Tornou-se o primeiro artista a ser capa das revistas Time e Newsweek na mesma semana

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O cantor se tornou o primeiro artista a ser capa das revistas Time e Newsweek na mesma semana

Há uma caixa à venda que é irresistível para os fãs de Bruce Springsteen. Trata-se de uma edição ampliada de “Darkness on the Edge of Town”, álbum de 1978.

E põe “ampliada” nisso. São três CDs e três DVDs, numa charmosa embalagem em forma de caderno espiral tamanho universitário.

Vários dias podem ser dedicados à leitura do “caderno”, que traz reproduções das páginas de anotações que Springsteen fez à mão durante as gravações e muitas, muitas fotos.

Para entender a relevância do álbum, convém recuar até 1975, quando Springsteen estourou nas paradas americanas. Depois de dois álbuns fracos, o hoje clássico “Born to Run” foi o disco do ano.

O cantor se tornou o primeiro artista a ser capa das revistas “Time” e “Newsweek” na mesma semana.

Quando saboreava essa popularidade, Springsteen foi processado por seu ex-empresário, Mike Appel, que pediu um caminhão de dinheiro baseado em detalhes legais que sustentariam um contrato que o cantor considerava encerrado.

Enquanto o processo corria, o cantor foi impedido de lançar discos. Os fãs à espera do sucessor de “Born to Run” ficaram frustrados. Para animá-los, Springsteen passou a fazer apresentações cada vez mais longas, lançando nelas muitas canções.

A procura por essas turnês (nas quais os cambistas vendiam tíquetes de US$ 17 por US$ 600!) gerou os lendários shows do cantor que duravam três ou quatro horas.

QUESTÃO JUDICIAL

Quando a questão judicial foi resolvida, com uma nunca revelada mas com certeza grande quantia para Appel, Springsteen foi para o estúdio e de lá saiu com “Darkness on the Edge of Town”.

A recepção foi calorosa, mas nem tanto. As canções são mais sombrias do que o empolgante álbum anterior.

As vendas não foram as esperadas. O ponto alto do álbum nas paradas foi o quinto lugar, e nenhum single entrou entre os 30 mais.

No entanto o disco permaneceria 97 semanas entre os cem mais vendidos nos Estados Unidos, criando a teoria de que é um álbum “difícil”, que mesmo os fãs radicais foram assimilando aos poucos.

Hoje, soa mais moderno do que “The River” (1980) ou “Born in the U.S.A.” (1984), que alcançaram o topo das paradas em vários países.

O som épico de “Born to Run”, que tratava com fanfarra personagens que davam duro na periferia da América com o sonho de um lugar ao sol, ficou contido.

Uma aura quase jazzística conduz as canções. Os heróis nas letras continuam à margem do sonho americano, mas sem nutrir esperanças.

As 21 faixas que “sobraram” nas gravações, editadas em CD duplo no box, já haviam vazado na internet, mas é bacana ter tudo ali.

Um dos DVDs de show mostra Springsteen cantando o repertório das gravações em dois momentos distintos: no ano passado, em Nova Jersey, com uma pegada mais pesada, e durante shows das turnês de 1976 e 1978.

O melhor do pacotão, sem dúvida, é o DVD que traz a íntegra de um show em 1978, gravado em Houston, Texas. São 26 músicas em três horas de apresentação, com interpretações furiosas. Registra a construção de um ícone.

(Fonte: www1.folha.uol.com.br – THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO – 03/01/2011 – Zero Hora – Segundo Caderno – 11/1/2011)

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