Orlando Silva, o cantor das multidões. Artista marcou época com sua voz inigualável.

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Orlando Silva, o cantor das multidões. Artista marcou época com sua voz inigualável.

Orlando Silva (1915-1978), o cantor das multidões, foi o cantor com a melhor voz do Brasil, segundo muitos críticos. Nasceu no Rio de Janeiro e teve uma infância pobre e sofrida. Seu pai era funcionário de uma ferrovia e morreu muito cedo, vitimado pela gripe espanhola, quando Orlando tinha apenas 3 anos de idade. O menino não pode estudar por muito tempo, precisou logo trabalhar. Entregava marmitas nas redondezas do bairro em que morava e fazia isso descalço, porque não tinha sapatos.

Era na casa de sua vizinha, Dona Noêmia, que passava horas felizes: com ela ficava ouvindo no rádio os grandes cantores. Adorava Francisco Alves e gostava de brincar subindo numa amoreira e imitando, lá de cima, o cantor. Dona Noêmia ficava espantada com a voz do menino e a facilidade que ele tinha para cantar aquelas notas tão agudas… Impressionante. Orlando, para se escutar melhor, inventou de fazer o seguinte: projetava sua voz numa lata de manteiga e tampava os ouvidos com algodão.

Aos 16 anos, Orlando Silva sofreu um grave acidente, caindo do bonde em movimento, num fim de tarde, quando voltava do trabalho. Perdeu um quarto de seu pé esquerdo e ficou internado por alguns meses, com muitas dores. Para suportar a dor, precisou tomar altas doses de morfina. Por conta desta internação longa, perdeu seu emprego de balconista, mas logo foi trabalhar como cobrador numa empresa de ônibus. Num final de tarde, na garagem da empresa em que trabalhava, Orlando começou a cantarolar e logo os funcionários pararam para ouvir. Todos ficaram encantados ao ver aquele rapaz de 18 anos cantando como os grandes cantores da época. A voz de Orlando Silva tinha um timbre lindo e uma tessitura privilegiada, mais de duas oitavas. Depois disto, ele passou a cantar todos os dias depois do expediente.

Um amigo disse a ele que já estava na hora de se tornar cantor profissional. Para isso, precisaria ser contratado por uma rádio e foi Luiz Barboza, produtor da Rádio Cajuti que o recebeu para um teste. Muito tímido, Orlando entrou no estúdio e cantou a valsa Céu Moreno de Uriel Lourival. Sua linda voz preencheu toda a pequenina sala do estúdio e foi ouvida por um famoso boêmio e descobridor de talentos, o compositor Bororó, que ficou deslumbrado. Bororó levou o garoto para ser ouvido por, nada mais nada menos, que o rei da voz, Francisco Alves. O encontro foi na Avenida Rio Branco, em frente ao cabaré mais famoso da cidade, o Sirius. Chico Alves parou o carro em frente ao cabaré e pretendia ouvir o rapaz ali mesmo, na rua. Quando viu aquele menino acanhado e franzino foi tomado por um sentimento de compaixão. Chico levou o menino para dentro do carro. Orlando estava em pânico e só conseguiu cantar algum tempo depois. Cantou a valsa Lágrimas, de Candido das Neves. O “rei a voz” não podia crer no que estava ouvindo, aquela voz… que beleza, mas o que era aquilo? Chico Alves sentiu uma certa insegurança na presença daquele garoto tímido que em breve seria o “cantor das multidões”.

Chico levou Orlando para cantar em seu programa de estreia na Rádio Guanabara. Passado seu batismo de fogo, Orlando desta vez cantou como se estivesse em casa, mostrando toda a beleza de sua voz, o timbre, a agilidade, a extensão. Que interpretação! Em dois anos o sucesso de Orlando Silva seria estrondoso, a ponto de suplantar o de seu padrinho.

Em 1937 Orlando Silva já era uma das maiores estrelas da RCA Victor, gravadora de artistas com Carmem Miranda, Silvio Caldas e Chico Alves. Além disso, era uma das principais atrações da Rádio Nacional, cujo sucesso ajudou a fazer e a consolidar. Era disputado pelos grandes compositores da época e era muito cuidadoso não só na escolha de seu repertório como também na dos arranjadores. Neste mesmo ano gravou duas faixas memoráveis, uma de cada lado do LP: Lábios que eu beijei, de J. Cascata e Leonel Azevedo e Juramento Falso, de Pedro Caetano, e ambas tiveram arranjo do grande maestro Radamés Gnatalli.

(Fonte: http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/questoes-musicais/geral/orlando-silva-o-cantor-das-multidoes – Autor: Eliete Negreiros – 15/02/2013)

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