Maurice Sinet, cartunista que ilustrou a revolução dos cravos, conhecido como Siné

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Siné, o cartunista que ilustrou a revolução dos cravos

O caricaturista francês Siné em foto de 2008, posando com sua tira semanal do 'Charlie Hebdo', a 'Sine Hebdo' (Foto: MARTIN BUREAU/AFP)

O caricaturista francês Siné em foto de 2008, posando com sua tira semanal do ‘Charlie Hebdo’, a ‘Sine Hebdo’ (Foto: MARTIN BUREAU/AFP)

 

Maurice Sinet (Paris, 31 de dezembro de 1928 – Paris, 5 de maio de 2016), ilustrador e cartunista francês, conhecido como Siné

O iconoclasta desenhista francês Siné teve uma longa trajetória repleta de polêmicas como caricaturista, como a que levou à sua demissão por antissemitismo em 2008 do “Charlie Hebdo”, para quem trabalhou por mais de 25 anos.

Foi um dos nomes proeminentes do Charlie Hebdo, de onde foi afastado em 2008 depois de ser acusado de antissemitismo, fundador da revista humorística Siné Mensuel, o último projeto lançado por este colaborador histórico do jornal Charlie Hebdo, cuja direção o afastou em 2008 por causa de uma crônica considerada anti-semita.

Parisiense, filho de um ferreiro e de uma merceeira, nasceu a 31 de dezembro de 1928 em Paris. Seu pai cumpriu durante vários anos trabalhos forçados, o que provocou em Siné desconfiança do Estado, da justiça e da polícia.

Aos 14 anos, começou a estudar desenho e maquetes e, desde muito cedo quis se dedicar à ilustração de imprensa, embora durante um tempo, no final dos anos 1940, tenha trabalhado como cantor em um grupo de cabaré.

Publica o seu primeiro desenho em 1952 no jornal France-Dimanche e, três anos depois, recebia o grande prêmio do humor negro pela sua obra Complainte sans paroles.

E a partir de 1959 começa a desenhar os famosos gatos que se tornaram a sua imagem de marca. Sempre muito interessado em usar a sua arte para intervir politicamente, trabalhou em vários jornais, incluindo L’ExpressLe MondeLibération ou L’Humanité, e fundou ele próprio diversas revistas, a começar por Siné Massacre, em 1962, da qual só saíram sete números.

Em 1962, junta-se ao L’Express, tornando-se cartunista de temas políticos na revista, onde seu tom provocou algum choque com o diretor da publicação, Jean-Jacques Servan-Schreiber (1924-2006).

Em 1974 integra a equipe fundadora do Charlie Hebdo, onde trava relações de amizade com cartunistas como Wolinski, Gébé ou Willem, iniciando uma colaboração de vinte anos, abruptamente interrompida em 2008, quando o então diretor Philippe Val o despediu, acusando-o de ter assinado uma crônica anti-semita.

Em causa estava um texto em que Siné criticava o trajeto político de Jean Sarkozy, filho do então Presidente da República Nicolas Sarkozy, ironizando com a eventualidade de este se converter ao judaísmo antes de se casar com a filha do fundador da empresa multinacional de eletrodomésticos Darty.

O afastamento de Siné do Charlie Hebdo – um jornal que já então não tinha pruridos em satirizar violentamente o islamismo – provocou uma viva polêmica em França, com Val a ser acusado de ter usado um pretexto para afastar um colaborador histórico da publicação com o qual nunca tivera boas relações. Val argumentou que o texto de Siné sugeria uma relação entre a conversão ao judaísmo e o sucesso social, o que considerava inaceitável.

A Liga Internacional Contra o Racismo e Anti-Semitismo (LICRA) processou Siné, que foi absolvido em 2009 por um tribunal que lhe reconheceu “o direito à sátira”. Em contrapartida, as Éditions Rotatives, que publicam o Charlie Hebdo, foram condenadas no final de 2010 a pagar 40 mil euros a Siné por rompimento abusivo de contrato. Recorreram da sentença e viram o Tribunal da Relação de Paris confirmar a decisão da primeira instância e aumentar a indemnização para 90 mil euros.

 

SINÉ

SINÉ

 

Do capitalismo às religiões, muitos foram os temas da sua pena mordaz. Em 2008, acusado de antissemitismo, foi afastado do Charlie Hebdo pelo diretor Phillipe Val. Na origem esteve a crônica em que Siné imaginou, ironizando, a conversão ao judaísmo do filho do então Presidente francês ,, antes de se casar com a filha do fundador dos armazéns Darty.

Foi acusado de “incitação ao ódio racial” pela Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo, mas a justiça francesa ficou do seu lado, declarando que se tratava de uma sátira e não de uma demonstração de antissemitismo. Foi depois deste caso que dividiu os franceses que, em 2011, fundou o seu Siné Mensuel, publicação que atravessou sérios problemas de financiamento.

Entre os seus inúmeros trabalhos ao longo dos anos, Siné representou a revolução portuguesa do 25 de abril de 1974, numa das ilustrações, vê-se um homem revestido de cravos, portando uma arma.

Siné morreu em 5 de maio de 2016, aos 87 anos, no hospital Bichat, em Paris, na sequência de uma intervenção cirúrgica.

O cartonista exprimia já o pressentimento da morte próxima na quarta-feira, no site da Siné Mensuel, através de um texto intitulado Ça m’énerve grave (“Isto enerva-me muito”). “Desde há algum tempo eu não penso senão no meu desaparecimento próximo, até iminente, e sinto a morte a girar e mexericar à minha volta sem parar, como um porco trufeiro.”

Há alguns anos, Siné comprou a sua própria sepultura, no cemitério de Montmartre, em Paris. Segundo Le Monde, nela vê-se um cato em forma de manguito e um epitáfio onde se lê:Mourir? Plutôt crever! (expressão que dá nome ao documentário de 2010 sobre ele, de Stéphane Mercurio).

(Fonte: http://www.dn.pt/artes – DIÁRIO DE NOTÍCIAS – ARTES/ Por Mariana Pereira – 5 DE MAIO DE 2016)

(Fonte: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia – CULTURA ÍPSILON – NOTÍCIA – 05/05/2016)

(Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2016/05 – POP & ARTE – Da EFE – 05/05/2016)

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