Calamidade” (1981).

A cineasta começou a construir seu nome na história da sétima arte com filmes como As Margaridas (1966), que representou um escape do realismo socialista da época com uma indagação na experimentação visual, e seguiu com sua crítica do sistema imperante com História Pré-Fabricada (1979).

Apesar de os filmes de Vera terem sido proibidos pelo regime comunista, a cineasta permaneceu na Tchecoslováquia.

Seu primeiro filme liberado foi “The Apple Game”, que foi premiado no Festival de Cinema de Chicago em 1977.

Com o fim do regime soviético em 1989, a diretora seguiu fazendo duras críticas às carências do novo sistema, onde duvidosas privatizações e restituições de propriedade fizeram surgir uma casta de novos ricos sem escrúpulos.

Feminista e engajada, seu cinema continuou denunciando os problemas da sociedade contemporânea também depois da queda da Cortina de Ferro.

No seu trabalho sempre explorou os problemas da sociedade contemporânea com diversos exageros satíricos e consecutivamente foi dura nas críticas para as falhas humanas, para o estado da sociedade e das relações interpessoais.

Décadas mais tarde filmaria e levaria a Veneza Pasti, pasti, pastičky (1987), filme que de certa maneira continuava algumas ideias de Jovens e Atrevidas e que demonstrava as influências dos movimentos feministas e de contracultura.

Filmes como O Jogo da Maçã (1977), Story from a Housing Estate (1980), Calamidade (1982), e Wolf’s Lair (1987) cimentam o seu nome no panorama no cinema e, em 2000, na 35ª edição do Festival de Karlovy Vary, é homenageada. No mesmo ano reage ao seu estilo ácido numa entrevista ao The Guardian, dizendo que «francamente preferia ter dinheiro a homenagens».

Esta forma corrosiva, típica na cineasta, sempre percorreu a sua carreira e filmografia. A imprensa local sempre a referiu como arrogante, satírica e irônica, entre outros adjetivos que podem tanto ser vistos como críticas ferozes ou elogios ao seu gênio e feitio. Sem papas na língua, quase explodiu de embaraço e raiva quando contou à imprensa o bizarro caso que ocorreu na Alemanha durante as filmagens de Expulsion from Paradise (2001).

Baseado em The Naked Ape (O Macaco Nú), de Desmond Morris, e passado numa praia nudista, existe uma cena em que uma jovem surge nua. Alertados por um pescador, a polícia invadiu a praia e deteve Chytilova, um cameraman e um técnico, estando em cima da mesa acusações de pedofilia. O filme seria mais tarde acabado secretamente numa região da Boémia, sendo referido pela cineasta, mais uma vez na entrevista ao The Guardian, como uma obra  sobre a relação entre os que usam roupa e os que não usam. «Estragaram a nossa oportunidade de fazer uso dos últimos dias de sol», concluiu.

O seu último filme data de 2006, Pleasant Moments. Apesar de não ter tido grande reconhecimento pelos festivais ou crítica, a cineasta foi sendo agraciada por diversas instituições, recebendo mesmo pela sua carreira a Ordem das Artes e Letras em França e, no seu pais, a Medalha de Mérito e o Leão de Ouro nos Prémios do cinema Checo.

Chamada de “primeira-dama do cinema checo”, Chytilova recebeu condecorações em seu país e também na França.

Vera Chytilová faleceu em 12 de março de 2014, em Praga aos 85 anos.

(Fonte: http://www.c7nema.com – CINEMA / por Jorge Pereira – 13-03-2014)

(Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/cinema/2014-03-13 – CULTURA – CINEMA / Por iG São Paulo – 

(Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2014/03 – POP & ARTE – CINEMA – Da France Presse – 12/03/2014)

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/cinema – CINEMA – ENTRETENIMENTO – CINEMA / POR EFE – 13 MAR 2014)

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