Marcel Carné, cineasta francês que conheceu a fama nas décadas de 30 e 40

0
Powered by Rock Convert

 

 

 

 

Marcel Carné (18 de agosto de 1906 – Paris, 31 de outubro de 1996), cineasta francês que conheceu a fama nas décadas de 30 e 40. Carné dirigiu O Boulevard do Crime, de 1945, considerado um clássico do cinema europeu.

Carné ficou conhecido por criar, em conjunto com o poeta Jacques Prévert, o “realismo poético” no cinema, antes de ingressar no realismo fantástico.

Filho de um carpinteiro, Carné começou a trabalhar em cinema como assistente de direção de Jacques Feyder (1885-1948) e René Clair (1898-1981).

Sua imagem é associada sobretudo a seus filmes da época da Segunda Guerra Mundial, como “O Boulevard do Crime” (1945) e “Os Visitantes da Noite” (1942), em que por vezes se vêem metáforas de uma atitude de resistência face à ocupação de seu país pelos nazistas.

Não é bem assim. Mas, teria Carné o grande talento que, com frequência, se atribui a ele? Carné fica atrás de Marcel L’Herbier, Jean Renoir, Max Ophuls, René Clair, Jean Grémillon, para ficar com alguns grandes cineastas franceses ou de expressão francesa da época.

Era um cineasta exato, aplicado, com sentido de espetáculo, e sobretudo sua colaboração com o poeta (e no caso roteirista) Jacques Prévert rendeu momentos belíssimos. Mas faltava a Carné a capacidade de criar imagens mais variadas e imaginativas para ser considerado, em definitivo, um realizador do primeiríssimo time.

Há fraquezas profundas em “O Boulevard do Crime”. Por exemplo, Arletty era uma atriz inadequada para o papel principal: tinha idade demais para fazer a bela jovem desejada por todos.

A razão por que o papel foi para Arletty é a seguinte: ela esteve desde o início envolvida com o projeto, foi essencial para que se levantasse o dinheiro necessário à realização do filme. Não podia, portanto, ser descartada.

Ao historiador Christian Gilles, seu biógrafo, Arletty contou que, para Carné, todo dinheiro era bom, quando se tratava de fazer um filme, mesmo que fosse dos nazistas.

Não é exatamente um crime. Mas há uma ambiguidade a ser lembrada, na produção francesa da guerra, a do “realismo fantástico”. Era, sim, um cinema de metáfora, que recorria ao fantástico para falar das aflições da Ocupação.

Mas era um cinema consentido, não de resistência. Os nazistas foram forçados a deixar a indústria francesa funcionando, em função da não aceitação dos filmes alemães pelo público local.

Daí derivou uma produção surpreendentemente grande (e significativa). Talvez tenha sido esse o grande momento de Carné. 

 

Carné morreu no dia 31 de outubro, aos 87 anos, no Hospital Clamarc, em Paris.

 

(Fonte: Veja, 6 de novembro de 1996 – Edição 1469 -– Datas -– Pág; 138)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/01/ilustrada/10 – INÁCIO ARAUJO/ ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – 1 de novembro de 1996)

 

 

 

 

 

 

Powered by Rock Convert
Share.