Manabu Mabe, pintor japonês, um dos artistas plásticos brasileiros de maior expressão internacional

0
Powered by Rock Convert

Mabe: sucesso internacional e alta cotação

Mabe: o caminho da fama passou pelo cafezal em Lins.

Manabu Mabe (Udo, 14 de setembro de 1924 – São Paulo, 22 de setembro de 1997), pintor japonês, um dos artistas plásticos brasileiros de maior expressão internacional. Os quadros abstracionistas de Mabe eram conhecidos por suas cores vivas, dimensões (o pintor considerava ideais as telas com 1,80 por 2 metros) e preços (alguns trabalhos seus foram vendidos por 90 000 dólares). Vencedor em 1957 do Prêmio Melhor Pintor Nacional, da Bienal de São Paulo, e da Bienal dos Jovens de Paris, em 1959, desde a década de 40 morou no bairro Jabaquara, onde se concentra uma das mais densas colônias japonesas de todo o Brasil. Chefiou um grupo de artistas plásticos vindos do Japão e que se estabeleceram na vizinhança, formando com ele o “quadrilátero nipônico das artes plásticas” – os pintores Wakabayashi e Nomura e o escultor Tsuchimoto. Sua casa, quartel-general das reuniões do grupo convocado para conversar sobre arte e disputar partidas do antigo jogo chinês “majon”, é um encontro Brasil-Japão. Mabe é mundialmente conhecido e tem uma cotação internacional alta. De Quioto, de Tóquio, de Yokohama chegam-lhe cartas pedindo para “apadrinhar” emigrantes que deixam o Japão.

Do cafezal ao cavalete – Manabu Mabe expôs uma exposição em Houston, Texas, seus quadros têm títulos poéticos – “Fusão na Tarde”, “Voz do Outono”, “Deslumbramento” -, e continuam a recusar a técnica ou os temas da arte op ou pop. Antes da pintura ele conheceu a lavoura e o comércio. Com dez anos de idade veio para o Brasil com seus pais, para trabalhar nos cafezais, perto de Lins, no interior do Estado de São Paulo. Assim passou 23 anos. Entre uma e outra tarefa, improvisava um cavalete e pintava. Sua arte, como o café, nasceu da terra roxa: “A minha pintura é essencialmente brasileira, começou no meio do jogo das peneiras, na abanação do café, ou quando éramos obrigados a dormir no cafezal, temendo a geada que queimava tudo quando o dia amanhecia. Saindo de uma terra fechada, como é o arquipélago japonês, a amplidão e a realidade brasileiras mexeram com Mabe.

“Como o rato do campo” – A geada venceu, o pai morreu ainda moço. Mabe, pobre mas já certo de sua vocação, foi para a cidade grande. São Paulo. Fazia gravatas por um processo japonês especial, e as vendia nas esquinas. Depois, em companhia de outros artistas japoneses – Takaoka, Handa, Aki -, foi a pé até o Rio de Janeiro para estudar. Para sobreviver como artistas, em 1935 fundaram o Grupo Seibi, em São Paulo, idealizado pelos pintores Tanaka e Handa e o poeta Furuno. Desde então, o Seibi revelaria desde Takaoka até Flávio Shiró (mais tarde radicado em Paris). Nestes dias o Grupo Seibi realiza seu 12.° Salão no Centro Cultural Brasil-Japão, em São Paulo. O período de incertezas passou. E Mabe gosta da tranquilidade quase roceira do Jabaquara (“sou como o rato do campo”), que lhe permite morar na cidade grande sem perceber. Mabe faleceu dia 22 de setembro de 1997, aos 73 anos, de infecção generalizada, em São Paulo.

(Fonte: Veja, 11 de setembro de 1968 – Edição n.° 1 – ARTE – Pág; 122/123)
(Fonte: Veja, 1° de outubro de 1997 – ANO 30 – N° 39 – Edição n.° 1 515 – DATAS – Pág; 102)

Powered by Rock Convert
Share.