O Primeiro Edifício Brasileiro em Aço

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O Primeiro Edifício Brasileiro em Aço

Foi a necessidade de resolver problemas de fundações em terreno topograficamente problemático que levou à construção do primeiro edifício brasileiro totalmente em aço: a Garagem América. O projeto arquitetônico que previa o uso de concreto armado teve de ser revisto e, concluída a obra, ela consolidou-se, ao longo do tempo, como o marco brasileiro da estrutura metálica.
Corria o ano de 1954. Do começo do século até ali o País já registrava numerosas obras feitas com aço. Agregara amplas experiências nessa área com projetos tais como o viaduto Santa Ifigênia e diversas edificações, mais tarde consideradas de grande valor histórico. Nenhuma, entretanto, fora realizada com projeto estrutural e tecnologia especificamente brasileiros.

O projeto, elaborado pelo arquiteto Rino Levi, previa um edifício de 16 pavimentos e seria construído totalmente em concreto armado. O engenheiro Paulo Alcides Andrade, que na época dirigiu a montagem e acompanhou a execução dessa obra, lembra que o surgimento de alguns fatores técnicos alterou totalmente o plano original da edificação.

Caso fosse obedecido o projeto de origem, as colunas do primeiro pavimento atingiriam dimensões tais que deixariam, no trecho da rua Riachuelo, uma largura livre possivelmente inferior a 10m, inconveniente, portanto, para o estacionamento de dois carros, um na frente do outro, o que dificultava também as operações de entrada e saída de veículos. Além disso, havia o aspecto relacionado à segurança do entorno. Para a construção seria necessário escavar até o nível de 18 m abaixo da rua Riachuelo para, só então, serem feitas as sapatas de fundação. Claro que esse movimento de terra colocaria em risco de desabamento o prédio existente ao lado. Além disso, a construção de muro de arrimo e escoramentos se apresentava como solução custosa.

Diante dessa complexidade, partiu-se para a solução, pioneira no Brasil, de fundações com estacas metálicas. A empresa Cavalcanti Junqueira S.A, contratada para construir a obra, contou com projeto de fundação elaborado pela empresa Engenharia de Fundações S.A, cujos engenheiros Lauro Rios e Victor Mello, mais tarde reconhecidos como profissionais renomados, estudaram a solução de dois perfis I soldados pelas abas, formando um caixão. Há 45 anos, propostas do gênero eram consideradas desafio. Com o passar do tempo a técnica tornou-se convencional e veio a ser adotada nas obras dos metrôs de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Para a fabricação das estacas, em um momento em que no Brasil ainda não se falava nas peculiaridades do aço Corten, foi procurada a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que forneceu os perfis em liga especial, com alto teor de cobre, o que deveria retardar eventual processo corrosivo. Coincidentemente, a empresa acabava de adquirir, nos Estados Unidos, uma fábrica de estruturas metálicas destinada à execução dos edifícios industriais na expansão da usina em Volta Redonda. A CSN convenceu o empresário Francisco Cintra Gordinho a avançar, com as peças metálicas, além das estacas para as fundações. Não havia impedimentos técnicos para que o prédio não fosse feito totalmente com aço.

O engenheiro Paulo Fragoso foi contratado para elaborar o projeto estrutural metálico e a Fábrica de Estruturas Metálicas (FEM), que então era um departamento da CSN, começou a fabricar as peças.

Como a CSN não poderia montar as estruturas, uma vez que se achava absorvida com seus planos de expansão, foi realizada concorrência entre as três únicas empresas do gênero existentes em São Paulo – a Fichet, a Pierre Saby e a União dos Construtores Metálicos. Coube a esta última, a tarefa de realizar as montagens. O engenheiro Paulo Alcides Andrade, que ganhou notoriedade especializando-se no segmento da construção metálica, coordenou a montagem do edifício.

Mais tarde, a tecnologia da estrutura metálica seria comprovada e assimilada em outras obras notáveis: o edifício Palácio do Comércio, com 22 andares, em São Paulo; o edifício Santa Cruz, em Porto Alegre, com 24 andares; a garagem do Jockey Clube do Rio de Janeiro; o edifício Avenida Central, também no Rio de Janeiro, com 28 andares, e inúmeros outros, em diferentes regiões do País.
Notas bibliográficas
Revista Construção Metálica (edição 38)
Depoimento do engenheiro Paulo Alcides Andrade
(Fonte: http://www.pauloandrade.com.br/Primeiro%20Edificio)

História

A razão social Paulo Andrade Engenharia de Estruturas Metálicas S/C Ltda., surgiu como alteração da empresa Nova Frente, fundada em 1985, sucessora da Andratell Construções Metálicas (atuante na área de 1958 a 1985). No entanto, a história da empresa se confunde com a de seu titular, Eng. Paulo Alcides Andrade, com 58 anos de atividades em estruturas metálicas no Brasil.

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