Madalena Nicol (São Paulo, 1921 – São Paulo em 1978), veterana atriz, diretora e produtora do teatro brasileiro
A atriz Madalena Nicol foi um dos grandes nomes do teatro brasileiro nas décadas de 1940 e 1950. Foi também uma das primeiras atrizes a estrelar teleteatros na TV Tupi.
No Grande Teatro Tupi ela dirigiu “Antes do Café” e “A Voz Humana”. Em 1952 ela se transferiu para a TV Paulista e criou o Teatro Madalena Nicol, que ficou no ar até meados da década de 1950.
Em 15 de maio de 1978, aportou nos Estados Unidos, onde foi convidada para dirigir duas peças e para lecionar em Houston, no Texas. Ao contrário de outros artistas brasileiros, não se tratava, para Madalena Nicol, de uma esperançosa aventura em busca do reconhecimento internacional. Tendo vivido e trabalhado durante dois anos em Paris e quinze em Londres, entre 1954 e 1971, ela já obteve, esse reconhecimento.
Fora do TBC
Embora, Madalena, nascida Mendes Cajado em São Paulo que, em determinado momento, se ligou intimamente à própria história do teatro nacional. Foi Madalena, com efeito, quem, ao lado de Décio de Almeida Prado (1917-2000) e Abílio Pereira de Almeida (1906-1977), ajudou a fundar em São Paulo, em 1948, o fecundo TBC – Teatro Brasileiro de Comédia.
Tinha, então, pouco mais de 20 anos e era desquitada de um escocês de quem teve dois filhos e conservou o sobrenome. Pouco haveria de durar, no entanto, sua experiência no TBC.
Ela conta: “A primeira peça que dirigi foi ‘A Ingenuidade’, com Cacilda Becker no papel principal. Mas depois disso ela ficou grávida e Madalena passou a estrelar todos os espetáculos do TBC. Certamente Cacilda não gostou – e, por causa de uma intriga sua, foi expulsa.”
Foi em fins de 1949, e durante os cinco anos seguintes Madalena trabalhou em outras companhias, fundou seu próprio grupo, criou uma escola de arte. Em 1954 viajou para a França, onde estudou e trabalhou com Jean-Louis Barrault (1910-1994). Mais tarde, passou a viver em Londres, onde estreou com “Yerma” (1957), de García Lorca, no Art Theatre. A partir de então trabalhou e estudou com os professores da reputada Royal Academy of Dramatic Art.
Decepção e partida
Coincidência ou não, Madalena só voltou ao Brasil depois da morte, em 1969, de Cacilda Becker. “Fui voltando aos poucos”, disse ela. Primeiro em 1970, quando veio visitar parentes e acabou fazendo “Macbeth” com Paulo Autran, um velho amigo.
Dirigiu a estreia do ator Paulo Autran, iniciada com a peça Esquina Perigosa (1947) no Teatro Municipal de São Paulo em um momento em que surgia um forte movimento de renovação no teatro brasileiro.
Depois, em 1971, também a convite dele, para interpretar “Assim É, Se lhe Parece”, de Luigi Pirandello (1867-1936). Mas a partir de 1973, quando produziu e dirigiu “O Carrasco do Sol”, de Peter Schaeffer (1926-2016), só conheceu fracassos.
“Perdi tudo o que tinha e o que não tinha.” Mesmo assim continuou tentando – com “O Jogo do Poder”, em 1974, “O Duelo”, em 1975, e “Concerto n° 1 para Piano e Orquestra”, contracenado com Regina Duarte, em 1976 – e se decepcionando.
Em 1977, partiu para um espetáculo didático, onde aparecia sozinha interpretando trechos de Shakespeare, poemas de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, e um monólogo de Eugene O’Neill.
(Fonte: Veja, 3 de maio de 1978 – Edição 504 – TEATRO – Pág: 101)
(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/teatro – NOTÍCIAS – TEATRO – CULTURA / Por Agencia Estado, 21 Junho 2007)