Simone Signoret (1921-1985) atriz de destaque graças a sua beleza e à participação em filmes de peso

0
Powered by Rock Convert

Simone Signoret (1921-1985), atriz francesa. Em 1981, num intervalo das filmagens de L’Étoile du Nord (A Estrela do Norte), a atriz Simone, já sofrendo de câncer, recusou-se a posar como uma diva para uma repórter. “Eu fiquei doente porque sempre comi demais, fumei demais e bebi demais”, disse. “O que me mantém viva não é a coragem, mas o médico.” Ali, nos bastidores, sempre intransigente, a atriz mais uma vez delimitava seu campo de atuação – a intérprete era a que se via na tela. Fora disso, o que existia era a mulher Simone com sua vida real, e suas verdades.

Por isso mesmo, não deixa de ser curioso que o primeiro papel de Simone tenha se passado na vida real, em 1940. Ela estava com 19 anos, a Europa estava em guerra e Simone interpretou o papel de datilógrafa numa publicação pró-nazista de Paris para garantir sua sobrevivência. Tudo porque seu pai, um intelectual de origem judaica, tivera de fugir para Londres. Simone ficou para trás – e, por segurança, trocou o sobrenome paterno, Kaminker, pelo de sua mãe, francesa e católica, e se fazia passar por parente de um famoso ator.

Enquanto trabalhava na revista Simone descobriu o Café de Flore, quartel-general dos artistas e intelectuais jovens de Paris. Ali conheceu vários cineastas – inclusive Yves Allégret, que lhe daria o primeiro papel importante no cinema, em 1946, e com quem se casou em 1948 depois de ter uma filha, Catherine. Em 1951, já uma atriz de destaque, graças a sua beleza e à participação em filmes de peso, como Casque d’Or (Amores de Apache), Simone se casou com um ator e cantor de music hall em início de carreira. Era Yves Montand, por quem, tomada de paixão desde que o conhecera há dois anos, decidiu largar marido e filha.

PACIFICADA – Começava aí a história que transformou os dois no casal mais popular da França. Simpatizantes do Partido Comunista Francês, os dois empenharam-se na política, afastaram-se dos comunistas em 1956, quando a União Soviética invadiu a Hungria, mas nunca deixaram o ativismo de esquerda. Enquanto a carreira dele progredia, a dela brilhava em filmes como As Diabólicas e Almas em Leilão, que lhe valeu o Oscar em 1959 – o mesmo ano em que Montand se apaixonou por Marilyn Monroe. Ainda bela, mas entrando na maturidade, Simone viu tremer seu casamento, começou a beber e quase enterrou sua carreira. Finalmente, pacificada com a ideia de envelhecer, ela enfrentou as rugas e tirou partido delas. O Gato, em que contracenava com Jean Gabin, A Nau dos Insensatos e Madame Rosa foram filmes em que o famoso brilho claro de seus olhos contrastava com a decadência do corpo, mas acentuava o vigor da intérprete. Sempre ativa, Simone encontrou disposição para começar uma nova carreira – a de escritora. Em 1979, lançou com muito sucesso um livro de memória, La Nostalgie N’Est Plus ce Qu’Elle Était ou A Saudade Não É Mais o Que Era. No início de 1985 publicou Adieu Volodia ou Adeus, Volodia, um romance cuja tradução brasileira está prevista para novembro. No dia 30 de setembro, recolhida em sua casa de campo da Normandia, longe de Yves Montand, que se encontrava filmando, e assistida por uma única pessoa, sua filha Catherine Allégret, Simone Signoret morreu, aos 64 anos, de câncer.

(Fonte: Veja, 9 de outubro, 1985 – Edição 892 – Datas – Pág; 113)

Powered by Rock Convert
Share.