Se tornou o primeiro lutador a conquistar o título mundial pela terceira vez

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Se tornou o primeiro lutador a conquistar o título mundial pela terceira vez
É Ali, o rei

Afinal, Leon Spinks, o lutador que em fevereiro de 1978 derrotara Ali em Las Vegas e em sua oitava luta profissional assombrara o mundo ganhando a coroa mundial dos pesos pesados não foi atirado aos céus. Nem sequer chegou a cair no ringue.

Durante quinze assaltos, nos 20 metros quadrados do Super Dome de Nova Orleans, para um público de 80 000 espectadores e uma cadeia de televisão enviando imagem direta para 31 países, Spinks tentou em desespero manter o título, com coragem e resistência. Seria muito pouco para superar a estupenda forma e inigualável experiência de Ali.

Desta vez, Ali subiu ao ringue disposto a lutar mais sério do que em qualquer outra fase de sua carreira – e só se concedeu uma ligeira brincadeira no início do último assalto, farejando já a vitória. Como havia prometido, Ali se preparou cuidadosamente para o que prometeu seria sua luta de despedida (talvez não seja, agora que ganhou): em três meses fez quase 250 rounds de luvas, duas horas diárias de footing, uma hora e meia de exercícios, halterofilismo e deixou que os sparrings castigassem duramente seu corpo.

REPERTÓRIO – Os que temiam um humilhado final para sua formidável carreira assistiram à sua ressureição. Seus golpes sem dúvida já não têm a potência demolidora de antes. Mas Ali não cometeu os erros da luta anterior. Em vez de ficar nas cordas, passou a lutar girando como um pião em volta do estabanado Spinks. Domou a agressividade do adversário com certeiros cruzados de direita e com frequentes clinches que fizeram do espaço próximo de seu corpo uma espécie de território inatingível para Spinks (Ali provocou a maioria dos 107 chinches da luta). Perdido, Spinks mais de uma vez esqueceu as aulas recebidas de Joe Frazier – talvez o mais duro adversário de Ali – e levantou o tronco em seu velho estilo olímpico, e em cada uma dessas vezes recebeu imediato castigo.

Mas, afinal, o que poderia fazer o limitado Spinks contra a fenomenal categoria de Muhammad Ali? Spinks, de 25 anos, com apenas nove lutas profissionais, não tem imaginação. Já Ali, aos 36 anos, possui um variadíssimo repertório de golpes, tão artísticos como a sequência tripla de hooks que pincelou no 10.° assalto, um golpe que a maioria dos grandes pugilistas mal consegue articular duas vezes seguidas.

Assim, Ali venceu por pontos e se tornou o primeiro lutador a conquistar o título mundial pela terceira vez. E em lugar do lançamento de um satélite o mundo assistiu à glória da maior estrela da história do pugilismo.

(Fonte: Veja, 20 de setembro, 1978 – Edição n° 524 – PUGILISMO – Pág; 114)

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