Ta Mok, o último líder e “açougueiro” do Khmer Vermelho

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Ta Mok (1926 – Phnom Penh, 21 de julho de 2006), ex-comandante do Exército do Khmer Vermelho, acusado de genocídioo último líder e “açougueiro” do Khmer Vermelho.  Um dos principais arquitetos do brutal regime instalado pelo Khmer Vermelho no Camboja na década de 1970.

Ta Mok, apelidado de “O Açougueiro”, tinha seu nome ligado às atrocidades da época do regime de Pol Pot, nos anos 70. Cerca de 2 milhões de pessoas morreram sob o regime do Khmer Vermelho, muitas delas vítimas da fome, doenças ou execução.

Em 1997, Ta Mok derrubou Pol Pot na liderança do que restava do Khmer Vermelho, tornando-se o último líder do grupo.

Em março de 1999, Ta Mok foi preso em Phnom Penh e três anos depois foi acusado de crimes contra a humanidade.

Ta Mok, o último líder do Khmer Vermelho e que deveria comparecer ante um tribunal sobre o genocídio cambojano, e privou a justiça de um testemunho importante dos 27 anos da queda de um regime que deixou cerca de dois milhões de mortos.

Apelidado de “açougueiro” pelas matanças que lhe eram atribuídas, o ex-dirigente Ta Mok ia ser julgado por genocídio e crimes contra a Humanidade pelo tribunal patrocinado pela ONU e formalmente oficialmente no início de julho, no Camboja.

Ta Mok era o único detido por genocídio junto com Kang Kek Ieu, ou “Duch”, que dirigia a prisão Tuol Sleng de Phnom Penh, onde cerca de 15.000 pessoas foram torturadas e executadas.

Outros dirigentes, todos idosos e geralmente com a saúde precária, vivem livres no Camboja. Entre eles o ex-ministro das Relações Exteriores, Ieng Sary, 77 anos, o braço direito do líder khmer Pol Pot, falecido em 1998, e o ex-chefe de Estado Khieu Samphan.

Cerca de dois milhões de pessoas foram executadas ou morreram de fome e esgotamento entre 1975 e 1979 sob regime dos Khmers Vermelhos, dirigido por Pol Pot.

Em Phnom Penh, de todos os líderes do Khmer Vermelho, Ta Mok era visto por muitos como o mais brutal. 

Mok teve um papel importante em vários massacres, que começaram antes mesmo do Khmer Vermelho assumir o poder.

Ta Mok era encarregado das forças que destruíram a ex-capital real Oudong, em 1974, expulsando civis e matando oficiais e soldados do governo.

Ele se transformou no líder do Khmer Vermelho, depois de instigar várias operações de “limpeza” dentro do próprio movimento. Mok ocupou o posto de líder da organização até 1997.

Dois anos depois Mok foi capturado e passou o resto de sua vida na cadeia. Pol Pot morreu em seu esconderijo na selva, em abril de 1998, aparentemente devido a um ataque cardíaco.

Ta Mok morreu em um hospital de Phnom Penh onde estava internado desde o final de junho, dia 21 de julho de 2006, sem fazer qualquer declaração. Hospitalizado por problemas cardíacos e respiratórios, seu estado piorou gradualmente.

 

(Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/07/21/ult34u159206 – Internacional – por Suy Se – PHNOM PENH, 21 jul (AFP) – 21/07/2006)

(Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2006/07/printable/060721 – 21 de julho, 2006)

 

 

 

 

Relembre os fatos que antecederam o genocídio no Camboja

Queda da monarquia

O movimento comunista no Camboja surgiu em meio à luta do país contra a colonização francesa nos anos 1940, influenciado pelos vietnamitas e impulsionado pela primeira Guerra da Indochina nos anos 1950. Em março de 1970, o marechal Lon Nol, um político cambojano que já tinha sido primeiro-ministro, conseguiu depor o príncipe Norodom Sihanouk através de um golpe de estado e derrubar a monarquia, com ajuda de seus parceiros pró-americanos. Paralelamente, o Khmer Vermelho – como era conhecido o Partido Comunista de Kampuchea – ganhou força e começou a crescer.

 

Ascensão do comunismo

Nos anos 1970, o Khmer Vermelho se posicionou como um dos principais atores militares do país, especialmente ao enfrentar as forças de Lon Nol em 1973 sob a liderança de Pol Pot, líder do partido. Nesse ano, o Exército do regime, com o apoio dos Estados Unidos, bombardeou o Camboja com 500.000 toneladas de bombas, que mataram cerca de 300.000 pessoas. Com isso, muitos dos familiares das vítimas se juntaram à revolução do Khmer Vermelho, até que o partido conquistou o apoio de aproximadamente 85% do território cambojano. Mesmo assim, as forças de Lon Nol ainda conseguiram lutar contra os comunistas por dois anos, graças à ajuda americana. Em 17 de abril de 1975, o Khmer Vermelho entrou finalmente na capital Phnom Penh e libertou o país das intervenções externas, dos bombardeios e da guerra civil.

 

Evacuação para os campos

Em 1976, foi estabelecido o Estado Democrático Kampuchea, governado pelo Khmer Vermelho até janeiro de 1979. Logo que tomaram o poder, seus dirigentes forçaram milhões de pessoas de Phnom Penh e outras cidades a irem trabalhar no campo – milhares morreram durante a evacuação. A desculpa que davam à população era a iminência de um longo bombardeio americano – o que não parecia um absurdo. De 1965 a 1973, mais bombas caíram no Camboja do que no Japão durante a II Guerra Mundial, incluindo as duas bombas nucleares de agosto de 1945. Na realidade, o objetivo era construir no Camboja uma utópica sociedade agrária, baseada nos ideais maoístas, sem diferenças de classes.

 

Exploração e massacre

Os líderes do Khmer Vermelho defendiam a eliminação dos intelectuais e a reeducação dos adultos por meio do trabalho manual. O dinheiro foi extinto, assim como a propriedade privada, as escolas, os centros religiosos, as lojas e os prédios administrativos. Os direitos humanos mais básicos foram desrespeitados. A população cambojana foi perseguida, privada de alimento e executada. O simples fato de alguém usar óculos poderia valer uma sentença de extermínio. Aos poucos, o Khmer Vermelho foi transformando o país em um grande centro de detenção, que depois se transformou em um verdadeiro cemitério. Como o Camboja fechou as portas para o resto do mundo, só mais tarde a verdade cruel veio à tona. Num país de somente 7 milhões de habitantes, cerca de 2 milhões foram assassinados por seus próprios líderes, e seus corpos, empilhados em covas coletivas dos campos de matança. Muitos dos soldados do regime eram crianças.

Justiça

O principal mentor de tamanha aberração ideológica e mortífera nunca chegou a enfrentar a história. Pol Pot morreu em 1998, quando se encontrava foragido no coração da selva cambojana. Somente em 2009 os horrores daquela época começaram a ser julgados. Em julho de 2010, um dos chefes torturadores do antigo regime foi condenado a 35 anos de prisão pelo tribunal internacional – depois sua pena foi reduzida para 19 anos. Kaing Guek Eav, mais conhecido como Duch, que dirigiu um grande centro de detenção e torturas, foi o primeiro entre cinco réus da corte – o único que admitiu culpa e pediu perdão pelas nas atrocidades cometidas durante o Khmer Vermelho. Recentemente, começaram a ser julgados Khieu Samphan, ex-presidente da República Democrática de Kampuchea; Nuon Chea, número dois e ideólogo do regime; e Ieng Sary, ex-ministro de Exteriores. Ieng Thirith, mulher deste último e antiga encarregada de Assuntos Sociais de Pol Pot, não foi julgada até agora por ser considerada demente.

(Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional- MUNDO – Com agências France-Presse e EFE – Internacional – Ásia – 14/03/2013)

(Com agências France-Presse e EFE)

 

 

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