Robert Hughes, crítico de arte e escritor australiano, era conhecido por suas tiradas ácidas e por sua crítica à arte moderna

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Robert Hughes (nasceu em 28 de julho de 1938 – faleceu no Bronx, Nova York, em 6 de agosto de 2012), crítico de arte e escritor australiano, era conhecido por suas tiradas ácidas e por sua crítica à arte moderna.

Hughes, conhecido por suas tiradas ácidas e por sua crítica à arte moderna, começou sua carreira como cartunista e mais tarde como crítico de arte em Sydney. Depois, se transferiu para a Europa, e na década de 1970 se radicou definitivamente em Nova York, onde atuou como crítico de arte da revista Time.

Robert Hughes, escritor australiano autor de O Choque do Novo e Barcelona, entre outros títulos, e considerado um dos críticos de arte mais influentes do mundo.

Seus livros de ensaio sobre arte defendiam um diálogo estreito com o passado artístico, criticando os artistas contemporâneos pelo desprezo à tradição e às conquistas da arte moderna. É o caso, por exemplo, de Barcelona (publicado no Brasil pela Companhia das Letras).

Projetado inicialmente como um relato do período modernista ou art nouveau da cidade catalã, o livro terminou sendo o mais completo guia sobre a história e a arte de Barcelona, moldada pela política, segundo Hughes, a ponto de ser quase impossível entender uma obra como a do arquiteto Antoni Gaudí se o leitor desprezar suas referências ao passado catalão.

Gaudí, como se sabe, era favorável à autonomia catalã – e um conservador em termos políticos e religiosos -, o que lhe garantiu apoio da elite da cidade, em particular o do escritor, químico e industrial Eusebi Güell.

Nascido em Sydney em 1938 numa família de advogados, Hughes, que tinha ambição de se tornar poeta e artista, abandonou a universidade (ele estudou arte e arquitetura) e começou sua carreira profissional como cartunista e crítico de um jornal da capital australiana, juntando-se a um grupo de intelectuais de esquerda do qual faziam parte os escritores Germaine Greer e Clive James.

Seus primeiros ensaios são sobre arte australiana, sendo o primeiro deles The Art of Australia, publicado em 1966. Por essa época ele já morava em Londres, onde trabalhou como crítico em vários jornais importantes, antes de ser contratado pela revista Time e mudar-se para Nova York, em 1970. Durante essa década, ele trabalhou como âncora em telejornais da ABC, mas seu estilo destemperado não agradou à presidência da rede, que tratou de substituir o crítico.

Hughes teria de esperar até 1980 para realizar a série que o tornaria mundialmente conhecido, O Choque do Novo, documentário em oito partes que combina alta erudição com capacidade comunicativa e foi visto por 25 milhões de espectadores. Nele, o crítico conta o desenvolvimento da arte moderna com base na revolução pictórica provocada pelos impressionistas franceses, chegando até a arte pop.

Paralelamente, Hughes continuou por três décadas a escrever na Time, angariando um sem-número de desafetos. Para o crítico, Warhol teria, por exemplo, feito mais mal do que bem para a arte contemporânea. Era, dizia, um tipo alienado que aprendeu a amar sua entropia.

Outro que recebeu uma saraivada de críticas foi o neopop Jeff Koons, classificado por Hughes como o “bebê de Rosemary” de Warhol, por ter se apropriado da herança pop e replicado o narcisismo do mestre ao paroxismo. Polêmico, Hughes manteve ácidas discussões com representantes das “vanguardas” artísticas nascidas nos anos 1980 (da transvanguarda italiana aos neoexpressionistas alemães).

Mais tarde, seu alvo preferido viria a ser o inglês Damien Hirst, o embalsamador de vacas e tubarões, elevado ao Olimpo artístico graças a uma esperta combinação entre marchands, colecionadores e críticos deslumbrados.

Hughes certamente não era um deles. Para o crítico, vanguarda era uma palavra desprovida de sentido, pois a arte não pode viver sem o passado – daí sua insistência em reverenciar a modernidade de Goya, objeto de sua veneração e de um documentário (Goya: Crazy Like a Genius) que realizou há dez anos para a BBC. Nesse mesmo ano, seu filho Danton (assim batizado em homenagem ao revolucionário francês) cometeu suicídio.

Era um escultor solitário, que morava afastado, nas Blue Mountains, a oeste de Sydney. Ele e Hughes não se davam bem, mas o crítico lamentou sua morte. O próprio Hughes esteve perto dela em 1999, ao provocar um acidente numa estrada australiana e ficar preso na lataria do carro por três horas.

Essa e outras experiências traumáticas do crítico são contadas no primeiro volume de suas memórias, Things I Didn”t Know (2006). Hughes, antibélico, relata a péssima relação com o pai, piloto e herói australiano na Primeira Guerra Mundial, e assume corajosamente ter mudado muito após o acidente de carro em Broome. No livro, ele ainda conta coisas engraçadas sobre artistas como Rauschenberg e Marcel Duchamp.

História era com ele mesmo. Tanto que seu livro mais popular, The Fatal Shore (1987), reconta a da Austrália desde sua criação como uma colônia penal britânica. Entre as histórias que Hughes reúne no livro está a de um presidiário abandonado numa praia junto a outros sete condenados, que recorre ao canibalismo para sobreviver.

Robert Hughes morreu dia 5 de agosto de 2012, aos 74 anos, de prolongada doença, em Nova York, segundo informou sua editora Alfred A. Knopf.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer – CULTURA/ Por Antonio Gonçalves Filho – O Estado de S.Paulo – COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS – 7 de agosto de 2012)
(Fonte: Revista Veja, 29 de outubro de 1997 – ANO 30 – Nº 43 – Edição 1519 – Arte/ Por Angela Pimenta – Pág: 141)

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