Olavo Egydio de Souza Aranha, engenheiro, arquiteto e empresário visionário brasileiro

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O chefe do clã

Olavo Egydio de Souza Aranha (São Paulo, 1º de fevereiro de 1887 – Guanabara, 22 de julho de 1972), engenheiro, arquiteto e empresário visionário brasileiro, líder do grupo que detinha 20% das ações da Volkswagen, das indústrias Klabin e da Cisper (maior fabricante de garrafas do Brasil). Sempre de ternos de cortes sóbrios, confeccionados pelo alfaiate Nagib – o mesmo do ex-presidente Getúlio Vargas -, Olavo Egydio de Souza Aranha era um dos mais ilustres habitantes do tradicional bairro carioca de Santa Teresa. Seu irmão foi o banqueiro Alfredo Egídio de Sousa Aranha. Além disso, era neto do barão de Sousa Queirós, bisneto da viscondessa de Campinas e do visconde de Indaiatuba. Até aos 86 anos de idade, no dia 22 de julho, ele se manteve à frente de seus negócios, indo diariamente ao escritório da avenida Rio Branco. Nasceu em São Paulo, em 1887.

Esse apego aos negócios começou aos catorze anos de idade, em São Paulo, onde nasceu. Havia voltado da Alemanha, depois de concluir um curso de humanidades, quando ganhou dinheiro de sua avó para comprar motocicleta. Preferiu aplicá-lo na importação de brinquedos alemães, o que lhe proporcionou um lucro de 200%. Ainda assim, um começo modesto. A empresa deixada por ele possui um patrimônio de 200 milhões de cruzeiros e detêm atualmente um quinto do capital da Volkswagen do Brasil, das Indústrias Klabin e da Cisper – a maior fabricante brasileira de garrafas e frascos. E ainda 12% da Papel e Celulose Catarinense e da Oxiteno. Também participou com 48% na Cotil, empresa holding detentora de 15% do capital da Petroquímica União.

Império – A vocação para os negócios desgostou profundamente sua família, de tradição política tanto pelo lado materno – Souza Queiroz – como pelo paterno – Souza Aranha. Recebeu de imediato o apelido pouco lisonjeiro de “Mascate”. Mas, autêntica, a vocação era irresistível. Terminado o curso de engenharia na Escola Politécnica de São Paulo, Souza Aranha mudou-se para o Rio de Janeiro, onde encontrou um amigo de infância, Alberto Monteiro de Carvalho. E juntos resolveram fundar a Monteiro Aranha –Engenharia, Comércio e Indústria S.A., semente do império que consolidaria o seu poderio em cinquenta anos de atividades bem sucedidas.

Entre elas, podem ser citados dois casos expressivos. A compra de uma fábrica de garrafas e frascos que estava falida – a Carmita -, transformando-a na poderosa Cisper. Na época do governo Kubitschek, entusiasmado com as possibilidades da indústria automobilística, viajou para a Europa em busca de uma empresa que se interessasse em vir para o Brasil. “A economia brasileira não suportaria mais do que uma indústria de bicicletas”, foi a primeira resposta. Não desanimou. Na Alemanha tentou convencer a Volkswagen. Embora achasse que as linhas do carro não eram do gosto brasileiro, testou o modelo por uma semana. Chegou à conclusão de que o “fusca” era o carro mais bonito do mundo “pela robustez e qualidade técnica”. A Volkswagen veio e agora domina mais da metade do mercado brasileiro.

Sonho – Muito pouco amigo das artes – a música, para ele, era dos ruídos o mais suportável -, Souza Aranha gostava de livros policiais e filmes de bangue-bangue. Em 1969 casou com dona Beatriz, viúva de seu sócio e amigo Monteiro de Carvalho. Mas antes mesmo desse casamento já dedicava o maior carinho a seus enteados, exercendo com muito zelo as funções também de avô adotivo, preocupado em preparar os netos para sucedê-lo nos seus negócios.

Para seu amigo Juracy Magalhães, de todas as obras realizadas por Souza Aranha a mais notável foi a que ele chama de “criação do espírito de Santa Teresa”, confirmada pela unidade de objetivos nos negócios e, inclusive, pela união física dos herdeiros. Alguns já construíram suas casas junto àquela onde morava o chefe do clã. Outros estão fazendo o mesmo. Mesmo depois que sua doença o impedia de sair de casa, Souza Aranha continuou em atividade, presidindo do leito reuniões diárias com seus assessores, na maioria membros da família. Souza Aranha morreu no dia 22 de julho de 1972, aos 86 anos, de câncer, na Guanabara.

(Fonte: Veja, 2 de agosto, 1972 -– Edição 204 –- DATAS – Pág; 38 – PERSONALIDADE – Pág; 69)

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