Costa: o nordeste documentado
Francisco Augusto Pereira da Costa (Recife, 16 de dezembro de 1851 – Recife, 21 de novembro de 1923), advogado, jornalista, historiador e político brasileiro. Pereira da Costa bacharelou-se em direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1891.
Criação de caranguejos – Pereira da Costa é lembrado como um homem franzino, sempre vestido com roupas caseiras e um inseparável boné. Sofrendo de uma forte asma, fumava cigarros de astramônio e gostava muito de rapé. Seus passatempos eram a jardinagem e uma curiosa criação de caranguejos. Caixeiro de livraria durante a adolescência, foi colaborador do Diário de Pernambuco até eleger-se deputado em sucessivas legislaturas, durante 22 anos. Além de Folk-lore, escreveu Dicionário Bibliográfico de Pernanbucanos Célebres, um Vocabulário Pernambucano, e ainda os dez volumes dos Anais, cada um com quinhentas páginas.
Publicado pela primeira vez em 1908, como separata da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Folk-lore Pernambucano, o clássico estudo fala de superstições e de poesia, do romanceiro e do cancioneiro, de pastoris, parlendas e brinquedos infantis e de quadras populares. Sucedem-se descrições de espetáculos de bumba-meu-boi, fandangos, de orações e benzeduras. Um mundo de fantasias, sabedoria e realidade que ajuda a conhecer mais profundamente a alma do povo do nordeste.
Todo este material foi recolhido por Pereira da Costa ao longo de quarenta anos de trabalho em praças, ruas centrais ou arrabaldes do Recife, onde o autor estudava personagens, copiava sua fala e seus cantos. A Pereira da Costa deve-se, por exemplo, a divulgação do texto completo do “Auto do Cavalo-Marinho”, aproveitado pelo Quinteto Violado (“Cavalo Marinho/Dança no terreiro/Que a dona da casa/Tem muito dinheiro…).
(Fonte: Veja, 8 de janeiro de 1975 Edição n° 331 LITERATURA/ Por Geraldo Galvão Ferraz Pág; 79)