Pierre Verger, fotógrafo e etnólogo francês radicado no Brasil desde 1946

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Pierre Edouard Leopold Verger (Paris, 4 de novembro de 1902 – Salvador, 11 de fevereiro de 1996), fotógrafo e etnólogo francês radicado no Brasil desde 1946. Verger nasceu em Paris, mas passou a maior parte de sua vida viajando pelo mundo como fotógrafo. Seu interesse maior eram as culturas primitivas, principalmente da África, que pesquisou e fotografou para revistas e museus.

Ele veio ao Brasil pela primeira vez em busca das ligações culturais entre a Bahia e a África. Passou a morar em Salvador, iniciou-se no candomblé e tornou-se um profundo conhecedor da cultura africana na Bahia, um tema sobre o qual escreveu vários livros.

Na década de 30, Verger abandonou a França para fugir do que chamava de “dignidade burguesa” de seus compatriotas.

Percorreu a África, Ásia e Estados Unidos fotografando para o jornal “France Soir”.

Desembarcou pela primeira vez na Bahia em 1946, para dar continuidade ao estudo das correntes de tráfico escravo originárias da África ocidental.

Além de aprofundar-se no estudo da cultura negra, Verger registrou a elegância da negritude baiana na primeira metade deste século. A fundação que leva seu nome, localizada no Pelourinho, centro de Salvador, expõe suas fotografias mais expressivas.

Segundo Verger, a influência do candomblé é a origem da boa índole baiana. “As religiões africanas não são sujas. Não há inferno. Os deuses vêm dançar e conversar com seus fiéis”, disse certa vez.

Verger passou 17 anos vivendo entre a Nigéria, Benin e Togo. Na África, o etnólogo francês aprendeu a língua iorubá e coletou parte da sua coleção de 2.800 livros, 3.500 espécies de plantas e mil horas de gravações sobre a cultura iorubá.

Os 40 anos de pesquisa sobre a magia e medicina das nações negras do golfo de Benin renderam uma coleção de 2.000 receitas medicinais e de magia. O livro “Ewé – O Uso das Plantas na Nação Iorubá”, lançado no final de 1995, apresenta 447 delas.

Nos anos 50, Verger foi sagrado babalaô ou sacerdote Ifã, deus iorubá da adivinhação. Acabou adotando o nome Fatumbi, que significa aquele que renasce da graça de Ifã.

Doutorou-se em etnologia pela universidade de Sorbonne, em 1966, sem nunca ter frequentado suas aulas. Não acreditava na educação formal, mas na pesquisa de campo.

Nos últimos anos Verger passava a maior parte do tempo em sua casa, lendo livros e jornais franceses e revisando seus livros.

Verger escreveu 18 obras. Entre as mais importantes estão , “Lendas Africanas dos Orixás”, com Carybé, e “Fluxo e Refluxo do Tráfico de Escravos Entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos nos Séculos 17 a 19”

Pierre Verger morreu no dia 11 de fevereiro de 1996, aos 93 anos, de insuficiência cardíaca e respiratória, em Salvador.

Pierre Verger estava preparando duas exposições fotográficas para serem apresentadas em Nova York (EUA).

O etnólogo também pretendia editar um livro ainda no primeiro semestre de 1996.

O escritor Jorge Amado considerava o etnólogo e professor da Universidade Federal da Bahia “o mais baiano dos baianos”.

O cantor e compositor Gilberto Gil afirmou que tinha se encontrado com Verger há dois dias. “Ele estava muito debilitado, mas satisfeito com o seu processo de recuperação”, disse.

(Fonte: Veja, 21 de fevereiro de 1996 – ANO 29 – Nº 8 – Edição 1432 – Datas – Pág; 63)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/2/12/cotidiano/25 – FOLHA DE S. PAULO – COTIDIANO – DA AGÊNCIA FOLHA; DA REDAÇÃO – 12 de fevereiro de 1996)

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