Pierre Etaix, cineasta e palhaço francês

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Herdeiro de Charlie Chaplin e Buster Keaton, foi assistente de Jacques Tati, e fundou a Escola Nacional de Circo francesa.

Pierre Étaix em 2010, quando esteve em Portugal para a 11ª Festa do cinema Francês  |  (Foto: REINALDO RODRIGUES/GLOBAL IMAGENS)

Pierre Étaix em 2010, quando esteve em Portugal para a 11ª Festa do cinema Francês | (Foto: REINALDO RODRIGUES/GLOBAL IMAGENS)

 

Ator ganhou o Oscar de curta-metragem de 1962

Pierre Etaix (Roanne, 23 de novembro de 1928 – Paris, 14 de outubro de 2016), cineasta e palhaço francês

Pierre Etaix era um dos últimos “clowns” do cinema e um dos poucos herdeiros da tradição do burlesco e do “slapstick” que Chaplin, Keaton, Harold Lloyd (1893-1971), entre outros, desenvolveram durante as primeiras décadas do cinema, e que teve em França um dos principais seguidores através de Jacques Tati.

Pierre Etaix era herdeiro de Charlie Chaplin e Buster Keaton (1895-1966), trabalhou com Jacques Tati que, dizia, lhe salvou a vida, fundou a Escola Nacional de Circo com Annie Fratellini (1932-1997), com quem foi casado, e era amigo de Jerry Lewis, que lhe terá escrito uma carta depois de ver o seu filme Yoyo (1965): “Tu és meu amigo, depois de ter visto o teu filme conheço-te. Não falamos a mesma língua, mas depois disto, compreendemo-nos sempre.”

Etaix venceu, com Jean-Claude Carrière, o Óscar para Melhor Curta-Metragem por Heureux Anniversaire (1962). Yoyo, que esteve nomeado para a Palma d’Ouro, no Festival de Cinema de Cannes, tal como Le grand amour em 1969, venceu o prêmio de Melhor Filme para a Juventude.

Ele ganhou o Oscar de curta-metragem de 1962, por Joyeux Anniversaire, no começo de sua carreira como diretor. Há seis anos, a Academia de Hollywood lhe outorgou outro Oscar – de carreira. Dois Oscars não representam pouco, mas Pierre Étaix os possui em sua estante. 

Embora tenha sido assistente de Jacques Tati em Meu Tio e tenha participações como ator em obras de Robert Bresson (Pickpockett), Louis Malle (O Ladrão Aventureiro) e Federico Fellini (Os Palhaços), Étaix permanece um segredo de poucos. Não por sua vontade “tive a infelicidade de ter tido alguns percalços em minha carreira”.

Pays de Cocagne (de 1971) teve problemas com a Justiça. Depois dos eventos de maio de 68, tive a ideia de filmar os franceses em férias, ou em campanhas publicitárias e eleitorais. Muitas pessoas que haviam concordado se sentiram ludibriadas com o uso de sua imagem. Sofri não poucos processos, e meu produtor me abandonou. Desde então, fiz somente um filme como diretor e tive algumas participações como ator. Mas nunca deixei de trabalhar, mesmo que os projetos não se concretizassem. Arranjei agora um produtor e preparo um espetáculo que espero poder estrear até o fim do ano. Também preparo um livro de memórias, em que conto episódios bizarros que ocorreram comigo. Tudo isso está me deixando bem animado, confesso.”

Pierre Etaix - (Foto: PÚBLICO/BERTRAND GUAY/AFP)

Pierre Etaix – (Foto: PÚBLICO/BERTRAND GUAY/AFP)

 

Filho de um negociante de couro de Roanne, no departamento francês do Loire, Étaix culpava os seus dois avôs pela sua vida de circo e arte: “Os meus dois avôs tinham um gosto pronunciado pelo circo, a que me introduziram logo em pequeno”, contou, citado pelo jornal Le Figaro.

Foi assistente de Jacques Tati no filme Mon Oncle (1958), cujas piadas escreveu e cujo cartaz desenhou. “Não era um pedagogo, mas ensinou-me tudo. Dava-me uma situação e dizia-me: ‘Encontra-me as piadas.’ Eu propunha-lhe muitas ideias e a sua única apreciação era: ‘Trabalhe! Trabalhe!'”

Foi Tati, aliás, que lhe deu a primeira parte dos seus espetáculos quando ninguém queria os seus números de palhaço. “Eu não tinha mais nada. Tati salvou-me a vida. Nunca o esqueci, mesmo se depois tenhamos ficado zangados durante vinte anos”, recordou Étaix.

Como ator, até por não ser, ele só trabalhou com diretores que admirava. Uma de suas melhores experiências foi com Fellini, mesmo que não estivesse de acordo com o foco dele sobre o circo em Os Palhaços. “Federico sempre teve a fama de mentiroso e de ser alguém que trapaceava com o espectador para chegar à sua verdade particular. Ele fez o filme para TV e mais que se ajustar à mídia tenho a impressão de que a ajustava a suas necessidades e estilo. Era extraordinário vê-lo trabalhar e extrair dos figurantes aquilo que não sabiam que podiam dar.”

As cinco longas-metragens que assinou na década de 1960 tiveram um novo lançamento e um novo destaque em 2011. Em 2013 Pierre Etaix recebeu o título de cavaleiro da Ordem de Artes e Letras de França.

Pierre Etaix morreu em Paris, em 14 de outubro de 2016, aos 87 anos, horas depois de dar entrada no hospital de urgência devido a uma infeção nos intestinos.

(Fonte: Diário de Notícias – ARTE – 14/10/2016)

(Fonte: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia – CULTURA ÍPSILON – PÚBLICO – 14/10/2016)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema – NOTÍCIAS – CULTURA – CINEMA/ Por Luiz Carlos Merten, O Estado de S.Paulo – 10 Junho 2014)

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