Richard Brooks, cineasta americano. Dirigiu e roteirizou Gata em Teto de Zinco Quente, de 1958

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Diretor que realizou um dos primeiros filmes sobre a “juventude transviada”

Richard Brooks (Filadélfia, 18 de maio de 1912 – Los Angeles, 11 de março de 1992), cineasta americano, um dos grandes de Hollywood. Dirigiu e roteirizou Gata em Teto de Zinco Quente, de 1958, e À Procura de Mr. Goodbar, de 1977, que causou polêmica ao tratar da história de uma mulher liberada, assassinada por um de seus amantes.

Brooks, o cineasta da segunda chance, pautou-se sempre pelo humanismo. Há uma lenda de que ele, nos sets, era tão atencioso com seus atores e técnicos que não gritava “Corta!” – era sempre “Obrigado”.

Filho de um judeu irlandês, Brooks começou no jornalismo esportivo. Virou romancista e roteirista. Nunca adaptou os próprios romances – e um deles virou um filme cultuado de Edward Dmytryk, Rancor, Crossfire, sobre soldados que assassinam um colega, por preconceito. A abordagem da homossexualidade foi considerada ousada demais numa Hollywood marcada pelo puritanismo e o tema foi substituído pelo antissemitismo.

Como diretor, Brooks realizou um dos primeiros filmes sobre a chamada “juventude transviada”, enriquecendo sua trilha com rock, Bill Haley e Seus Cometas. O filme era The Blackboard Jungle, Sementes da Violência, com Glenn Ford como professor de uma turma de desajustados.

Brooks tinha condições de escrever – inventando – os próprios roteiros, mas foi, como poucos, na Hollywood dos anos 1950 e 60, um adaptador. De Scott Fitzgerald a Truman Capote, passando por Dostoievski, Sinclair Lewis, Tennessee Williams e Joseph Conrad, ele se baseou em romances de peças de teatro para esculpir uma obra que, no limite, foi engajada, duplamente.

Os temas sociais lhe interessavam, mas o cinema de Brooks privilegia o indivíduo, mesmo quando ele se envolve em epopeias de grupos, como os heróis de Lord Jim e Os Profissionais. O homem, segundo Brooks, está sempre querendo se redimir de suas falhas (pecados?) por meio de um renascimento.

E tanto faz que seja um herói atormentado de Dostoievski (em Os Irmãos Karamazov) ou um daqueles personagens consumidos pela sexualidade difícil que lhes foi imposta, como nas adaptações de Tennessee Williams (Gata em Teto de Zinco Quente e Doce Pássaro da Juventude).

Sua mise-en-scène busca sempre um ponto de equilíbrio entre a violência, que repudiava, e a palavra, que para ele representava a consciência.

Foi um grande diretor, ofereceu belíssimos papéis a Paul Newman, Elizabeth Taylor, Peter OToole, Burt Lancaster, Jean Simmons (com quem se casou). A estrela que ganhou na Calçada da Fama é uma raridade. Premia também um “autor”.

Richard Brooks morreu dia 12 de março de 1992, aos 79 anos, de infarto agudo do miocárdio, em Los Angeles.

(Fonte: Veja, 18 de março de 1992 – Edição 1226 – Datas – Pág; 91)
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso – Notícias – Cultura/ Por LUIZ CARLOS MERTEN – O Estado de S.Paulo – 18 de maio de 2012)

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