Marlene, uma das maiores estrelas da era de ouro do rádio brasileiro

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Marlene (São Paulo, 22 de novembro de 1922 – Rio de Janeiro, 13 de junho de 2014), uma das maiores estrelas da era de ouro do rádio brasileiro

 

De família de origem italiana, a paulistana Victoria Bonaiutti de Martino, nascida em novembro de 1922, ingressou no meio artístico contra a vontade dos pais em 1940, na Rádio Tupi de São Paulo. Em 1943, mudou-se para o Rio, onde passou a atuar nos cassinos Icaraí e da Urca. Com o fechamento dos cassinos, foi trabalhar nas emissoras de rádio da então capital federal.

 

Na Rádio Nacional, em que estreou em 1948, no Programa César de Alencar, Marlene alcançou imenso sucesso popular e protagonizou uma disputa com a maior estrela da emissora na época, a cantora Emilinha Borba. O auge da disputa, que mobilizava os fãs-clubes das duas cantoras, foi a votação da Rainha do Rádio de 1949, vencida por Marlene de forma espetacular, com o apoio publicitário de uma fábrica de bebidas.

Ele então ganhou um programa exclusivo na Nacional, Duas Majestades, e uma participação no Programa Manoel Barcelos. A rival Emilinha, por, sua vez, era a estrela exclusiva do Programa César de Alencar.

Intérprete de sucessos como Lata d’Água na Cabeça, Zé Marmita, Sapato de Pobre, Que nem Jiló e Mora na Filosofia, Marlene ambicionava mais do que ser a cantora de sambas e marchas populares durante o período carnavalesco.

Além dos discos em 78 rotações, gravou, a partir de 1956, mais de 30 LPs, entre eles uma série, em 1968, para o Museu da Imagem e do Som (MIS), em que revivia a história do carnaval. Um de seus últimos trabalhos foi o CD e DVD Marlene, a Rainha e os Artistas do Rádio, gravado no histórico auditório da Rádio Nacional e lançado em 2007.

Com o então marido, o ator Luís Delfino, passou a contracenar na Nacional no programa Marlene, meu Bem. Atuou também no teatro musical, fazendo turnês por todo o país, no teatro dramático, onde se destacou em 1973 na peça Botequim, de Gianfrancesco Guarnieri, e no cinema, tendo participado de 11 filmes, entre 1944 e 1982.

Teve destaque internacionalmente nos anos 1950, com turnês pela América do Sul, pelos Estados Unidos e na França, onde cumpriu temporada de quatro meses no Teatro Olympia, em Paris, a convite da cantora Edith Piaf, que a conheceu no Brasil.

A cantora Marlene morreu em 13 de junho de 2014, no Rio de Janeiro, aos 89 anos. A artista estava internada na Casa de Portugal, no Rio Comprido, zona norte da capital fluminense, onde sofreu falência múltipla dos órgãos. 

 

(Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/?Noticia=528029 – Arte & Agenda > Variedades > Música – 13/06/2014)

 

 

 

 

 

 

 

 

Foi um dos grandes sucessos populares de todo o país

Em 1959 o prestígio da cantora Marlene, era para os milhares de ouvintes dos seus programas na Rádio Nacional, a maior cantora do Brasil. Também já foi a mais criticada pela imprensa, que fazia questão de associá-la à imagem pejorativa das macacas de auditório. Elas brigavam – às vezes até a tapas com o fã-clube de Emilinha Borba, que costumava cantar nos mesmos programas. Essa rivalidade e a histeria dos espectadores ajudaram o sucesso de Marlene. Mas, por esse mesmo motivo, as fãs, seu público de faixas e cartazes, brigas e desmaios, receberam o apelido de “macacas”, dado por um jornalista. Foi também o início do declínio: a Rádio Nacional proibiu os programas de auditório e o prestígio de Marlene começou a cair.

Uma das poucas cantoras brasileiras a se apresentarem no Teatro Olympia de Paris. Chegou a abandonar definitivamente o rádio em 1967, quando as críticas lhe tiraram a confiança no valor de seu trabalho.

De Vitória a Marlene – Vitória Bonaiuti, uma menina de catorze anos, magrinha e muito agitada, apareceu em 1937 num programa da Rádio Bandeirantes de São Paulo. Queria cantar, mas precisava de um nome – a mãe italiana, de educação cristã rigorosa, não podia saber que havia uma artista na família. Nasceu Marlene. Um curto começo de carreira: estudava num colégio interno e só era possível escapar nas férias.

A oportunidade de cantar surgiu realmente algum tempo depois, quando saiu do internato e foi trabalhar na venda de seringas de porta em porta. Acabou demorando-se mais numa delas, a da Rádio Tupi de São Paulo, onde decidiu fazer um teste. Cantou três músicas – um samba, uma valsa e um samba-canção – e foi logo parovada.

Começou a trabalhar sem contar à família; estava então com quinze anos. Estranhando suas faltas na escola, seu tio acabou indo encontrá-la cantando na rádio. A surra que levou em casa obrigou Marlene a uma decisão drástica. Escreveu para um empresário, conseguiu um contrato no Rio de Janeiro, fugiu de casa. “Queria ser cantora de qualquer maneira”.

 

Rio difícil – O começo no Rio de Janeiro foi difícil. Menor de idade, sozinha, lutou alguns anos até conseguir um contrato no Cassino da Urca. Só então escreveu para a irmã em São Paulo. A resposta veio pronto. E no dia seguinte sua mãe estava na plateia assistindo ao seu show. Dona Antonieta Bonaiuti, diaconista na Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo, a partir desse dia entrou no fã-clube de Marlene.

Além de sua mãe, a quem recorria nas horas difíceis, Marlene atribuiu seu sucesso ao incentivo do produtor Caribé da Rocha. Ele descobriu a crooner da orquestra do Copacabana Palace – “uma moça agitada, que mexia muito com as mãos” – e resolveu transformá-la em estrela, levando-a para a Rádio Nacional em 1949.

 

Emilinha Borba era dona absoluta do sucesso e, com a vinda de Marlene criou-se a rivalidade simulada que trouxe sucesso para ambas. “Na verdade sempre me dei muito bem com a Emilinha e quando a fila do programa dobrava a esquina nós duas ficávamos contentes.”

 

É a maior – Dos auditórios lotados com Emilinha Borba aos shows nas Américas e Europa, para Marlene foi “apenas uma questão de apanhar mais um avião”. Ela dava pouca importância aos convites que recebia na época. Chegou  a cantar – sem muita divulgação – no Olympia de Paris, a convite da cantora Edith Piaf, e depois apresentou-se para os duques de Windsor em Cannes, sem se importar com o título que lhe deram na Europa de “rainha do samba da Argentina”.

 

(Fonte: Veja, 5 de novembro de 1969 – Edição 61 – MÚSICA – Pág: 72)

 

 

 

 

 

 

 

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