Older Berard Cazarré, ator e diretor. Titular de seis papéis em novelas da Globo.

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Older Berard Cazarré, ator e diretor. Titular de seis papéis em novelas da Globo. Na condição de autor, diretor, ator, produtor e divulgador da peça Das Duas…Uma ele havia passado o dia preparando a estreia do espetáculo, marcado para 13 de março de 1992, no Teatro Operon, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Pouco depois de chagar ao apartamento de dois quartos em Copacabana, Cazarré dormia o sono dos justos, abraçado a mulher, a produtora Lucília Braga. Quatro horas depois estava morto. Toda morte é injusta, mas a de Cazarré foi estúpida ao extremo. Uma bala perdida cruzou a vidraça da janela de seu quarto, e atravessou o pulmão e o coração do ator e foi alojar-se em seu braço esquerdo. Às quatro da manhã, Lucilia acordou assustada, com Cazarré inclinado sobre a cama. “Perguntei se ele estava se sentindo mal e, quando toquei, notei que sangrava muito”, contou. “Ele morreu dormindo.” Foi uma infelicidade tão imprevista quanto a de uma pessoa ser atropelada por um Boeing na sala de sua casa.
O apartamento onde Cazarré vivia ficava na esquina das ruas Sá Ferreira e Saint-Roman, um dos acessos ao Morro do Pavão-Pavãozinho, que já foi uma favela-modelo do primeiro governo de Leonel Brizola no Rio. Mas na segunda gestão, tornou-se um dos principais pontos-de-venda de drogas na Zona Sul. O maior perigo são os tiroteios entre os bandidos e a polícia. Antes de atingir Cazarré, a bala passou por cima da barriga de Lucília.
O ator foi vítima de duas coincidências terríveis. Ele dormia do lado da parede. Se estivesse em outro lugar, do lado da janela, estaria salvo.
A coincidência e a fatalidade, no entanto, por si sós não explicam tudo sobre a morte do ator. Seu azar maior foi morar nas proximidades do Pavão-Pavãozinho durante segundo governo de Leonel Brizola. O ator foi a sexta pessoa atingida por uma bala perdida em 92 no Rio.
Older Berard Cazarré morreu dia 26 de fevereiro de 1992, aos 57 anos, com um tiro perdido, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 4 de março, 1992 – Edição 1224 – Datas/Crime – Pág; 60/63)

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