Oskar Schindler, um alemão nazista, filho do dono de uma fábrica de máquinas agrícolas.

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Ambíguo anjo da guarda

Oskar Schindler (Svitavy, 28 de abril de 1908 – Hildesheim, 9 de outubro de 1974), um alemão nazista dos Sudetos, na antiga Checoslováquia, filho do dono de uma fábrica de máquinas agrícolas, gostava de conhaque, motos, mulheres e dinheiro.

Schindler permaneceu desaparecido da Alemanha, entre 1945 e 1957, tentando sem sucesso ser industrial e fazendeiro na Argentina.

Dificilmente será esclarecido, nem em filme, nem em livros, esclarecem os motivos que levaram Schindler, o bon vivant espertalhão, assumir enormes riscos e salvar da morte certa 1 100 judeus poloneses que trabalhavam para ele, como escravos, numa fábrica de panelas e depois de material bélico para o Exército alemão. Na verdade, Schindler os comprou, subornando oficiais nazistas com dinheiro e joias, assim como antes havia presenteado com roupas e guloseimas de contrabando.

Schindler foi enterrado num cemitério católico de Jerusalém, depois de um fim pobre e anônimo, entrava para a vida eterna ao ser cultuado como herói de um povo e de um país, Israel. Um fracassado na vida, nos amores e nos negócios.

GIGOLÔ DA GUERRA – Schindler chegou à Cracóvia, a magnífica cidade medieval polonesa então sob ocupação alemã, depois de fracassar em outros empreendimentos. Quando ganhou um apartamento de luxo confiscado de uma família judia e sentiu que chegara sua vez de vencer na vida, de uma explicação prática e cínica sobre o que havia de novo no mundo: “Das outras vezes sempre falatava alguma coisa, que nada estava ao meu alcance. Agora esta coisa aconteceu. É a guerra.”

Era um gigôlo da guerra. Ele é apresentado de forma envolvente, elegante e um tanto arrogante com sua descrição de safras de vinhos finos, seu ar posado de galã de film noir dos anos 30 envolto em nuvens de fumaça. Membro tardio do partido nazista (ficha de inscrição n° 6 421 477), trazia uma suástica no paletó mais para facilitar seus negócios.

Num certo momento, não se sabe qual, começou a perder dinheiro para manter na fábrica os judeus que seriam deportados nos macabros trens da morte em direção ao campo de exterminio de Auschwitz.

Aí fez sua famosa lista, provavelmente depois de 1942, quando teve um encontro secreto com líderes judeus em Budapeste para contar a eles o que sabia dos planos com “solução final”. Arrasado, em prantos, num ataque de histeria que os sobreviventes do campo não confirmam ter acontecido, Schindler se despediu dos “seus judeus”, como os chamava, lamentando não ter salvado mais gente.

Isso foi em 1945. Ele explorava seu infeliz rebanho desde 1939. Levou seis anos para chegar à sua crise de lamentação. As lágrimas de Schindler representam uma das poucas concessões ao sentimentalismo fácil, ao lado da sequência em que os judeus salvos pelo empresário depositam pedras em seu túmulo.

Enquanto Schindler tentava a vida na Argentina, para onde fugiu com a mulher, Emilie, e a amante, Schindler falia (e rompia com as duas mulheres, que hoje são amigas) para voltar a Alemanha, onde enfrentou novas quebradeiras e novas bebedeiras.

ALÉM DA IMAGINAÇÃO – Em 1984, entretanto Schindler descia ao túmulo em Israel, país que visitava todos os anos desde 1961, com passagens pagas eplos “seus judeus”.

Schindler é comparado a um produtor de Hollywood, “desses que dão as festas mais loucas e fazem os melhores contatos. Era um bêbado mulherengo que jogou com a SS um jogo digno de Las Vegas”. Um figuraço, portanto ele é ambíguo porque simplesmente é humano. Em Hollywood tem-se um tal hábito de simplificar tudo que a conversão e a metamorfose de alguém assim parecem inacreditáveis. Entre outras coisas, que bebês costumavam ser atirados pelas janelas para servirem de alvo aos soldados lá embaixo.

Uma cena como essa seria realmente impensável, mas quando o comandante Amon Goeth alveja os prisioneiros do seu quarto, como se fossem espantalhos, enquanto se espreguiça com um cigarro na boca para começar mais um dia de trabalho, o horror já está pavorosamente explícito.
(Fonte: Veja, 16 de março de 1994 – Ano 27 – N° 11 – Edição 1331 – CINEMA/ Por GERALDO MAYRINK – Pág; 118/119)

SCHINDLER
LIBERTINO E SALVADOR

Oscar Schindler foi descrito como um cínico, um explorador ganancioso de escravos durante a 2ª Guerra Mundial, um mercador que fazia comércio no mercado negro, jogador, membro do Partido Nazi eternamente à procura de lucro, um playboy alcoólico, um desavergonhado, um mulherengo do pior tipo.

No início dos anos 60, Oscar Schindler foi honrado em Israel e declarado “Righteous” (Justo) e convidado a plantar uma árvore na Avenida dos em Jerusalém. Uma estátua no Parque dos Heróis louva-o como o salvador de mais de 1200 judeus.

Hoje há mais de 6000 descendentes dos “judeus de Schindler” a viver nos E.U.A., na Europa e em Israel.

Antes da 2ª Guerra Mundial, a população judaica da Polónia era de 3,5 milhões. Hoje são entre 3000 e 4000 pessoas.

Quem era este Oscar Schindler que começou a ganhar milhões de marcos alemães através de uma cruel exploração de trabalhadores escravos e acabou por despender até ao seu último cêntimo arriscando a sua própria vida para salvar os seus 1200 “judeus de Schindler”?

Oscar Schindler nasceu a 28 de Abril de 1908 em Zwittan na Checoslováquia. Os vizinhos mais próximos eram uma família de judeus ortodoxos cujos dois filhos se tornaram nos melhores amigos de Oscar. A família era uma das mais ricas e respeitadas de Zwittan, mas em resultado da grande depressão dos anos 30 a empresa da família foi à falência.

Oscar Schindler ficou desempregado, e juntou-se como muitos outros alemães na sua situação ao Partido Nazi. Foi recrutado pelos serviços secretos alemães para recolher informações sobre os polacos. Esta actividade tornou-o muito considerado e estimado e permitiu estabelecer muitos contactos com oficiais nazis, o que lhe viria a ser muito útil mais tarde.

Deixou a sua mulher em Zwittan e foi para Cracóvia onde se estabeleceu. Com dinheiro de judeus, reabriu uma antiga fábrica de panelas e converteu-a para produção de armamento, empregando 350 judeus, uma vez que estes eram mão de obra barata.

À medida que o tempo passava, o plano nazi conhecido como “Solução Final” começou a acelerar. Schindler viu o terror provocado pelos nazis e começou a encarar os judeus não só como trabalhadores baratos, mas também como pais, mães e crianças expostas à horrível carnificina do projecto nazi de eliminação total dos judeus.

É então que Oscar Schindler decide arriscar um plano para desviar judeus do seu destino provável nas câmaras de gás. Na sua fábrica situada no campo de trabalho em Plazow, nem os guardas nem ninguém sem autorização de Schindler é autorizado a entrar na sua fábrica. Na sua fábrica os trabalhadores passam menos fome que noutras instalações do mesmo género. Quando a quantidade de comida atinge o limite crítico, Schindler compra-a no mercado negro. Os idosos são registados como jovens de 20 anos e as crianças, registadas como adultos. Advogados, médicos e artistas eram registados como metalúrgicos e mecânicos – tudo para poderem sobreviver como elementos essenciais para a industria de guerra. Na sua fábrica ninguém é torturado, espancado ou enviado para as câmaras de gás. Schindler salvou os judeus deste destino.

Por duas vezes será preso pela GESTAPO mas, graças aos seus conhecimentos consegue ser libertado.

Durante estes anos, milhões de judeus foram mortos nos campos de concentração polacos como Treblinka, Majdanek, Sorbibor, Chelmno e Aushwitz (mesmo junto à fábrica de Oscar Schindler)

Quando os nazis foram derrotados na frente Leste, Plazow e os campos vizinhos foram dissolvidos e fechados. Schindler não tinha ilusões quanto ao que ia acontecer. Desesperadamente exerceu a sua influência, através dos seus contactos nos círculos militares e industriais em Cracóvia e Varsóvia e finalmente foi a Berlim para salvar os “seus judeus” de uma morte certa. Com a sua vida em perigo usou todos os seus poderes de persuasão, subornou sem qualquer medo, lutou e pediu…

Onde ninguém acreditaria que era possível, Schindler teve sucesso. Obteve permissão para mudar a sua fábrica de Plazow para Brinnlitz na Checoslováquia ocupada e levar consigo todos os trabalhadores judeus, coisa que mais ninguém havia conseguido durante a guerra. Desta maneira, os 1098 trabalhadores que tinham sido registados na lista de Schindler, não tiveram o mesmo destino fatal que os outros 25000 homens, mulheres e crianças de Plazow que foram enviados para as câmaras de gás de Auschwitz, a apenas 60 kms de Plazow.

Até à Libertação na Primavera de 1945. Oscar Schindler procurou assegurar de todas as maneiras possíveis a segurança dos “seus judeus”. Gastou todo o seu dinheiro e mesmo as jóias da sua mulher para comprar comida e medicamentos. Criou um sanatório secreto na sua fábrica com equipamento médico comprado no mercado negro. Aqui, Emile Schindler, a sua mulher, tratava os doentes. Àqueles que não sobreviveram foi dado um funeral judeu (num lugar escondido) pago por Schindler.

Apesar da família Schindler ter à sua disposição uma enorme mansão junto a fábrica, Oscar Schindler compreendeu o medo que os judeus tinham das visitas nocturnas das SS. Em Plazow, Schindler não passou uma única noite fora do pequeno escritório da fábrica.

A fábrica continuou a produzir munições para o exército alemão durante 7 meses. Durante aquele período nenhuma munição passou nos testes de qualidade militar e por isso pôde ser utilizada. Em vez disso, eram produzidos passes militares e senhas de racionamento falsos, uniformes nazis, armas e granadas de mão.

Incansável, Schindler, conseguiu ainda convencer a GESTAPO a mandar cerca de 100 judeus belgas, dinamarqueses e húngaros para a sua fábrica para “continuar a produção de material de guerra”.

Em Maio de 1945 tudo acabou. Os russos ocuparam Brinnlitz. Na noite anterior, Schindler juntou toda a gente na fábrica e despediu-se com muita emoção.

Mais tarde, as contas revelaram que Schindler tinha gasto algo como 4 milhões de marcos alemães mantendo os “seus judeus” fora dos campos da morte (uma enorme soma de dinheiro para aquele .

Oscar Schindler e os “1200 judeus de Schindler” sobreviveram. Poldek Pfefferberg, o judeu que ajudava Schindler a arranjar mercadoria no mercado negro para subornar os oficiais nazis durante a guerra, prometeu mais tarde a Schindler contar a sua história: “O senhor protegeu-nos, salvou-nos, alimentou-nos. Nós sobrevivemos ao Holocausto, à tragédia, à dura batalha, à doença, ao espancamento, às mortes! Nós temos que contar a sua história.”

A vida de Schindler depois da guerra passou por uma série de fracassos. Tentou sem sucesso ser produtor de cinema e ficou privado da sua nacionalidade imediatamente a seguir à guerra. Na sequência de ameaças contra a sua vida que antigos nazis lhe fizeram pediu permissão aos E.U.A. para ir para a América, tendo-lhe sido recusado o visto por ter pertencido ao Partido Nazi. Depois disto fugiu para Buenos Aires na Argentina. Fixou-se como agricultor em 1946 tendo sido financiado pela organização da União dos Judeus e também de judeus agradecidos que nunca o esqueceram.

(Fonte: http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/nonio/xx/schind/schin)

Em 9 de outubro de 1974 – O empresário alemão Oskar Schindler, responsável por salvar cerca de 1.200 judeus durante o Holocausto, morreu aos 66 anos.
(Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/fatos_dia – 9 de outubro)

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