Lúcio Flávio Vilar Lírio, bandido que especializou-se em roubo de carros e assalto a bancos

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Lúcio Flávio, o bandido que virou lenda e ajudou a desmontar o Esquadrão da Morte

“Lúcio Flávio” e o “esquadrão da morte”, onde o certo e o torto se confundem

O assaltante Lúcio Flávio Villar Lírio dá entrevista após uma de suas várias prisões Arquivo / Agência O GLOBO

O assaltante Lúcio Flávio Villar Lírio dá entrevista após uma de suas várias prisões (Foto: Arquivo / Agência O GLOBO)

Lúcio Flávio Vilar Lírio (Belo Horizonte, 1944 – Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1975), bandido que especializou-se em roubo de carros e assalto a bancos.

Assaltante com penas que ultrapassavam mais de cem anos, Lúcio Flávio Villar Lírio tornou-se o mais famoso marginal da crônica policial brasileira entre os anos 60 e 70. De classe média, boa aparência, articulado, violento e de inteligencia acima da média (131 de QI), destacou-se na mídia da época. Iniciou suas atividades criminosas como ladrão de carros, praticando ainda assaltos a bancos, joalherias e homicídios. Sua fama aumentou ainda mais pelas constantes fugas espetaculares de diversas prisões e por ajudar a desmantelar o Esquadrão da Morte, organização que reunia justiceiros que perseguiam e matavam supostos criminosos, atuando no Rio de Janeiro e, posteriormente, em outros estados.

Sua vida inspirou diversas obras, entre elas “Lúcio Flávio, o passageiro da agonia”, de José Louzeiro, baseada em depoimento a um policial pouco antes de morrer, em 29 de janeiro de 1975, esfaqueado por um companheiro de cela, aos 31 anos. O livro foi transformado em filme de mesmo nome em 1977, com Reginaldo Faria sob a direção de Hector Babenco.

Lúcio Flávio dizia que se tornara bandido em 1968, depois de ter sua candidatura a vereador em Vitória, no Espírito Santo, interrompida pelo golpe militar de 64. Colecionava 32 fugas, 73 processos e 530 inquéritos por roubo, assaltos e estelionato. Uma de suas frases mais famosas é “Polícia é polícia, bandido é bandido. Não devem se misturar, igual água e azeite”, numa alusão aos policiais corruptos com os quais costumava lidar.

Ele cometeu crimes no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e Brasilia e atuou ao lado de alguns dos mais perigosos bandidos da época, como o irmão Nijini Renato, o cunhado Fernando C. O., Liéce de Paula e Armando Arêas Filho.

O bandido que citava filósofos e lia Fernando Pessoa na prisão foi a principal testemunha nas investigações sobre a atuação do Esquadrão da Morte, ajudando a desmantelar a organização criminosa e tendo denunciado policiais como o detetive Mariel Mariscot de Mattos, que teve uma trajetória no crime quase tão espetacular quanto a de Lúcio Flávio, glamourizada pelo envolvimento com mulheres bonitas, como as atrizes Elsa de Castro e Darlene Glória e a modelo Rose di Primo.

Lúcio Flavio Vilar Lírio nasceu na capital mineira em 1944. Mas foi no Rio, morando em Bonsucesso que se especializou em roubo de carros e assalto a bancos. Liderava uma quadrilha formada pelo irmão Nijini, o cunhado Fernando C.O. e o amigo Liece de Paula, associava-se a policiais e atuava em todo o país.

Altamente articulado e considerado o mais alto QI da marginalidade carioca, em doze anos de carreira no crime, com mais de quinhentos processos, quase cem anos de penas de detenção, destacou-se também pelas fugas espetaculares. Ao todo, chegou a escapar de 16 penitenciárias. “Sou bandido porque gosto”, dizia sempre perante à Justiça, acostumado a assumir a culpa dos crimes que praticava.

A trajetória de Lúcio Flávio no crime organizado, aliada à sua condição de testemunha-chave num processo envolvendo integrantes da própria Polícia e às contradições no depoimento de Mário Pedro foram aspectos extremamente contrastantes às circunstâncias excessivamente banais apresentadas na versão oficial de sua morte.

O assassino de Lúcio Flávio logo teria o mesmo destino, assassinado por outro preso, que por sua vez, também seria assassinado dentro da prisão.

Em 1977, O cineasta Hector Babenco lançou o filme Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia, baseado no livro homônimo do escritor José Louzeiro, vencedor de quatro Kikitos de Ouro no Festival de Gramado de 1978, nas categorias de Melhor Ator (Reginaldo Farias), Melhor Ator Coadjuvante (Ivan Cândido), Melhor Fotografia e Melhor Edição.

Poesia e assassínio – O centro de tudo isso, não poderia ser uma personalidade comum – e Lúcio Flávio, o bandido, foi bem mais que um marginal de sucesso. Filho de uma família da classe média (o pai Oswaldo, funcionário público, trabalhou como cabo eleitoral de Juscelino Kubitschek), teve opções na vida. “Ele podia pintar quadros e lia Fernando Pessoa na prisão”, conta o escritor José Louzeiro, autor do livro no qual o filme se baseia. “O Passageiro da Agonia”, lançado em 1975. Não foi apenas por uma questão de carisma que Lúcio Flávio chegou a liderar uma quadrilha de cinquenta elementos, dos quais 49 foram mortos. Ele era um assassino frio e extremamente violento.

Lúcio Flávio morreu aos 31 anos, em janeiro de 1975, assassinado num presídio do Rio de Janeiro.

Uma facada no pescoço, que seccionou a carótida, e vários ferimentos no peito, mataram, na madrugada, o criminoso Lúcio Flávio, 31 anos, na cela 7 da galeria D do presídio Hélio Gomes, no Rio de Janeiro. O assassino, outro detento, Mário Pedro da Silva, alegou legítima defesa. Lúcio Flávio e Mário teriam brigado após uma roda de carteado.

Prestes a dar um novo depoimento à Justiça, Lúcio Flávio era a principal testemunha nas investigações sobre as atividades exercidas pelo Esquadrão da Morte no estado. Com sua ajuda, foram condenados vários policiais, a começar por Mariel Mariscotte, acusado por ele de participação no Esquadrão da Morte, e de liderança em outra organização, de estelionato e roubo de automóveis.

(Fonte: Veja, 8 de março de 1978 – Edição 496 – CINEMA – Pág: 64/65)

(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com  – FATOS HISTÓRICOS/ Por Matilde Silveira – PAÍS – 24/09/13)

(Fonte: http://www.jblog.com.br/hojenahistoria – 29 de janeiro de 1975: O assassinato do Bandido Lúcio Flávio/ por: Lucyanne Mano – 29/01/2012)

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