Teilhard de Chardin, jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês

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Teilhard de Chardin, teólogo, filósofo e paleontólogo francês

O diário secreto

Durante meio século, nove rústicos cadernos escolares, repletos de anotações escritas com letra uniforme e segura, tiveram seu impreciso rastro seguido com igual tenacidade – e diferentes objetivos – tanto pela ala conservadora da Igreja Católica como por seus adversários.

Uns pretendiam localizar os manuscritos  apenas para encerrá-los em algum inviolável arquivo de Roma. Outros buscavam nas páginas amareladas novos argumentos contra a ortodoxia filosófica de parte do clero. Foram mistérios que por cinquenta anos cercou os apontamentos pessoais do jesuíta e paleontólogo francês Teilhard de Chardin, formulados entre 1916 e 1925, e depois de finalmente localizados e reunidos num único volume, os nove cadernos tiveram seu conteúdo publicado simultaneamente na França e na Alemanha.

Na verdade, o tempo acabou suavizando o impacto de alguns trechos particularmente explosivos para a época. Mesmo assim, principalmente pelas audaciosas investidas do jovem religioso contra alguns dos mais venerados dogmas da Igreja Católica. Até 1955, quando morreu aos 73 anos de idade, Chardin receberia ásperas admostações, acusações variadas e, também, punições mais concretas – como a forçada renúncia à cátedra no Institute Catholique de Paris, em 1925, seguida de uma espécie de exílio na China, onde permaneceu até 1946.

O caminho da perfeição – Mas, durante toda a vida, Teilhard de Chardin não só conservou suas posições como também registrou sistematicamente suas ideias mais polêmicas no diário secreto. Os raros trechos já conhecidos dos manuscritos concentram-se no “conflito dos católicos do século XX entre a teologia e as ciências físicas e naturais”, um de seus mais caros temas.

Filiando-se à corrente evolucionista, ele afirmava que “Deus não criou um mundo acabado e perfeito, mas apenas apontou o caminho da perfeição”, que só seria trilhado com o ativo engajamento do homem. “Aos olhos de Deus”, escreveu ele em junho de 1917, “colaborar com o progresso social é bem mais importante que o trabalho com algumas almas individuais.”

Mas a dura reação do clero, segundo os defensores de Teilhard de Chardin, fez seus inimigos se esquecerem de que ele não acreditava no homem independente de Deus. Na verdade, Teilhard de Chardin propunha, como meta do desenvolvimento da humanidade, não sóa a satisfação de necessidades materiais como também a elevação das almas e da moral.

De qualquer forma, o futuro se encarregaria de entronizar o combativo jesuíta no altar dos grandes teólogos. Nos anos 60, transformou-se numa espécie de profeta de uma Igreja desvinculada de algumas formulações senis. E, numa época em que o Vaticano procura se entender mais com outras religiões e governos comunistas, a notável atualidade das teses de Chardin foi a melhor recompensa para seu pioneirismo.

(Fonte: Veja, 17 de junho de 1992 – ANO 25 – Nº 25 – Edição 1239 – LIVROS/ Por DUARTE PEREIRA – Pág: 102/103)

(Fonte: Veja, 17 de abril de 1974 – Edição 293 – RELIGIÃO – Pág: 54)

 

 

 

Em 10 de abril de 1955 – Falecimento, em Nova York, do jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês Teilhard de Chardin, nascido em Orcines, em 1° de maio de 1881.
(Fonte: www.correiodopovo.com.br – ANO 117 – Nº 193 -– Cronologia – 10 de abril de 2012)

 

 

 

 

PIERRE TEILHARD DE CHARDIN (1881-1955)

Pierre Teilhard de Chardin nasceu em Sarcenat, Clermont-Ferrand, na França, em 1881. Ingressou na Companhia de Jesus em 1899, ordenou-se sacerdote em 1911 e lecionou geologia e paleontologia no Instituto Católico de Paris de 1920 a 1923. Em seguida, permaneceu no Oriente (China, Índia, Birmânia, Java) até 1946, com vários períodos de estudo passados nos Estados Unidos e na Somália-Etiópia. Em 1923, descobriu a civilização paleolítica do deserto de Ordos, depois participou das escavações de Chou-k ou-tien, que levaram à descoberta do sinantropo (Sinantropos pekinensis). Retornou à pátria em 1946 e esteve novamente nos Estados Unidos em 1951 e em 1953, encarregado de organizar as pesquisas antropológicas no sul da África.

Famoso como cientista, seu pensamento religioso e teológico, porém, só teve sucesso e difusão mundial após sua morte, sobretudo devido à publicação de numerosas obras ainda inéditas, que indicavam à teologia contemporânea novos caminhos de investigação, mais arrojados, baseados na antropologia e na interpretação evolucionista da criação.

Toda sua vida e obra se resume nestas palavras: “Sou um cidadão do Céu e um cidadão da Terra”. Dedicou-se arduamente aos estudos paleontológicos e biológicos, enquanto era um homem de profunda espiritualidade e vida interior. Procurou fazer uma síntese entre Cristianismo e Evolucionismo.

Dentre seus escritos mais famosos destacam-se: “O coração da matéria” (1950), “O fenômeno humano” (1955), “O surgimento do homem” (1956), “O lugar do homem na natureza” (1956), “O meio divino” (1957), “O futuro do homem” (1959), “A energia humana” (1962), “Ciência e Cristo” (1965).

O Santo Ofício chegou mesmo a divulgar um monitum, ou advertência simples, para a aceitação das ideias do religioso, no entanto, suas ideias marcaram e influenciaram profundamente o Concílio Vaticano II.

Teilhard de Chardin regressou à França em 1946, mas ante a impossibilidade de publicar seus textos – que circularam em exemplares mimeografados e só foram editados após sua morte – transferiu-se para os Estados Unidos. Ingressou então na Fundação Wenner-Gren, de Nova York, que patrocinou, nos últimos anos de sua vida, duas expedições científicas ao continente africano.

As teorias teilhardianas, que tendem a interpretar a inspiração cosmológica e escatológica do cristianismo primitivo à luz da ciência moderna, embora recebidas com suspeitas e entre violentas polêmicas, contribuíram para a aproximação entre cristianismo e mundo científico moderno. Em 1950, Teilhard foi nomeado membro da Academia de Ciências de Paris.

Teilhard de Chardin morreu em Nova York, em 10 de abril de 1955, no domingo de Páscoa. Ele teria dito algumas semanas antes numa conversa com amigos: “Seria tão bom morrer na Páscoa!”.

(Fonte: http://coracaomistico.blogspot.com.br/2008/02 – UNIÃO DE BLOGS CATÓLICOS/ Por GILBERTO RIBEIRO E SILVA – 16 DE FEVEREIRO DE 2008)

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