Pauline Réage, mais conhecida por suas obras de crítica literária e literatura erótica, respectivamente sob os pseudônimos de Dominique Aury e Pauline Réage

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Autora disse que escreveu a obra “por amor”

Anne Cécile Desclos (Rochefort, 23 de setembro 1907 – Corbeil-Essonnes, 27 de abril 1998), escritora, tradutora, editora e jornalista francesa, mais conhecida por suas obras de crítica literária e literatura erótica, respectivamente sob os pseudônimos de Dominique Aury e Pauline Réage, foi autora do mais célebre livro erótico contemporâneo, era o pseudônimo de Dominique Aury, uma pacata escritora francesa, que confessava a verdadeira motivação da obra: escreveu o livro por amor.

“Eu não era jovem, nem bonita. Precisei achar outras armas”. Foi com essas palavras que uma senhora de 86 anos resolveu em 1994 um dos maiores mistérios literários do século 20.

A revelação foi feita em uma entrevista concedida por Aury à revista “New Yorker”, 50 anos depois da publicação do original, em 1954. Ela admitiu que escreveu o livro como um desafio e uma “carta de amor” a Jean Paulhan, um editor conhecido que era admirador do Marquês de Sade. Foi ele o autor do prefácio incluído na edição original. “A aparência física não é tudo, também podia usar o espírito”, afirmou Aury à revista norte-americana. Para ela foi um desafio porque Paulhan, diretor da “Nouvelle Revue Française” (NRF), onde ela foi secretária por mais de 40 anos, não acreditava que Dominique fosse capaz de escrever esse tipo de livros.

Durante muitos anos se especulou sobre o nome da verdadeira autora de “História de O”, um tratado sadomasoquista que desafiou a censura (a publicidade do livro foi proibida), a moral dominante e as feministas. Na França, alguns chegaram a especular sobre a possível autoria de Dominique, mesmo que ela polidamente negasse. O editor do livro, o francês Jean-Jacques Pauvert (1926-2014), sempre se recusou a confirmar -inclusive depois da entrevista de 1994-, afirmando que a autora “não havia autorizado a revelação de sua identidade”.

No início, alguns suspeitaram de Dominique porque Pauline Réage era um anagrama (à diferença de uma letra) para “Egérie Paulhan” (a mulher que inspira Paulhan, numa tradução livre). Jean Paulhan, conhecido admirador do Marquês de Sade, além de ser o diretor da “NRF”, também era o autor do prefácio do livro. Na verdade, revelou Dominique, “Pauline” foi uma homenagem a Pauline Borghese e a Pauline Roland (1805-1852), (uma feminista). “Réage” foi um nome escolhido ao acaso. E “O” veio de Odile, nome de uma amiga dela.

As adaptações mais famosas do livro são um telefilme kitsch de 1975, dirigido por Just Jaeckin (o mesmo de “Emmanuelle”, com roteiro de Sébastien Japrisot), e a HQ do italiano Guido Crepax (publicada aqui pela L&PM, mas fora de catálogo há anos).

Dominique morreu em 1998, aos 90 anos.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA /DA REPORTAGEM LOCAL – São Paulo, 16 de julho de 2005)

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