Organizou o primeiro programa de rádio com montagem no Brasil

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Organizou o primeiro programa de rádio com montagem no Brasil

Henrique Foréis Domingues (Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1908 – Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1980), o Almirante. Dos mais importantes cantores da década de 30, começou em 1928 com o grupo “Tangarás”, dissolvido após o sucesso de “Na Pavuna”, e ficou famoso com “O Orvalho Vem Caindo”, “Boneca de Piche” (com Cármen Miranda) e “Yes, Nós Temos Banana”. Em meados da década de 40, Almirante passou a trabalhar no rádio e tornou-se extremamente conhecido como “A mais alta patente do rádio”. Durante todo o tempo em que se manteve ativo, cuidou de formar o arquivo de música popular que o Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro, adquiriu em 1965. Almirante faleceu dia 22 de dezembro de 1980, de aneurisma cerebral, aos 72 anos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 31 de dezembro de 1980 – Edição n° 643 – DATAS – Pág; 24)

Cantor, compositor, pesquisador e radialista, Henrique Foréis Domingues era seu nome verdadeiro.

Nascido no subúrbio do Engenho Novo, estudou inicialmente em Nova Friburgo RJ, depois no Colégio Salesiano, em Niterói RJ, e em seguida no Liceu Rio Branco, no bairro carioca da Tijuca.

Em 1923 seu pai ficou doente (morreria no ano seguinte), o que o obrigou a trabalhar como caixeiro de uma loja. Fez o serviço militar na Marinha em 1926 e 1927, ganhando o apelido de Almirante, quando apareceu diante de seus amigos todo engomado no uniforme de ordenança do comandante da Reserva Naval, por ocasião das solenidades que comemoravam a chegada ao Brasil do hidroavião Jaú.

Em 1928 integrou, como cantor e pandeirista, o conjunto Flor do Tempo, de Vila Isabel, que se reunia na casa de Eduardo Dale. O Flor do Tempo, ainda em seu período de conjunto de jovens amadores, chegou a atuar em Vitória ES, em beneficio da igreja de São Gonçalo.

Em 1929, o conjunto foi convidado para gravar, mas, como era muito numeroso, foram selecionados alguns dos seus elementos; com a inclusão de Noel Rosa, morador do bairro, o grupo adotou o novo nome de Bando de Tangarás. Os integrantes eram João de Barro, Alvinho (Alvaro Miranda), Henrique Brito e Almirante. O Bando de Tangarás estreou em disco em 1929, na Odeon, com o samba Mulher exigente (de sua autoria).

No Carnaval de 1930, obtiveram seu primeiro sucesso com o lançamento de Na Pavuna (com Hornero Dornelas). O disco, gravado em dezembro de 1929, foi o primeiro a utilizar percussão (surdo, tamborim etc.) em estúdio de gravação. Quando o Bando de Tangarás se desfez em 1931, continuou sozinho a carreira de cantor.

Em 1932, ao lado de Carmen Miranda e Alberto de Barros, apresentou-se no Teatro Jandaia, de Salvador BA, e em Pernambuco.

Em 1934 gravou, na Victor, o samba O Orvalho vem caindo (Noel Rosa e Kid Pepe), que foi grande sucesso. No ano seguinte, participou dos filmes “Alô, Alô, Brasil”, dirigido por Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro, e “Estudantes”, dirigido por Wallace Downey.

Em 1936 trabalhou no filme “Alô, alô, carnaval”, de Ademar Gonzaga, e, em 1937, gravou o choro Faustina (Gadé). No ano seguinte, entre outras, lançou, pela Odeon, duas marchas da dupla João de Barro e Alberto Ribeiro – Yes, nós temos bananas e Touradas em Madrid, muito cantadas no Carnaval. Também nesse ano atuou no filme “Banana da terra”, dirigido por J. Rui, e gravou, na Odeon, em dupla com Carmen Miranda, Boneca de piche (Ari Barroso e Luis Inglesias).

Ainda em 1938, iniciou suas atividades de radialista, pelas quais lhe foi atribuído o slogan de “A Mais Alta Patente do Rádio”. Curiosidades Musicais (1938), sob seu comando, foi o primeiro programa de rádio com montagem, no Brasil. Abandonando a carreira de cantor no inicio da década de 1940, passou a dedicar-se somente ao rádio, tendo sido responsável pelos seguintes programas: Caixa de Perguntas (1938), Programa de Reclamações (1939), Orquestra de Gaitas (1940), A Canção Antiga (1941), Tribunal de Melodias (1941), História do Rio pela Música (1942), História das Danças (1944), Campeonato Brasileiro de Calouros (1944), História de Orquestras e Músicos (1944), Aquarela do Brasil (1945), Anedotário de Profissões (1946) Carnaval Antigo (1946), Incrível Fantástico Extraordinário (1947), O Pessoal da Velha Guarda (1948), No Tempo de Noel Rosa (1951), Academia de Ritmos (1952), Recordações de Noel Rosa (1953), Corrija o Nosso Erro (1953), A Nova História do Rio pela Música (1955) e Recolhendo o Folclore (1955).

A campanha de recuperação dos antigos músicos, cantores e compositores, que iniciara no rádio, em 1947, culminou em 1954 com a criação, por sua iniciativa, do Dia da Velha Guarda, 23 de abril, data do aniversário de Pixinguinha. Nesse ano, por ocasião dos festejos do IV Centenário de São Paulo, organizou na capital paulista o Festival da Velha Guarda, repetido no ano seguinte. Essas atividades propiciaram o ressurgimento de grandes nomes da música popular brasileira, então esquecidos, como Ismael Silva, Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Bororó, Sebastião Cirino e outros. Foi também a partir desses festivais que se formou o Grupo da Velha Guarda, que atuou até 1958, integrado por Pixinguinha, Donga, João da Baiana e outros, aparecendo como cantor em algumas das gravações do grupo.

Em 1956 gravou na Sinter um LP 10 polegadas: Almirante: a maior patente do radio, com oito antigos sucessos, entre os quais o choro Faustina. Além das atividades de cantor, compositor e radialista, passou a colecionar dados relativos à historia da música popular brasileira, transformando-se numa das maiores autoridades no assunto. Em 1963, publicou o livro No tempo de Noel Rosa (Rio de Janeiro), importante contribuição à bibliografia ia de nossa musica popular. Em 1965, seu arquivo foi incorporado ao Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro.

(Fonte: www.collectors.com.br)

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