Nelson Seabra, fundou o Haras Guanabara, um dos maiores haras de criação de cavalos do Brasil

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Nelson Grimaldi Seabra (1919-2002), milionário brasileiro, fundou o Haras Guanabara, um dos maiores haras de criação de cavalos do Brasil

Bon vivant – Filho da italiana Assunta Grimaldi e do português Gervásio Seabra, um dos grandes empresários do setor alimentício brasileiro no século passado, Nelsinho nasceu no Rio de Janeiro mas foi educado nos Estados Unidos, onde envolveu-se em produções hollywoodianas. Seu círculo de amigos incluía de estrelas de cinema a famílias reais ou tão milionárias quanto a dele, como os Onassis, os Patiños e os Rothschilds. Era um bon vivant. Ficou famosa a festa que ele deu em Paris, o Baile Vermelho, em 1980, para comemorar seu aniversário. Os convidados se lembram que a cor tema da festa chegou a detalhes como cerejas frescas nos barrados das cortinas.

Além dos cavalos de corrida que criava, tão bons quanto os do príncipe Ali Khan, com quem mantinha uma amistosa rivalidade nos melhores hipódromos do mundo nos anos 50, o milionário brasileiro também tinha paixão por objetos de arte. Todos os cômodos do seu imenso apartamento na Praia do Flamengo, no Rio, eram compostos em estilos particulares, com peças e móveis de decoração antigos trazidos de quase todo o mundo, colecionados com fineza de gosto e muito dinheiro. 

Roberto e Nelson Grimaldi Seabra, os fundadores do Haras Guanabara

Roberto e Nelson Grimaldi Seabra, os fundadores do Haras Guanabara - Tirolesa em 1950

Roberto e Nelson Grimaldi Seabra, os fundadores do Haras Guanabara – (Foto: Tirolesa grande campeã do Grande Prêmio Brasil em 1950/Divulgação)

 

Em meados da década de 40, os irmãos Seabra, Roberto e Nelson, fundaram em Bananal, São Paulo, o Haras Guanabara, que logo se tornou um dos maiores haras de criação de cavalos do Brasil na década de 50, no auge do turfe brasileiro. De seus piquetes saíram vários campeões nacionais e internacionais.

O Haras Guanabara promoveu uma profunda e estrutural revolução dentro da criação nacional. Com o Guanabara, tudo que veio antes dele e insistiu em manter a mesma política de criação simplesmente naufragou. A revolução imposta pelos irmãos Roberto Grimaldi e Seabra e Nelson Grimaldi Seabra no campo de criação construído em Bananal (trazendo um pouco da Normandia para o interior de São Paulo) provocou uma renovação e uma atualização em limites que, até hoje, são percebidas pela influência sobre os inúmeros novos haras (pequenos ou grandes) que foram fundados desde então.

A política dos irmãos Seabra no Guanabara foi absolutamente internacional. Da formação dos piquetes ao emprego de pessoal altamente qualificado, da importação de garanhões ao rigor admirável na seleção das linhas maternas para a formação de seu plantel básico de éguas-mães, da preocupação com os acasalamentos que implicaram no envio de reprodutoras para a Europa e para a Argentina até o extraordinário bom gosto de suas construções, o Haras Guanabara é um exemplo da aristocracia e da classe que envolve o mundo do PSI.

 

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

 

Nessas duas décadas de criação na metade do século XX, com amor e respeito ao cavalo, os resultados vieram com muita dedicação: Um vencedor de Grande Prêmio Brasil: Tirolesa (50) (foto acima). Dois vencedores de Grande Prêmio São Paulo: Dulce (58); Sing Sing (63); Cinco vencedores de Grande Prêmio Cruzeiro do Sul – Derby Brasileiro: Martini (50); Honolulu (51); Canavial (57); Escorial (59) e Emerson (61); Um vencedor do Grande Prêmio Derby Paulista: Emerson (61), também vencedor do GP Derby Sulamericano (1962); Nove vencedoras do Grande Prêmio Diana: Tirolesa (48-49-50 e 51, à época o Brasil das éguas), Dulce (57); Emocion (58-59, Rio e SP); Embuche (67, SP) e Emerald Hill (77, Rio e SP), sendo que para essas cinco últimas o Diana já era o Oaks e não mais o Brasil das éguas.

 

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

 

Entre vários campeões criados ou que defenderam a farda dos irmãos Seabra estão Tirolesa, Dulce, Duplex, Canavial, Canaletto, Sing Sing, Lohengrin, Huxley, Empeñosa, Loretta (ganhadora do Oaks carioca de sua época, GP Marciano de Aguiar Moreira), Martini, Honolulu, My Love, Duty, Cruz Montiel, Snooker, Embuche, Bucarest, Emocion, Encore e os exportados Emerson (grande garanhão na França) e o extraodinário Escorial, que para muitos está entre os três maiores animais de todos o tempos no Brasil.

Os Seabra fizeram algumas das maiores e mais importantes importações de garanhões. Entre eles, vale lembrar: Orsenigo, Hunter’s Moon, Royal Forest, Locris, Bahram (este em forma de sindicato, ficando sediado na Argentina) e Felicitation que se juntaram ao nacional Radar.

Neste sábado, 20 de junho, o Jockey Club Brasileiro, mais uma vez homenageia os filhos do patriarca da família Seabra, Gervásio Seabra, com a realização do Grande Prêmio Roberto e Nelson Grimaldi Seabra (G1), o “Brasil das Éguas”, tradicional carreira que reúne as melhores éguas de três anos e mais idade do turfe nacional, em 2.000 metros, grama.

 

 (Foto: Arquivo JCB)/Divulgação)

(Foto: Arquivo JCB)/Divulgação)

 

Beach Ball (Haras Santa Maria de Araras), Lush Life (Haras Doce Vale), Orca (Haras Nacional), Ta-Maluca (Stud São Francisco da Serra), Energia Garoa (Haras Sweet Carol), Leading Hat (Haras São José da Serra), Garota da Barra (Stud Eternamente Rio), Notting Tomorrow (usa) (Haras Santa Rita da Serra), Beach Dance (Stud Globo), Colorado Girl (Stud Alvarenga), Caritzia (Haras Santa Maria de Araras), Alamoud (Edmundo Medeiros Teixeira) e Cruiseliner (Stud Estelinha).

 

Espólio de Nelson Seabra foi a leilão em NY

Menos de um ano depois da morte de Nelsinho, como ele era chamado por seus amigos, uma grande parte dessa coleção foi leiloada, em 22 de outubro de 2003, pela Christie´s de Nova York. De bustos de mármore do século 17, aquarelas de botânica que pertenceram ao rei francês Charles X, prataria com mais de 300 anos, bibelôs orientais do século 19, ou cadeiras feitas para nobres ingleses em meados do século 18, estão à venda 176 lotes. Se todos forem arrematados, a Christie´s estima alcançar entre US$ 2,1 milhões a US$ 3,4 milhões com as vendas. O lote de valor mais alto é um par de cadeiras de braço George II, atribuído ao grupo de moveleiros reais St. Martin’s Lane Syndicate e feito por volta de 1750. Cobertas por tapeçaria floral, elas ficavam na Sala Inglesa do apartamento carioca de Seabra e os leiloeiros pretendem vendê-las por algo em torno de US$ 200 mil e US$ 300 mil.

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – GERAL – Agencia Estado, 22 Outubro 2003)

(Fonte: http://www.jcb.com.br/noticias/53641/ Jockey Club Brasileiro – 16/06/2015)

Da Redação com colaboração da Gerência de Turfe

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