Marcos Rey, escritor, publicitário, redator de rádio e televisão, era um talento múltiplo

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Marcos Rey: ritmo de trabalho prodigioso, apesar das seqüelas da doença

Escritor, publicitário, redator de rádio e televisão, Marcos Rey (São Paulo, 17 de fevereiro de 1925 -— São Paulo, 1° de abril de 1999), era um talento múltiplo. Escrevia de roteiros de pornochanchada a obras infanto-juvenis. Seus quarenta livros venderam mais de 5 milhões de exemplares.

Entre seus romances, quase todos ambientados em São Paulo, destacam-se Memórias de um Gigolô, adaptado para uma minissérie da Rede Globo em 1986, O Enterro da Cafetina e Um Gato no Triângulo – que ao ser publicado, em 1953, mereceu uma crítica elogiosa do modernista Oswald de Andrade, de quem se tornou amigo.

Boêmio inveterado, amigo dos destilados escoceses, o autor paulista circulava da mais chique roda intelectual ao mais sórdido inferninho. Só esses fatos bastariam para qualificar o romancista do recentemente relançado Café na Cama como um grande personagem para uma biografia.

Marcos Rey nasceu Edmundo Donato, em São Paulo, em 1925. O pseudônimo literário pode ter sido adotado para burlar a draconiana vigilância do Departamento de Profilaxia da Lepra (DPL). Diretor de redação de Veja São Paulo – na qual, aliás, Marcos Rey foi cronista.

Especialmente em São Paulo, onde o DPL era mais bem estruturado e mais poderoso que nos demais Estados, as vítimas de hanseníase recebiam um tratamento policialesco. A política de internação compulsória, que vigorou até 1967, foi mais dura nos anos 30 e 40, quando os doentes eram confinados em asilos-colônia – verdadeiros campos de concentração sanitários. Edmundo Donato foi preso em 1941.

Perdeu os melhores anos da adolescência em leprosários do interior de São Paulo, até fugir do sanatório Padre Bento, em 1945. Buscou refúgio no Rio de Janeiro, onde viveu na Lapa, velho reduto da malandragem carioca. Embora tenha sido fundamental para a composição de romances como Memórias de um Gigolô, a temporada carioca durou só catorze meses. A paisagem de Marcos Rey era São Paulo, cidade onde ambientou a maioria de seus livros.

Atuando em várias frentes ao mesmo tempo, o autor tinha de ser ágil. A hanseníase deixou suas mãos parcialmente imobilizadas, mas isso não o impediu de ser um datilógrafo prodigioso. Maldição e Glória quase poderia ser uma daquelas edificantes histórias de superação pessoal. Mas o personagem, bom de copo e dono de um humor ferino, felizmente não se presta a mártir.

As páginas mais divertidas da biografia escrita são estreladas por esse farrista impagável. As mais perturbadoras revelam um segredo – o estigma de Edmundo Donato, que Marcos Rey escondeu até a morte.
(Fonte: Veja, 30 de junho de 2004 – Edição 1860 – LIVROS/ Por Jerônimo Teixeira – O segredo de Marcos Rey/ Por Carlos Maranhão)

 

 

Marcos Rey (São Paulo, 17 de fevereiro de 1925 – São Paulo, 1° de abril de 1999), escritor paulista.
(Fonte: Zero Hora –- ANO 49 -– N° 17.297 -– Almanaque Gaúcho/ Por Ricardo Chaves -– 16 de fevereiro de 2013 – Pág; 46)

(Fonte: Veja, 16 de abril de 1980 – Edição 606 – LIVROS/ Por Geraldo Galvão Ferraz – Pág: 72)

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