Monsueto de Meneses, ator, compositor e pintor primitivista.

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Monsueto (1924-1973)

Monsueto de Meneses (Rio de Janeiro, 4 de novembro de 1924 – Rio de Janeiro, 17 de março de 1973), compositor (“Mora na Filosofia”, “Se Você Não Me Queria” e outras 140 músicas), ator e pintor primitivista.

Ele compôs quase 140 músicas. Pintou mais de mil quadros. Foi ator de cinema, diretor de bateria e harmonia de várias escolas de samba, show-man e cômico de televisão. E quem chegou a vê-lo e ouvi-lo, uma única vez, cantando o seu “Quero Essa Mulher Assim Mesmo”, não conseguirá esquecer sua voz rouca mas surprêendentemente afinada, um sorriso sempre ingênuo, seu ar permanente de menino travesso.

Duzentas telas – Carioca da fevela do Pinto, Monsueto foi criado por uma tia, empregada doméstica. Com vinte anos já era baterista de escolas de samba e passou a trabalhar como profissional da música. Foi o carnaval, porém, que lhe deu nome e fama, especialmente os sucessos “Mora na Filosofia”, gravado por Marlene, e “A Fonte Secou”, gravado por ele próprio.

Em 1965, quando excursionava pelo Chile, começou a desenhar “de brincadeira”. Logo conseguiu compradores para seus primeiros trabalhos, resolveu pintar seriamente, tornou-se um requisitado artista primitivo, e rapidamente vendeu duzentas telas. Em 1972, ganhou medalha no Salão Nacional de Belas-Artes. Um de seus quadros mais conhecidos é uma Santa Ceia em que Jesus e os apóstolos são negros.

Como compositor, Monsueto andava afastado do sucesso há algum tempo. Aos poucos, porém, vinha sendo redescoberto, principalmente por Milton Nascimento e Alaíde Costa, que gravaram em 1972, com muito sucesso, “Se Você Não Me Queria”. E por Caetano Veloso, que recriou “Mora na Filosofia” no seu LP “Transas”, e incluiu “Quero Essa Mulher Assim Mesmo” em seus shows mais recentes.

Monsueto já estava afastado de suas atividades artísticas desde dezembro de 1972, depois de uma corurgia em que sua vesícula biliar foi retirada. Assim mesmo, apesar de convalescente, foi obrigado, por contrato, a viajar para a Bahia, durante o carnaval, quando participou de tomadas para o filme “O Forte”. E na volta, devido à eclosão da hemorragia, seu estado se agravou. Ainda assim, sem perder seu bom humor, da cama do hospital, Monsueto chegou a dizer que sua doença “era uma coisinha rápida, a ser tirada de letra, facilmente”.

Nos últimos meses, perdera quase 30 de seus 110 quilos. Mas, embora sofresse muitas dores, não pensava na morte: “A gente vê os outros e não imagina que alguma coisa possa acontecer com a gente”. No dia 17 de março, depois de passar uma semana na Casa de Saúde São José, em Botafogo, no Rio de Janeiro, internado com hemorragia interna e icterícia, Monsueto Campos de Meneses morreu, aos 48 anos de idade.

(Fonte: Veja, 21 de março de 1973 – Edição n.º 237 – DATAS – Pág; 17)
(Fonte: Veja, 28 de março de 1973 – Edição n.º 238 – MÚSICA – Pág; 82)

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