Produziu e realizou o primeiro filme documentário de longa-metragem com sucesso internacional

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Robert Flaherty (Michigan, 16 de fevereiro de 1884 – Vermont, 23 de julho de 1951), realizador norte-americano, autor de Nanook, o Esquimó.

Flaherty produziu e realizou em 1922 o primeiro filme documentário de longa-metragem com sucesso internacional: Nanook, o Esquimó. Este filme é considerado como a primeira obra cinematográfica em que implicitamente é desenvolvido o conceito de antropologia visual.

É considerado, tal como Dziga Vertov (1896-1954), cineasta russo, como um dos pais do filme documentário, nos primórdios do cinema direto.

É o inventor da docuficção (Moana – 1926), gênero esse amplamente explorado por Jean Rouch (1917-2014).

A docuficção é uma prática utilizada por Flaherty, de um modo mais ou menos intenso, em todos os seus filmes desde Nanook of the North.

Considerando o exemplo anterior de Louisiana Story (1948), de Flaherty, que cruza ficção e realidade num filme sobre o impacto da construção de um oleoduto nos pântanos de Louisiana.

(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer – Notícias > Cultura – CULTURA/ Por Antonio Gonçalves Filho – O Estado de S. Paulo – 21 de fevereiro de 2014)

Mostra dedicada a Jean Rouch traz filmes que deram origem à nouvelle vague francesa

O nome do cineasta francês Jean Rouch (1917-2014) é lembrado como um dos pioneiros do cinéma vérite e festejado como o mestre da técnica do jump-cut (montagem de duas tomadas feitas com diferentes câmeras), consagrada por Godard no clássico da nouvelle vague francesa, Acossado (À Bout de Souffle, 1959). Rouch, naturalmente, fez muito mais pelo cinema – e não só por ele. A etnoficção inventada por Rouch ajudou a África a ser reconhecida numa Europa etnocêntrica, que aprendeu com seu cinema o respeito às tradições dos povos africanos. Prova disso são dois filmes realizados pelo diretor no continente esquecido: Pirâmide Humana (1960) e Cocorico! Monsieur Poulet (1975), ambos incluídos no DVD que o Instituto Moreira Salles (IMS) lança, acompanhando a mostra dedicada a Rouch, que exibe até o dia 27 suas principais obras.

Os dois filmes estão em cartaz neste fim de semana dentro do ciclo promovido pelo IMS do Rio. Desde o dia 15 já passaram pela mostra carioca clássicos como Os Mestres Loucos (1956), Jaguar (1954/67) e Crônica de Um Verão (1960), para citar apenas três obras-primas realizadas por Rouch, que renovou a linguagem do cinema com sua antropologia visual. O crítico e organizador da coleção de DVDs do IMS, José Carlos Avellar, compara a obra do cineasta francês à produção fílmica de outro documentarista, o diretor russo Dziga Vertov (1896-1954).

Pioneiro do cinema-verdade (kino-pravda), Vertov é autor de um dos maiores filmes de todos os tempos, o documentário O Homem da Câmera (1929), que registra o cotidiano de cidades russas, em particular Moscou. Ele e o realizador norte-americano Robert Flaherty (1884-1951), autor de Nanook, o Esquimó, foram as duas principais referências de Rouch, assinala Avelar.

Considerando o exemplo anterior de Louisiana Story (1948), de Flaherty, que cruza ficção e realidade num filme sobre o impacto da construção de um oleoduto nos pântanos de Louisiana, Jean Rouch, de fato, deve muito ao americano na elaboração de A Pirâmide Humana. Esse filme deveria registrar a tentativa de integração de uma jovem e moderna estudante francesa à cultura da Costa do Marfim, então recém-proclamada república autônoma na Comunidade Francesa. No entanto, Rouch termina por dar relevo às relações afetivas estabelecidas entre a garota francesa e o antípoda. O cineasta propõe a dois grupos de alunos, brancos e negros, que desenvolvam uma ficção sobre o tenso diálogo entre essas duas culturas – e o resultado é um vigoroso docudrama sobre racismo, ressentimento e emancipação feminina.

O outro filme, Cocorico! Monsieur Poulet, é ainda mais ousado e improvisado. Inicialmente concebido com um documentário sobre o comércio de galinhas em Níger, ele se transforma num híbrido de comédia e drama sobre a trajetória errante do Monsieur Poulet do título e seu ajudante. Eles cruzam o pouco desenvolvido país africano – o terceiro menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo – num furgão tão precário como o equipamento usado nas filmagens por Rouch. Antes dos mestres da Nouvelle Vague e do Cinema Novo, o diretor já usava uma câmara na mão (de 16 milímetros) com uma ideia fixa na cabeça: registrar a vida de pessoas comuns com atores amadores, normalmente encenando o próprio drama. Foi assim que ele dividiu a direção desse singular “road movie” com seus intérpretes, Damouré Zika e Lam Ibrahima.

Avellar fala em “visão disléxica” ao se referir a Monsieur Poulet. “Rouch ficava com um olho no quadro e outro fora da câmera”, resume, destacando a “leveza da construção dramática” do cineasta que, segundo o crítico, “dialoga com o Cinema Novo, no sentido de que havia em algum outro ponto fora do Brasil alguém pensando da mesma forma, filtrando a experiência do neorrealismo italiano e da tradição documental de Vertov, Joris Ivens e Flaherty”. Seu filme Crônica de Um Verão, parceria de Rouch e Edgard Morin, lembra Avellar, é uma experiência seminal que estabeleceu as bases da narração contemporânea no cinema. “Imagine você perguntar às pessoas nas ruas se elas são felizes e filmar as reações imprevisíveis dos transeuntes.”
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer – Notícias > Cultura – CULTURA/ Por Antonio Gonçalves Filho – O Estado de S. Paulo – 21 de fevereiro de 2014)

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