Paulo Rónai, intelectual húngaro naturalizado brasileiro.

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Paulo Rónai foi pioneiro ao entender o horizonte de Guimarães Rosa

 

Paulo Rónai, entre as filhas, Cora e Laura. (Fotos de arquivo pessoal)

 

Paulo Rónai (Budapeste, 13 de abril de 1907 – Nova Friburgo, 1° de dezembro de 1992), intelectual húngaro naturalizado brasileiro, foi tradutor, revisor, crítico, professor de francês e latim no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.

 

Paulo Rónai aportou no Rio de Janeiro em 1941, aos 33 anos, fugindo do avanço nazista na Europa. Somente cinco anos depois publicou no Diário de Notícias o artigo A arte de contar em Sagarana.

 

Em Budapeste, meses antes da eclosão da II Guerra Mundial, Paulo Rónai encomendava a uma livraria de Paris uma antologia de poemas em língua portuguesa.

O filólogo húngaro recebeu o livro às 9 da manhã, em um feriado; às 10, ele comprava em uma livraria de Budapeste um dicionário de português-alemão; às 3 da tarde, já tinha vertido para o húngaro um poema de Antero de Quental; e às 5 o poema traduzido já fora aceito para publicação em uma revista literária.

Judeu húngaro colhido na catástrofe do nazismo, Rónai aportaria no Brasil em 1941. No país de adoção, seria uma figura tutelar da difícil arte da tradução – coordenou a edição integral de A Comédia Humana, de Balzac.

Paulo Rónai deixou um acervo de 7.813 livros da sua biblioteca e seus mais de 60 mil documentos foram incorporados à coleção de obras raras da universidade, uma das maiores instituições de ensino e pesquisa do país — a Universidade de São Paulo (USP).

O espaço, já considerado por pesquisadores da USP um dos principais acervos brasileiros do século XX, é um mar de histórias sobre seu antigo dono.

Encontra-se em seu acervo, uma carta enviada a Paulo Rónai por Getúlio Vargas. “Tenho a satisfação de acusar o recebimento do vosso livro BRAZILIA ÜZEN, contendo poesias brasileiras traduzidas para o idioma húngaro”, escreveu o ex-presidente, em 20 de novembro de 1939. Com a missiva em mãos, o tradutor de origem judaica conseguiu um visto para o Brasil e fugiu do nazismo, depois de aproveitar um indulto no campo de trabalhos forçados em que estava. Paulo Rónai emoldurou a carta e a pendurou na parede — a mesma em que ficam seus prêmios.

O acervo também mostra um homem atencioso, que não deixava cartas sem resposta. Seus antigos alunos do Colégio Pedro II escreveram anos a fio para contar novidades de suas vidas. A correspondência mais valiosa para pesquisadores, porém, é com os muitos intelectuais próximos a Paulo Rónai, como Guimarães Rosa, Aurélio Buarque de Holanda, Antônio Houaiss, Lygia Fagundes Telles.

Paulo Rónai morreu em dezembro de 1992, ao fim de uma luta contra o câncer na garganta.

(Fonte: Veja, 3 de julho de 2013 – ANO 46 – N° 27 – Edição 2328 – Panorama – Veja Recomenda/ Por Leonardo Coutinho – Pág: 125)
(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / por MAURÍCIO MEIRELES/ Publicado: 27/10/13)

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