Rogério Duarte, ícone das artes visuais, foi um dos mentores intelectuais da Tropicália

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Artista gráfico e mentor da Tropicália

 

Rogério Duarte em Salvador - (Foto: Rodrigo Sombra)

Rogério Duarte em Salvador – (Foto: Rodrigo Sombra)

 

Rogério Duarte, criador da estética da Tropicália

Autor de algumas das estéticas visuais mais conhecidas da cultura brasileira

 

 

Rogério Duarte Guimarães (Ubaíra, Bahia, em 10 de abril de 1939 – Brasília, 13 de abril de 2016), artista gráfico, músico e poeta baiano, ícone das artes visuais e um dos mentores intelectuais da Tropicália

Duarte era considerado um “gênio por trás dos gênios” da Tropicália. Participou de toda a agitação cultural nos anos 1960, colaborando tanto com o movimento musical baiano quanto com o Cinema Novo. Ficou mais conhecido como artista gráfico, mas era também músico, compositor, poeta, tradutor e professor universitário.

Seu trabalho nas artes visuais rendeu capas marcantes de discos nos anos 1960 e 1970, como “Cantar”, de Gal Costa, “4”, de Jorge Mautner, “Lugar Comum”, de João Donato, e os primeiros trabalhos de Gilberto Gil e Caetano Veloso. 

Era também era músico e compositor, tendo colaborado com Gil (“Cultura e Civilização”) e Caetano (“Gayana”).

Sua produção era constantemente estudada na Europa, e ganhou exposição em 2014 na Bienal da Bahia.

São dele o cartaz do filme “Deus e o diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, e as capas dos discos tropicalistas de Gilberto Gil e de Caetano, além de outros LPs míticos da MPB (de artistas como Jorge Mautner, Gal Costa, Smetak e João Donato) até meados dos anos 1970.

Cartaz de 'Deus e o Diabo na Terra do Sol', de Rogério Duarte - (Foto: Arquivo)

Cartaz de ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, de Rogério Duarte – (Foto: Arquivo)

O trabalho virou um marco no design brasileiro e é apontado como o despertar da pós-modernidade no país. Em entrevista em 2014, na época do 50° aniversário do filme, Duarte lembrou que “livros, teses e o Diabo a quatro” haviam sido escritos sobre o pôster. “Esse cartaz virou minha cruz. Até hoje ficam me ligando para falar dele.” E desafiou a reportagem: “Cite algum outro filme brasileiro cujo cartaz teve a mesma importância. Diga aí algum de que você se lembra pelo cartaz. Embora haja bons cartazes brasileiros, nenhum foi tão marcante”.

Duarte nasceu em Ubaíra, no interior da Bahia, em abril de 1939. Sobrinho do educador Anísio Teixeira, foi morar no Rio de Janeiro na década de 1960 para estudar arte industrial com o alemão Max Bense, um dos mestres da semiótica e da poesia concreta, o que influenciaria seu trabalho no futuro. Militante político, foi preso e torturado durante a ditadura militar.

Na época, foi um dos primeiros a denunciar publicamente a tortura no regime militar. Preso juntamente com seu irmão Ronaldo Duarte, o caso mobilizou artistas e ganhou ampla divulgação no jornal carioca “Correio da Manhã”, que publicou uma carta coletiva pedindo a libertação dos “Irmãos Duarte”.

Com o endurecimento da ditadura, Rogério iniciou a sua fase “transcendental” que o levou a estudar o sânscrito e iniciar a tradução do “Bhagavad Gita”.

Nos anos 1970, se tornou hinduísta. Ao longos dos anos aprendeu sânscrito e fez a primeira tradução direta para o português do “Baghavad Gita”, publicado nos anos 1990 como “Canção do Divino Mestre”. Um disco, lançado em 1998, traz versões musicadas de trechos do livro gravadas por vários artistas da MPB, entre eles Gil, Gal, Tom Zé, Chico César, Lenine, Arnaldo Antunes e Elba Ramalho.

“Desculpe a imodéstia, mas seria impossível fazer uma exposição completa do meu trabalho”, disse em 2015 o artista gráfico Rogério Duarte, sobre a exposição em sua homenagem que ocuparia o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Rogério Duarte morreu em 13 de abril de 2016, no Hospital Santa Lúcia, em Brasília. Ele lutava contra um câncer ósseo e no fígado e estava internado há quase dois meses num hospital em Brasília. — De alguma forma, Rogério Duarte inventou a estética da Tropicália — disse o designer alemão Manuel Raeder, curador da mostra sobre o artista que ocupou o Museu de Arte Moderna (MAM) em 2015.

Com 76 anos na época da exposição, Duarte já estava com problemas de saúde que impediram sua vinda ao Rio de Janeiro, mas comemorou o fato da mostra ocupar o museu onde foi professor de design e participou de muitos eventos nos anos 1960 (“aquilo ali é um pouco minha casa”, disse na época).

— Eu me tornei um designer mais ou menos notável porque produzi muito, durante muitos anos, e, claro, algumas coisas ficaram icônicas — contou Rogério em entrevista por telefone, de Salvador, em 2015. — Eu tinha a noção de que o que estava fazendo era muito pioneiro. Com exceção, talvez do cara da Elenco (o capista César Vilela), o que existia era o desenhista tradicional, que trabalhava com reprodução de artesanato, com o pictórico misto. Eu parti direto para a linguagem do design, que é o quadrinho, a retícula, a fotografia. Algo bem mais pop.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/musica -19084415 – CULTURA – MÚSICA/ POR O GLOBO – 14/04/2016)

(Fonte: http://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2016/04/14 – Ícone das artes visuais/ Do UOL, em São Paulo – 14/04/2016)

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